Perseverança, paixão, humildade, otimismo e prudência estão entre as qualidades listadas na obra Pequeno livro das virtudes para grandes líderes. O autor, Thomaz Wood Jr., explica que ele e os coautores portugueses Arménio Rego e Miguel Pina e Cunha escolheram o conceito de virtude por se tratar de algo essencial, um traço positivo que dá fundamento ao ser que é moralmente bom e promove o bem coletivo. Para desenvolver essas qualidades, Thomaz ressalta que é preciso disciplina e determinação. ;Aprender e agir com base em virtudes pode ser difícil no início, mas a prática evolui até se tornar um hábito. Então, tudo fica impressionantemente simples;, diz. Tomar decisões sem refletir devidamente, com a desculpa da falta de tempo, é uma das atitudes que atrapalham o líder e vão contra a ideia de desenvolver virtudes. ;Muitas organizações vivem, hoje, em um ambiente de frenesi, de caos autoimposto. Penso que o aprendizado e a prática das virtudes significa parar e refletir sobre como agimos, como tomamos decisões, o que nos norteia, e quais as consequências dessas decisões, para os outros e para nós mesmos;, explica o autor.
Colaboração
;Ser bem-sucedido como gestor requer uma grande mudança para a qual a maioria não está preparada. E, ao não realizar as mudanças necessárias para exercer o novo papel, os novatos podem causar uma grande impacto, obstruindo a liderança da empresa;, destaca o CEO da consultoria LAB SSJ, Alexandre Santille. Ele afirma que tanto a empresa quanto o funcionário devem assumir essa responsabilidade e promover uma boa formação. O estudo sobre primeira gestão sugere ainda que a maior preocupação desses profissionais é ter que desenvolver pessoas, e o principal desafio, saber lidar com conflitos. A chave para solucionar o último problema, segundo Santille, é desenvolver habilidades e cuidar dos relacionamentos antes que o atrito aconteça. Para o primeiro dilema, a sugestão é ter autoconhecimento, procurar ajuda de um superior e compreender que a gestão é mais um processo colaborativo do que de controle e de autoridade.
Marcelo Silva, diretor superintendente do Magazine Luiza, resolveu contar em um livro a principal lição que aprendeu na trajetória de liderança que traçou: sempre vale a pena acreditar e apostar nas pessoas. A obra, da série O que a vida me ensinou, mostra que tratar a todos com respeito e dar atenção àqueles com quem você se relaciona é o primeiro passo para uma liderança eficaz. ;Tudo o que eu sei alguém me ensinou ; pais, professores, colegas de trabalho ; e eu procurei extrair a essência desses ensinamentos. Acho que a única coisa que vale é o relacionamento com as pessoas;, relata. Marcelo acredita que o líder é muito mais um servidor do que um demandador e precisa dar retorno aos profissionais com que trabalha o tempo todo, mantendo a transparência e a integridade. Isso não quer dizer, porém, que é preciso ser paternalista. O diretor ressalta que faz parte da atribuição apontar erros e falhas, explicando o porquê e mostrando como o trabalho deve ser feito. ;O que eu sempre entendi é que, se você conseguir ser verdadeiramente um líder, vai motivar e inspirar as pessoas. Mas, se você for simplesmente um gerente, vai apenas monitorá-las;, conclui.
Qualidades e defeitos
Pesquisa feita pela DA Consulting em fevereiro e março deste ano mapeou as quatro maiores qualidades dos executivos brasileiros e os quatro maiores defeitos deles. De acordo com o estudo, os líderes do país são criativos, sociáveis, flexíveis e otimistas. Entretanto, têm dificuldade em dizer não ou dar um retorno negativo, não conseguiram ultrapassar totalmente a barreira da língua, são voláteis e indisciplinados e subjetivos demais. A diretora da empresa, Barbara Toth, explica que, para evitar os principais defeitos de um líder, a organização precisa, inicialmente, investir no processo de seleção. ;Se a contratação do profissional for bem conduzida, identificando de forma objetiva as exigências da vaga e as aptidões essenciais desejáveis, a empresa reduzirá as chances de escolher a pessoa errada;, sugere. Segundo a especialista, se a decisão não for consciente e vinculada ao objetivo da companhia, o empregador corre o risco de perder o profissional por falta de adaptação à cultural organizacional.
Outra orientação importante, agora para os próprios executivos, é sobre o domínio do inglês. Chegar a um cargo de liderança sem dominar o idioma estrangeiro é muito difícil, principalmente em empresas de grande porte. Barbara lembra que a consultoria que dirige costuma atender clientes que exigem fluência em, no mínimo, três idiomas. ;Nos dias atuais, são poucas as opções para pessoas que não dominam o inglês, somente em estruturas locais que não têm relação com o mercado global.;
Para o autor de Não faça nada, J. Keith Murnighan, um dos grandes erros dos líderes é não saber delegar tarefas. Eles reclamam que não têm tempo o suficiente para concluir o trabalho, mas, muitas vezes, fazem mais do que precisam. O conselho pode parecer contraditório, ele alerta, mas funciona. ;Muitos membros da equipe querem mostrar ao líder o que eles podem fazer. Eles também querem aprender novas habilidades e enfrentar desafios. Gestores que acham que, para fazer uma coisa benfeita, é preciso fazer você mesmo delegam pouco e barram a chance de crescimento dos funcionários.; Dessa forma, ainda sobra tempo para planejar e organizar as ações e garantir que o comportamento da equipe esteja sob controle.
A chegada ao cargo de liderança também exige o cuidado de não confundir esse papel com a figura do chefe despreparado ou com a imagem de um herói que beira a perfeição, como lembra o diretor da empresa especializada em gestão Ventana Capital, Walter Tamaki. Ele afirma que esse profissional precisa ser a pessoa que guia, orienta e coordena um grupo. Para alcançar esse posto, três questões são fundamentais: habilidade, conhecimento técnico e atitude. ;É importante também que o líder tenha consciência de que dispõe de poder. Mesmo que em seu discurso ele não queira ser melhor do que ninguém, ele tem o poder e o dever de fazer o necessário para exercer seu papel de liderança com responsabilidade.;
O autor de Líderes não dão ordens, Ritch K. Eich, defende que uma liderança eficaz se aprende, e experiências variadas são, normalmente, as melhores lições. E a empresa depende desses profissinais em todos os níveis hierárquicos para alcançar o sucesso. Por isso, Eich acredita que todas as companhias devem ter um programa de desenvolvimento de liderança formal e contínuo, em que os gestores ensinam e treinam os colaboradores. Na opinião deles, um líder deve inspirar, construir confiança e treinar os funcionários. ;Bons líderes possuem autoconsciência e percebem que os velhos tempos de comportamento autoritário raramente funcionam hoje em dia.;