Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Laços de amizade

Empresa de tênis customizados completa dois anos este mês com sucesso garantido graças à parceria de três amigos

A inauguração da empresa de customização de tênis MUV Shoes estava marcada para novembro de 2010. Cinco meses antes, os amigos de infância Miguel Marinho, 26 anos, e Vinicius Matteo, 25, decidiram colocar em prática a ideia que já tinham na cabeça há algum tempo. Durante o planejamento, no entanto, enfrentaram várias barreiras. A principal delas foi encontrar a maneira ideal de imprimir o padrão desenhado nos tênis e fechar contratos com as fábricas. O sonho de inaugurar o negócio precisou ser adiado por um ano e só se concretizou em novembro de 2011. Nesse processo, convidaram o designer Gabriel Lira, 25, para fazer parte da sociedade e fecharam a parceria ideal para impulsionar a produção. Hoje, os três jovens empresários que começaram do zero vendem, em média, 500 pares de sapato por mês e estimam o faturamento deste ano em R$ 650 mil.


;Eu e o Vinicius nos conhecemos aos 2 anos de idade e, desde pequenos, falamos em abrir o próprio negócio. Quando surgiu essa ideia começamos a pensar em algo para daqui a dez anos. Mas a gente foi se apaixonando pela ideia. Aí, chegou um momento em que decidimos que estava na hora. ;Vamos investir, aproveitar que estamos novos;, pensamos;, conta Miguel. A visibilidade alcançada por causa da participação em eventos de moda, principalmente no Fashion Rio, foi essencial para o sucesso da iniciativa. No início, eles comercializam apenas 80 produtos. A solução que encontraram para customizar os calçados não permitia uma produção maior: eles colavam adesivos com as estampas nas peças, o processo era quase artesanal. Agora, conseguiram desenvolver uma nova técnica que permite imprimir o padrão direto no tecido e terceirizar o serviço de confecção. Por meio do site, os clientes podem montar o próprio tênis, escolher o modelo, a cor do cadarço e a estampa. As coleções também são vendidas em algumas lojas da cidade.


Uma das maiores dificuldades foi encontrar fábricas que aceitassem o nível de exigência dos empresários. Muitas delas recusaram produzir os calçados pelo fato de os pedidos serem pequenos, e a legislação brasileira não permite que esses produtos sejam exportados ou produzidos fora do país. ;Nós rodamos o Brasil todo, nos polos de calçado, para encontrar o local ideal;, relata Gabriel. Finalmente, eles acharam duas que aceitaram o trabalho, uma em São Paulo e outra no Sul do país. Os três viajam constatemente para os dois estados para ter certeza de que todos os detalhes vão atender o padrão de qualidade da empresa.

Confiança

O negócio deu certo graças às características de cada um dos sócios. Miguel traz a experiência do curso de administração, Gabriel foi o responsável por toda a identidade visual da marca e Vinicius cursou marketing e aprendeu os segredos da parte financeira com a família de empreendedores. ;Trabalhei na empresa do meu irmão durante muito tempo, era gerente financeiro dele. Depois, fui trabalhar com a minha irmã. Eu aprendi muito com eles e queria ter num negócio meu, para produzir algo que causasse uma diferença no mundo e, quando eu parasse de trabalhar, isso ficasse marcado para sempre;, relata Vinicius. Agora, todos os três dominam um pouco de cada área e podem confiar um no outro para exercer diferentes tarefas.


A confiança é importante para manterem a organização da empresa. Os três trabalham das 9h30 à 1h, quase diariamente. O único descanso vem nos fins de semana e nas últimas horas da sexta-feira. Mesmo assim, quando há algum evento no sábado ou do domingo, pelo menos um deles estará lá também para controlar a divulgação da marca. ;Ainda podemos nos dar a esse luxo. Podemos estar em todos os lugares, então, não abrimos mão de controlar tudo de perto;, ressalta Gabriel.
A dica dos empresários para quem pretende abrir um empreendimento é não desistir diante dos problemas e buscar as soluções durante o processo. ;Não tenha medo de testar. O produto nunca vai estar perfeito, é preciso colocar no mercado para fazer melhorias a partir dessa experiência;, aconselha Miguel.