As encomendas não paravam de chegar. Karla fazia 700 doces por mês e viu que não dava mais para ficar apenas produzindo em casa. Decidiu abrir uma loja. Após algum tempo de pesquisa, encontrou um ponto no bairro Sudoeste e investiu numa grande reforma, para deixar o local com a cara que ela queria. Contratou arquiteto e pedreiros. A intenção era abrir as portas logo no início do ano, com tranquilidade para aproveitar uma das melhores épocas no ramo, a Páscoa. Mas a obra se estendeu por muito mais tempo do que a empresária esperava. Quando a Brigadeirando estreou, há um ano e três meses, tinha apenas um balcão e a força de vontade da dona, que trazia os quitutes feitos em casa para vender.
Pouco tempo depois estava, tudo no lugar. As paredes pintadas de rosa claro e com papel de parede floral expressam toda a delicadeza dos produtos comercializados. O ambiente fica completo com mesas para receber os clientes, balcão e prateleiras exibindo os produtos e, é claro, muito brigadeiro. Essa é a filosofia da loja, servir doces que tenham na receita o brigadeiro. São tortas, cupcakes, cappuccino, pães de queijo, croissants, brownies, chocolate quente e a receita original, servida também em vários formatos: de colher, enroladinho e coberto com confeitos, em marmitas, formas de noivinhos para casamentos ou panelinhas. Todos os dias da semana a loja oferece 18 sabores fixos do doce e as receitas do dia, que variam. Tem brigadeiro de escondidinho de trufa, de caipirinha, de ovomaltine, de pistache, de avelã, de pimenta, de mel com damasco e muitos outros.
Início
Antes de ter a ideia de fazer uma loja só de brigadeiros, Karla já aprimorava os dons artísticos e culinários. Tudo começou quando ela resolveu aprender a fazer noivos de biscuit para enfeitar o topo de bolos de casamento. Esculpidas nos mínimos detalhes, as peças fizeram sucesso, e encomendas chegaram até do Paquistão. Acostumada a cozinhar também os doces das festas de família, os cupcakes que fez para a festa da sobrinha chamaram a atenção de uma noiva, que pediu, além dos noivos de topo do bolo, que ela fizesse também os cupcakes para o casamento. Era um grande desafio para alguém que nunca tinha trabalhado na área, mas Karla estava disposta a enfrentá-lo. ;A noiva gostou demais e divulgou no blog dela;, conta.
No início, a empresária chegou a se preocupar com a sobrevivência da loja, mas logo no primeiro mês o empreendimento se manteve sozinho. Hoje, a empresária comercializa 6 mil doces por mês, e até o marido deixou o emprego para ajudá-la. Mas o que faz de uma receita tão comum, presente em todas as festas de aniversário infantis, ser um sucesso de vendas? ;O brigadeiro é um doce essencialmente brasileiro;, destaca Karla. Porém, o uso de ingredientes sofisticados, como o chocolate belga, dá outro nível à receita. ;Hoje, o diferencial é a qualidade do produto;, atesta. Além disso, o apelo às lembranças caseiras dos clientes, com um produto artesanal, feito com carinho e delicadeza atrai o público.
Um dos maiores desafios da empresária é o mesmo enfrentado pela maioria dos empreendedores: a falta de mão de obra qualificada. ;Prefiro contratar pessoas para eu treinar e ensinar a fazer da forma que a Brigadeirando faz;, explica. Além disso, foi difícil fechar parcerias com distribuidores no início, pois grande parte exige que a empresa tenha fechado outras compras para facilitar o pagamento.
Karla já começou a fazer pesquisas para expandir o negócio e está analisando qual será o melhor ponto para abrir uma nova loja. Também está planejando a a gestão do tempo para coordenar os dois empreendimentos, já que faz questão de acompanhar de perto a produção dos doces na cozinha. E não deixou de lado a divulgação pelas redes sociais. Os seguidores na internet ficam sabendo das novidades da loja em primeira mão e ainda têm a oportunidade de participar de promoções on-line. O objetivo da empreendedora, agora, é manter a qualidade e sempre apresentar novidades para manter a clientela fiel. ;Eu vou para minha casa e chego morrendo de vontade de fazer novas receitas. Eu me sinto realizada, amo o meu trabalho.;