Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Cresce número de jovens ociosos no país

Eles não estudam, não trabalham e não estão à procura de emprego. Os jovens ociosos entre 15 e 29 anos somam pelo menos 8,82 milhões no Brasil. O dado de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela o aumento de 708 mil pessoas nesse grupo desde a última vez que a pesquisa foi feita, em 2000. O crescimento mais expressivo está entre os homens (11.107 mil pessoas a mais), mas as mulheres jovens ainda são a maioria nessa condição: representam 67,5% do total.

;São pessoas de famílias com renda inferior à média nacional, que abandonam os estudos muito cedo e não conseguem se qualificar para boas vagas de emprego;, descreve Ana Amélia Camarano, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que estudou o perfil da população jovem e ociosa no Brasil. A média de tempo de estudos desses brasileiros é de 6,95 anos para os homens e 8,03 para as mulheres.

Segundo Ana Amélia, há duas possíveis razões para tanto desinteresse: ou esses jovens não veem na escola grandes perspectivas, ou precisam assumir na família outras responsabilidades que o ensino e o emprego não contemplam. É o caso de Daniely Nascimento, 23 anos, que mora nos fundos da casa do pai, na Cidade Estrutural. Ela parou de estudar aos 16 anos, quando cursava o ensino médio, e engravidou do primeiro filho. De lá para cá, Daniely deu à luz mais duas crianças, a última há apenas seis meses. ;Depois da primeira gestação, não consegui mais voltar a estudar. Por isso, também nunca trabalhei;, ela lamenta.

Para manter a família, Daniely, que não é casada, conta com o apoio do pai, Antônio Nascimento. Afastado do trabalho por causa de um problema de visão, ele ajuda os três netos e a filha como pode. Para a jovem mãe, a falta de creches gratuitas e próximas de onde mora é o que a impede de procurar um emprego. ;O jeito é ficar em casa cuidando das crianças. Já recusei propostas porque não dá para deixá-las sozinhas;, explica a moça.