Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Já para o divã!

Empresários que sofrem com o estresse do dia a dia buscam equilíbrio entre vida profissional e pessoal com a ajuda da terapia. Resultados podem ser vistos na dinâmica da organização, com uma equipe mais motivada


O publicitário Márcio Medeiros tem sessões semanais com a psicóloga para lidar com as dificuldades de gerir sozinho uma empresa. Ele chegou a enfrentar crises de pânico e depressão
Eles levam uma vida dinâmica, repleta de prazos a serem cumpridos e preocupações, e precisam garantir resultados imediatos. Pode não parecer, mas mesmo o dono da empresa também está sempre sob pressão e sonha com um dia de folga. Os executivos brasileiros começaram a perceber que precisam de ajuda para lidar com o estresse gerado pela dedicação excessiva. A ajuda que vem de um profissional cada vez mais requisitado no mundo dos negócios: o terapeuta.

Segundo Luiz Fernando Garcia, psicólogo e autor do livro Empresários no divã (Editora Gente, R$ 21,90), a procura pela terapia aumentou cerca de 40% entre os empresários nos últimos anos. O especialista explica que a maioria recorre ao analista em busca de solução para um desequilíbrio que também atinge a vida pessoal, sejam problemas nas relações afetivas, como crises no casamento, ou vícios e compulsões (ver quadro). ;O executivo sofre mais: ele está sempre sob pressão para ser mais produtivo, atingir mais metas e, com isso, perde espaço em sua rotina para cuidar da própria saúde;, afirma Garcia.

O ritmo de trabalho de um empresário, que constantemente ultrapassa as oito horas diárias, não respeita os limites mentais. O isolamento e o abuso de drogas são alguns dos sintomas de que alguma coisa não vai bem e prejudicam até mesmo o relacionamento com a equipe. ;O profissional estoura, é explosivo e tiraniza quando se sente frustrado;, exemplifica o psicólogo.

Quando a terapia é aceita pelo empresário, seus resultados influenciam não só no equilíbrio pessoal, mas também na dinâmica da organização. O gestor não se sente mais ameaçado e aprende a lidar melhor com os imprevistos. ;A comunicação e a assertividade dos feedbacks na empresa melhoram. O gestor torna o ambiente mais motivador para a equipe;, resume Garcia.

Para a gerente de Recursos Humanos Maria Aparecia Bocchi, não é sempre que os empresários se dão conta de que precisam de terapia. Uma das situações mais comuns, segundo ela, é que essa vontade seja despertada após o coaching, direcionamento interno muito popular nas organizações. Esse tipo de treinamento pode ser confundido com um processo terapêutico, mas é diferente: preza por estabelecer metas profissionais e atingir ganhos para a empresa, e não resolver conflitos particulares.

O que ocorre, como pontua Maria Aparecida, é que alguns gestores descobrem no processo de coaching falhas que os impedem de atingir melhores resultados ; e que, consequentemente, precisam de tratamento para solucioná-las. ;Ao gostar dos resultados dessa intervenção externa, o profissional acaba procurando a terapia para ajudá-lo a modificar esses comportamentos da vida pessoal;, relata a especialista.

;O executivo sofre mais: ele está sempre sob pressão para ser mais produtivo, atingir mais metas e, com isso, perde espaço em sua rotina para cuidar da própria saúde;

Luiz Fernando Garcia, autor do livro Empresários no divã