Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Saí da faculdade. E agora?

O Eu, estudante ouviu especialistas em recursos humanos e dá conselhos para quem acabou de se formar e não consegue emprego

Fernanda Coelho, 24 anos, se formou no curso de direito em agosto de 2011. Desde então, ela busca um lugar no mercado de trabalho, mas não teve sucesso. A jovem se prepara para concursos públicos e procura vagas na iniciativa privada que pedem apenas o bacharelado. %u201CMando currículos diariamente. Não quero pendurar meu diploma na parede e deixar empoeirado%u201D, afirma. Fernanda, assim como milhares de recém-formados em Brasília, enfrentam um quadro em que o índice de desemprego entre os jovens é o dobro do índice total no Distrito Federal, conforme a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada em novembro de 2011 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconõmicos (Dieese). O estudo indicou que, no DF, a taxa de desemprego entre pessoas de 16 e 24 anos é de 26,6%, mais que o dobro da média geral, que ficou em 11,9%, Frente a esta situação, como os jovens recém-formados podem se preparar melhor para obter o tão sonhado emprego? O Eu, estudante ouviu especialistas em recursos humanos e dá dicas de como encarar este começo de vida profissional. O primeiro ponto é planejar a carreira, algo que já deve começar desde a graduação. Para a sócia-diretora da consultoria de recursos humanos RHaíz, quem sai da faculdade já deve saber seus objetivos, e quais oportunidades de trabalho quer alcançar a curto, médio e longo prazo. %u201CO mercado não quer pessoas que queiram qualquer coisa, e sim quem sabe onde quer chegar. O recrutador espera que o candidato tenha um plano de carreira%u201D, aponta a especialista. Tendo isto decidido, você pode começar a se preparar para programas de trainee, e pesquisar o que estas empresas buscam em um profissional. Saber organizar seu currículo é uma questão essencial na hora de se candidatar a qualquer vaga. Segundo Carmen, ele deve ser claro e compreensível. Não se esqueça de contar suas experiências durante a faculdade, como estágios, voluntariados e projetos de pesquisa. %u201CQuem está recrutando sabe que, se você tem de 20 a 24 anos, você está no estágio inicial da sua carreira. Então, é natural que você tenha muito caminho a percorrer. Ninguém espera encontrar um currículo cheio de certificados, cursos, especializações, porque se trata de um jovem%u201D, reforça a especialista. Dependendo da experiência, pontos como viagens de intercâmbio, ou algum projeto que você tenha liderado também podem fazer a diferença. %u201CMesmo que o candidato não tenha efetivamente trabalho, espera-se que ele tenha vivido alguma coisa%u201D, aponta Carmen. No entanto, é importante não mentir nem aumentar as suas habilidades. %u201CO profissional deve ter muita autocrítica. Por exemplo, se você fala que escreve e se comunica em inglês, você diz que pode fazer uma redação ou ser entrevistado nessa língua%u201D, adverte a especialista. Também é interessante manter contato com as empresas em que você estagiou ao longo da faculdade. %u201CUma vantagem que ele tem em relação aos profissionais vindos do mercado é o conhecimento da própria empresa, adquirido ao longo do programa de estágio%u201D, aponta Conrado Schlochauer, sócio-diretor da consultoria de desenvolvimento de pessoas Lab SSJ. Perseverança Nos cinco meses após ter se graduado, Fernanda só foi chamada para uma entrevista, e não teve retorno. Ela conta que, na maioria dos casos, as funções para bacharéis em direito são exercidas por estagiários em escritórios. Ela vê diferença entre o número de ofertas de estágio e emprego. %u201CO engraçado é que, quando você é universitário, há muitas vagas, mas quando a obrigação do empregador passa a ser maior, com direitos trabalhistas, as oportunidades desaparecem. Mesmo se eu tivesse a carteira da Ordem, não seria tão fácil assim arrumar um emprego de advogado%u201D, reclama. Após terminar a graduação, Fernanda Coelho ainda não ouviu a notícia esperada de que foi a escolhida para a vaga Para universitários que se formaram e não conseguiram um emprego, o conselho da consultora Carmen Cavalcanti é pedir um retorno das empresas para as quais ele concorreu a uma vaga. %u201CQualquer empresa de RH tem a obrigação de dar um feedback. Esse retorno é pedagógico, e ensina ao candidato o que onde ele errou e como fazer diferente da próxima vez%u201D, aconselha. Outra dica importante é não ficar parado, mesmo após sucessivas rejeições. Busque certificações, faça cursos e mantenha contato com colegas que já foram empregados. %u201CSe a pessoa fica em casa, começa a viver em um ambiente informal e perde contato com os outros%u201D, afirma Carmen. Confira as dicas para turbinar a carreira: - Planeje sua carreira já durante a graduação. Descubra seus pontos fortes, quais matérias você tem mais intimidade, talento e predisposição. - Busque informações sobre o mercado, as chances de ser empregado na sua cidade, quais empresas contratam pessoas com a sua graduação. - Entre em contato com profissionais da área. A rede de relacionamentos é o caminho mais efetivo para conseguir uma oportunidade. Também mantenha contato com colegas de faculdade - Na hora de elaborar o currículo, coloque apenas o necessário. Fale de suas experiências com sinceridade e sem exageros - Saiba se adaptar a cultura de cada empresa. Se o local para o qual você quer trabalhar exige vestimentas sociais, nada de ir para a entrevista de emprego de calça jeans e camiseta - Pesquise informações sobre o local para o qual você vai se candidatar antes de enviar seu e-mail, para poder fazer os ajustes no currículo necessários a cada local - Após se formar, continue estudando. Busque cursos e especializações, faça projetos. O importante é não ficar parado - Durante o estágio ou o programa de trainee, tenha fome de conhecimento e demonstre estar interessado em aproveitar a oportunidade. Seu trabalho tem que aparecer. Evite descumprir regras e valores que a empresa consolidar e se comparar aos seus colegas Fontes: Carmen Cavalcanti, sócia-diretora da Rhaíz Soluções e Recursos Humanos, e Conrado Schlochauer, sócio-diretor do Lab SSJ