A diretora de Recursos Humanos das Lojas Renner, Clarice Martins Costa, 59 anos, eleita a melhor profissional da área em 2013 pela Gestão, acredita que o sucesso de uma equipe depende do esforço coletivo dos membros e das visões estratégicas para as atividades. ;O principal é criar um sonho de futuro e acreditar nas pessoas. O que elas mais querem são desafios, assim como dar suas opiniões e serem ouvidas;, afirma Clarice, que ocupa a cadeira de diretora do setor desde 2007. Ela conta que a experiência em coordenar os grupos da empresa pelo Brasil mostrou que é preciso conhecer os colaboradores. ;Só é possível motivar quem você conhece, pois cada pessoa necessita de um tipo de apoio específico;, afirma. A gerente define como uma das principais armadilhas de coordenação de grupos tentar encontrar um culpado em caso de erro. Para ela, é preciso entender a situação antes de apontar defeitos. ;Estamos sempre aprendendo, e é preciso educar essa visão constantemente;, conta.
Outro ponto importante, segundo a professora Katia Puente-Palacios, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), é ter em mente a meta a ser alcançada. O ideal é que a escolha seja feita por especialistas da área que desenvolverá o projeto. Ainda de acordo com a especialista, a competência não é o único fator a ser analisado, a capacidade de comunicação e a maneira de lidar com o resto da equipe também influem no resultado final das tarefas. Além disso, é preciso levar em conta a vontade do participante de trabalhar em grupo. ;Muitas empresas obrigam os funcionários a trabalharem em conjunto, e isso não é bom para o objetivo do projeto. Algumas pessoas conseguem funcionar em equipe para determinadas atividades e outras se destacam quando não precisam lidar com mais integrantes para executar as funções delas. É preciso respeitar a individualidade das pessoas e o interesse em compartilhar o trabalho;, alerta Katia.
Rodrigo Fraga, 31 anos, está começando a montar uma equipe. Ele deu início à startup Sportinspot e criou um aplicativo de celular voltado para os apaixonados pelo futebol. Para Rodrigo, a decisão de reduzir o número de integrantes no projeto contribuiu para aumentar as chances de sucesso. ;A ideia era manter o processo enxuto. Quem tinha interesse teve a oportunidade de ficar, mas decidimos manter quem tinha as melhores possibilidades de ajudar no objetivo final;, explica o empreendedor, que ocupa o cargo de chefe do projeto. Exercer o papel de líder à frente do grupo é a preocupação de Rodrigo. ;Um membro da equipe vive no Rio de Janeiro e os outros são de Brasília, mas mantemos contato por videoconferência. Todos têm conhecimento de pelo menos um pouco de cada área e as decisões são tomadas em conjunto;, explica.
Algumas estratégias também são necessárias para manter o controle da situação. A gerente de Recursos Humanos da Spot Soluções, Katiane Matos, acredita que o líder precisa estar preparado para reorganizar a equipe quando for necessário. ;É importante compartilhar as informações com o grupo. Elas não podem ficar na mão de apenas uma pessoa, principalmente quando o caso for a substituição de alguém;, diz. Katiane afirma também que a figura de um membro com maior experiência profissional e de vida ajuda nas atividades. ;Uma pessoa com mais idade é importante para o grupo colocar o pé no chão e adotar práticas mais eficientes.;
Palavra de especialista
Para quem pretende montar um grupo de trabalho, primeiro, é preciso ter certeza de que se precisa de uma equipe. Será que o desafio realmente necessita de um esforço coletivo, ou pode ser alcançado sozinho? Trabalho em grupo funciona melhor quando o time pode realmente vencer. Depois, é preciso confirmar se todos os membros têm o talento necessário, inclusive a liderança certa, para alcançar esse objetivo. Após confirmar esses pontos, é preciso manter o foco no desempenho das atividades individuais e em conjunto. E, quando o trabalho não dá certo, os líderes precisam reconhecer que eles têm responsabilidade pelo o que aconteceu. Eles são os arquitetos do grupo e sempre precisam agir primeiro. Portanto, devem avaliar, de maneira realista, em quais pontos estão certos e onde estão errados. Somente quando um líder conseguir desafiar a si próprio é que poderá desafiar a equipe em busca de soluções.
Khoi Tu, autor do livro Supertimes ; Os segredos de sete equipes vendedoras para um desempenho fora de série (Companhia das Letras / 216 páginas / R$ 39,90)