;Não conseguimos fechar as vagas tão rapidamente quanto gostaríamos. Às vezes, nem aparecem interessados; Fabiana Moraes, gerente de Recursos Humanos de uma rede de supermercados
Profissionais de comércio e de serviços podem comemorar ; e até se dar ao luxo de escolher ;, pois os setores são os principais responsáveis por contratações no mercado de trabalho, apesar do fraco desempenho econômico. Só no ano passado, a cada cinco vagas criadas, quatro foram para uma dessas áreas, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), banco de dados divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Além disso, ambos apresentam a taxa de desemprego mais baixa, de acordo com o economista da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Fábio Bentes.
O incremento de 7,5% nas vendas em 2013, previsto pela CNC, dá aval para o número de contratações: 460 mil postos de trabalho serão criados apenas no varejo este ano, um aumento de 3,9% em relação a 2012. ;O crescimento do setor possibilita o aumento de vagas. A indústria consegue preencher a produtividade com investimento em maquinários, mas, no comércio, é preciso ter funcionários para atender os clientes;, relata Bentes.
[SAIBAMAIS]A busca por pessoas dispostas a preencherem um desses postos, porém, é árdua. Para Fabiana Moraes, 30 anos, gerente de Recursos Humanos que atua na seleção e no treinamento de funcionários em uma rede de supermercados, é difícil encontrar pessoas dispostas a trabalhar, e, principalmente, qualificadas. Vagas para o setor de perecíveis do supermercado, que exigem técnica e experiência na área de alimentos, como as de peixeiro, açougueiro e padeiro, chegam a levar dois meses para serem preenchidas. ;Não conseguimos fechar as vagas tão rapidamente quanto gostaríamos. Às vezes, nem aparecem interessados;, relata.
Para atender a demanda, a rede de supermercados deixa de exigir experiência de todos os candidatos e, por isso, precisa investir no desenvolvimento das habilidades dos novatos por meio de um sistema de treinamento. ;Nesses encontros, os funcionários entram em contato com técnicas e com toda a parte teórica, para depois desenvolverem na prática aquilo que aprenderam;, conta Fabiana. A rede também realocou profissionais para supervisionar os aprendizes dentro das lojas.
Alliny Batista, gerente financeira: %u201CA nova geração tende a não ter muita paciência para ficar em um emprego, fazer carreira%u201D |
Fabiana relata que alguns comportamentos são fundamentais para atuar no varejo, independentemente do nível técnico do candidato. Comprometimento e foco no cliente e no resultado, segundo a gerente, são as principais competências buscadas. ;Avaliamos se ele se dispõe a atender bem e se consegue se colocar no lugar do outro.; Organização com horários, cumprimento das tarefas e alcance de metas também são características que evidenciam a capacidade de um profissional dentro da loja. ;A empresa dá espaço para quem tem pretensão de crescimento. Por isso, muitos acabam construindo uma carreira aqui dentro;, explica.
Procuram-se profissionais
Em 2012, foram oferecidas 60.424 vagas nas agências do trabalhador da Secretaria de Trabalho do Distrito Federal (Setrab), em todos os setores. Dessas, aproximadamente 80% não foram preenchidas. Entre 11.175 vagas ocupadas, 35% foram para a área do comércio e 43% para o setor de serviços. O secretário adjunto da Setrab, Divino Valero, explica que as agências intermedeiam o processo de contratação entre empresários e interessados por meio de 18 unidades espalhadas pelo Distrito Federal. São encaminhadas três pessoas por vaga para cada empresa. A contratação pode ocorrer no mesmo dia, mas, em alguns casos, leva até mais de um mês.
Valero relata que a colocação de pessoas no comércio sofre a influência da sazonalidade, que é o tempo propício para as vendas, além da qualificação dos trabalhadores e da interlocução entre oferta de vagas e pessoas dispostas a trabalhar. De posse do número de PIS e currículo, qualquer pessoa pode encontrar vagas com o seu perfil nas agências do trabalhador. Mas a principal dificuldade, segundo o secretário, é o preenchimento de requisitos quanto à qualificação. A necessidade do mercado por profissionais aptos é tamanha que, em um curso técnico na área de vendas promovido pela secretaria no ano passado, a empregabilidade foi de 100%.
Baixa formação
O número de interessados por qualificação técnica no comércio deixa a desejar. O presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial no Distrito Federal (Senac-DF), Adelmir Santana, conta que, no ano passado, apenas 900 das 1,5 mil vagas oferecidas pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) no DF foram preenchidas. ;Há um esforço do Senac objetivando preparar pessoas para ingressar nas atividades do comércio. As empresas também devem ter esse trabalho permanente, visando a uma melhoria de seus profissionais, porque o consumidor, hoje, está cada vez mais exigente no atendimento.;
A gerente financeira de uma loja de departamentos em Brasília, Alliny Batista, 28 anos, observa que, desde a abertura da franquia, houve uma diminuição significativa em relação à experiência e ao conhecimento dos candidatos. Para despertar o interesse dos jovens, é necessário custear a qualificação e oferecer benefícios. ;Hoje em dia, é difícil achar alguém que tenha trabalhado cinco ou seis anos em uma livraria, em vez de dois ou três meses. A nova geração tende a não ter muita paciência para ficar em um emprego, fazer carreira;, conta.
Os recrutadores da loja direcionam os candidatos a setores específicos, nos quais os vendedores apresentam um conhecimento mais detalhado. Outro diferencial é o programa de trainee. Funcionários se alternam entre departamentos para ter uma experiência mais completa dentro da empresa. São diferenciais que ajudam a manter a competitividade para contratar e chamar a atenção dos candidatos. Porém, como consequência da falta de qualificação, percebe-se um afrouxamento nas exigências durante a seleção, já que, frente ao aumento de vendas, não se pode parar de contratar.
O economista-chefe da divisão econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas, acredita que o setor continuará aquecido por causa da perspectiva de crescimento e da disponibilidade de crédito. ;O comércio apresenta uma trajetória bastante favorável no Brasil, já que o país possui um grande mercado interno, que se expande a cada ano;, explica. Freitas alerta, porém, que a oferta de mão de obra deve acompanhar a crescente demanda para que o setor consiga se sustentar.
Capacite-se
Pronatec
As inscrições serão abertas amanhã. Acompanhe a oferta dos próximos cursos em seu estado e município no site pronatec.mec.gov.br. Os cursos são ministrados pelos institutos federais de educação, ciência e tecnologia, centros federais de educação tecnológica e entidades do Sistema S (serviços nacionais de aprendizagem)
0800-616161, opção 8
Instituto Federal de Brasília (IFB)
Câmpus de Taguatinga Centro
Curso técnico em comécio
www.ifb.edu.br/taguatinga
2103-2249
Senac
www.senacdf.com.br/portal
3313-8877
Secretaria de Trabalho
Qualificopa, Mais Autonomia e Planseq
www.trabalho.df.gov.br
3326-1379 e 3328-5549