Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Os primeiros passos

Disciplinas da Universidade de Brasília oferecem aos estudantes oportunidade de chegar ao mercado com soluções criativas e domínio de planos de negócios

Viver das próprias ideias, ter salários maiores e liberdade de horário são atrativos para aqueles que desejam se tornar empreendedores. Com o intuito de aproximar o ambiente acadêmico das experiências reais de mercado e aproveitar o interesse que os alunos de graduação e de pós têm em desenvolver essas habilidades, aulas voltadas para a criação de negócios próprios têm chamado a atenção nos centros de ensino superior do país.

Projetadas para trabalhar o espírito empreendedor entre os alunos de diversos cursos, as disciplinas do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB), por intermédio da Escola de Empreendedores (Empreend), funcionam como plataformas para capacitar os futuros empresários. Atualmente, o CDT oferece cinco disciplinas para graduação e uma para pós. A coordenadora pedagógica do centro, Karen Ferreira, explica que o objetivo das atividades é dar meios para que os estudantes de cursos que não trabalham conhecimentos voltados para negócios durante a graduação possam investir nas oportunidades que o ramo oferece. ;Procuramos tratar os conceitos dessa cultura de empreender de maneiras diferentes, para que o estudante da UnB possa voltar os conhecimentos aprendidos para a área em que estuda;, completa.

Iniciada em 1996, a disciplina de Introdução à Atividade Empresarial (IAE) se destaca como a mais antiga do grupo ; já foi ministrada para cerca de sete mil estudantes e, hoje, conta com 11 turmas por semestre. Na matéria, os alunos são instruídos a se dividirem em grupos para montar planos e estratégias para a criação de empresas. As aulas são divididas em quatro módulos em que são trabalhadas competências empreendedoras, planos de negócios, de marketing e financeiro. Durante o processo, os universitários entram em contato com o modelo teórico e prático das situações apresentadas com a ajuda de jogos, vídeos e dinâmicas. ;A proposta é que, no decorrer das aulas, os participantes possam gerar, a partir dessas orientações, planos para as empresas, que, ao término do semestre, serão apresentados em uma feira de negócios e inovação como se fossem para possíveis investidores;, descreve a coordenadora.

Além da chance de desenvolver projetos pessoais, as disciplinas para empreendedores incentivam a interação entre os participantes de cursos diferentes. Exemplo dessa troca de conhecimentos é a experiência que os cinco membros responsáveis pelo sistema Sispeed ; proposta de ponto eletrônico biométrico para o controle de horário de empregados domésticos ; tiveram durante a disciplina de IAE no primeiro semestre de 2013. Eles se conheceram durante as atividades da matéria e afirmam que a experiência ajudou a ampliar os conhecimentos a respeito do mercado de empreendedores.

Daniel Rubem, 19 anos, foi o responsável por sugerir o tema da empreitada e conta que a ideia partiu do conceito básico da disciplina. ;Na aula, são propostas soluções para os problemas do nosso cotidiano e, na época, um dos assuntos mais comentados era a PEC das Domésticas (PEC n; 480, de 2010);, relata Daniel, que estuda engenharia de produção. O estudante de ciências contábeis Loan Rodrigues, 20 anos, explica que, no início, existia o medo de investir em algo que poderia não dar certo, mas esse pensamento perdeu força com o passar do tempo. ;Durante as aulas, foram apresentados modelos de planos de negócios e o apoio dos professores serviu como incentivo para seguir em frente;, diz o estudante.

Investimento

O esforço e a dedicação dos integrantes ao Sispeed não passaram despercebidos. O potencial do projeto atraiu a atenção de um investidor autônomo durante a feira e isso estimulou a equipe a continuar nas atividades. ;Um visitante conversou conosco a respeito da iniciativa e falou que estava disposto a disponibilizar até R$ 20 mil caso o sistema se mostrasse viável;, lembra Uander Gonçalves dos Anjos, 27 anos, que faz geografia na UnB. ;Agora, vamos nos reunir para tocar o projeto em frente e não deixar que a ideia morra. Embora o Samuel e o Caio (outros dois integrantes da equipe) não estejam no Brasil, faremos o possível para refazer o nosso plano de negócio até o fim de 2013;, completa Uander.

Para ajudar na capacitação dos empresários juniores da UnB, o CDT oferece as disciplinas exclusivas de empresa júnior 1 e 2 para quem tem vínculos com essas modalidades. Consideradas escolas de empreendedorismo, as empresas juniores têm o objetivo de colocar em prática os conhecimentos vistos em sala de aula. Vitor Almeida, 22 anos, explica que a experiência de três anos e meio na AD, empresa júnior do curso de administração da UnB, o ajudou a desenvolver a mentalidade de empreendedor e que as aulas complementam o aprendizado. ;As aulas envolvem membros de diversas empresas. Assim, ocorre a troca de conhecimentos e práticas;, conta Vitor, que atualmente ocupa o cargo de presidente institucional da AD.

Caminho próprio

Pesquisa feita pela Endeavor Brasil em 2012 com 6.215 universitários de todas as regiões do país mostrou que seis em cada 10 estudantes têm o interesse de abrir a própria empresa no futuro.