Jornal Correio Braziliense

Vestibular e PAS

PAS ganha com mais redação

A Universidade de Brasília (UnB) deu passo acertado no processo de aperfeiçoar o Programa de Avaliação Seriada (PAS). O avanço tocou na redação, ponto-chave no ensino que se reflete em todas as disciplinas. É preocupante saber que muitos estudantes fracassam em matemática, história ou física não por falta de estudo e dedicação, mas por falha na habilidade de ler. Sem entender o que está escrito, o jovem paga conta pesada. É incapaz de assimilar o conteúdo das disciplinas sobre as quais se debruça. O desperdício de tempo, energia e entusiasmo se reflete além da sala de aula. Atinge a porta de saída do ensino médio. A tranca se aciona nas provas. O candidato não percebe a ordem expressa na questão. Se a entende, não consegue exprimir a resposta com unidade, coerência e clareza. Exigir redação nos três anos do PAS em vez de apenas no último mobilizará a escola e os professores. Ante a necessidade de apresentar resultados, eles terão de investir na produção de textos. Escrever regularmente exige os saberes adquiridos não só nas diferentes disciplinas mas também ao longo da vida. Leituras, conversas, viagens, música, teatro, tudo é acionado na síntese de conhecimento que a redação exige. O estudo de fonética, morfologia, sintaxe, estilística não constitui um fim em si mesmo. Mas caminho que conduzirá às duas habilidades básicas da comunicação oral e escrita. Uma: a capacidade de compreensão. A pessoa tem de ouvir e entender, ler e também entender. A outra: a capacidade de expressão. Ela tem de falar e ser entendida, escrever e também ser entendida. Restringir o alvo apenas ao domínio do código da comunicação é como limitar o estudo da cirurgia à destreza no uso do bisturi. O enfermo procura o profissional para ser operado com êxito e, com isso, curar-se do mal ou, talvez, salvar a vida. O estudante se empenha na aquisição da gramática para ter os meios que lhe possibilitarão aliar inteligência e vontade para percorrer com desenvoltura os meandros da escrita. Ninguém é ingênuo de imaginar que a simples exigência do PAS promoverá o salto qualitativo exigido pela sociedade. Impõe-se que não só os alunos façam pressão para que a escola corresponda às expectativas. A participação dos pais é, também, importante. Se for mantido o pacto da mediocridade, mudanças ficarão para as calendas gregas. A escola tem de ensinar, o aluno, aprender, a família e as autoridades, fiscalizar.