Em setembro do ano passado, a brasiliense Mariana De;Carli, 24 anos, chegou com a mãe e o irmão de Londres, onde moravam, para abrir uma loja virtual de moda feminina. ;Preferimos um site, pois é mais interessante para a liberdade do consumidor ao comprar;, conta. O maior desafio da empresária foi encontrar profissionais para trabalhar na London Republic. ;Anunciamos as vagas de emprego para achar quem tivesse conhecimento em estoque e logística, mas apareceram muitos candidatos com experiência em venda tradicional, o que não adianta muito para a nossa plataforma;, explica.
Após a contratação, 63% das companhias que selecionaram candidatos ficaram encarregadas de treinar o novo funcionário. No caso de Mariana e de seus sócios, após seis meses, eles conseguiram formar uma equipe com 10 pessoas, mas, ainda assim, ofereceram treinamento em contabilidade e sistema de software para os contratados. ;O sistema é suscetível a erros, portanto, o profissional deve entender de informática e se sentir extremamente confortável com o trabalho virtual. Se o cliente fez uma compra no site, a empresa não pode perder prazos. Caso contrário, o profissionalismo da loja será colocado em xeque;, alerta.
Aprendendo na prática
A indicação por meio de amigos e parentes ainda é o principal recurso utilizado para encontrar candidatos a vagas de emprego na área. Com o analista de sistemas Eliézer Rocha, 39 anos, não foi diferente. Ele soube da vaga na London Republic por acaso, após conversar com uma amiga de Mariana. ;Eu não tinha uma formação específica para trabalhar com e-commerce, mas fui aprendendo na raça, além de contar com o treinamento oferecido;, revela. Ele faz parte de 66% dos funcionários que aprendem a trabalhar com e-commerce na própria empresa.
Há seis meses na função de gerente operacional da loja virtual, Eliézer conta que, depois de entrar para a equipe, passou a observar a seleção de novos candidatos e percebeu a dificuldade de encontrar profissionais. ;Já chegamos a receber mais de 100 currículos de uma vez, mas, na prática, vimos que a maioria dos candidatos não tem noções básicas de matemática, por exemplo;, lamenta. Ele, que até então nem imaginava trabalhar na área, hoje acredita que os desafios do e-commerce são atraentes. ;Um dia nunca é como o outro, mas, para seguir na área, é necessário buscar conhecimento;, atesta.
O perfil do profissional de e-commerce é de homens com idade média de 36 anos. Do total, 59% são graduados e têm renda média de R$ 5.262. Com relação à função, 69% dos profissionais são sócios ou proprietários e 13% são gerentes. Daniel Cardoso, diretor da Universidade Buscapé, em São Paulo, explica que o perfil do público que procura capacitação em e-commerce está se ampliando. ;Se, antes, a busca por cursos se dava mais por parte de empresas que queriam entrar para o varejo on-line, hoje, profissionais de grandes organizações e com diferentes tipos de formação também se interessam;, destaca. Cardoso também explica que os produtos que mais atraem os e-consumidores vêm mudando. ;Entre 2007 e 2012, a categoria vestuário passou do 26; para o 2; lugar entre os produtos mais vendidos no mercado virtual;, acrescenta.
Em busca de preparação
Com o setor em alta, a previsão da e-bit é de que o comércio eletrônico fature R$ 28 bilhões neste ano, aumento de 25% em relação a 2012. Para que mais profissionais cheguem a esse mercado em expansão, é necessário que as empresas e os interessados no setor busquem capacitação. Maurício Salvador, fundador da escola brasileira especializada em comércio eletrônico Ecommerce School, percebeu a dificuldade das micro e pequenas empresas em compreender o mercado e, em 2007, começou a abrir cursos para pequenas lojas virtuais. ;Trata-se de um fenômeno que começou a ganhar força há cerca de cinco anos. O mercado ainda não teve tempo de se preparar;, justifica Maurício, que também é presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Quem precisa de consultoria para abrir uma empresa de e-commerce pode contar com o Programa SebraeTec de Inovação Tecnológica, uma das iniciativas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). ;A procura por apoio para abrir loja virtual vem aumentando significativamente em Brasília, sobretudo entre empresas de prestação de serviços;, conta Cristina Sá, gerente da Unidade de Atendimento Coletivo de Serviços do Sebrae no DF.
Onde encontrar formação
Em Brasília
No DF, o Sebrae promove o ciclo de palestras Circuito Empreendedor, que oferece oficinas voltadas para o comércio virtual. A próxima ; Como abrir uma loja virtual ; será em 9 de maio. Informações pelo site www.df.sebrae.com.br.
O Sebrae também desenvolveu o projeto Primeiro E-commerce, em parceria com o Mercado Livre. A plataforma tecnológica permite que micro e pequenas empresas criem, de graça, lojas virtuais. Informações pelo site www.primeiroecommerce.com.br.
Em São Paulo
A Universidade Buscapé, em São Paulo, oferece cursos a distância e presenciais, como de e-commerce para pequenas empresas, gerentes de e-commerce e marketing digital e engenharia de vendas on-line, cada um com um tipo de público. Informações pelo site www.unibuscapecompany.com ou pelo telefone (11) 3848-8700.
Em todo o Brasil
A E-commerce School oferece mais de 30 cursos para todos os níveis de e-commerce. No mês que vem, a instituição abrirá cursos presenciais em sete cidades ; Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis, Blumenau, Porto Alegre, Recife e Curitiba. Informações pelo site www.ecommerceschool.com.br ou pelo telefone (11) 3405-4221.
Direitos garantidos
No último dia 15 de março, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), o governo editou o decreto n; 7.962, que regulamenta o comércio eletrônico no país. De acordo com o texto, o setor deve disponibilizar aos consumidores informações claras a respeito do produto, do serviço e do fornecedor. Além disso, as empresas devem promover atendimento facilitado aos consumidores e garantir o direito de arrependimento da compra. Com o decreto, o comércio eletrônico passa a fazer parte dos serviços regulados pela Lei n; 8.078, de 1990, o Código de
Defesa do Consumidor.