Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Organização: a chave para conquistar a vaga

Começar a preparação para os certames antes da publicação dos editais contribui para alcançar bons resultados e lidar com possíveis surpresas nas seleções. Depois da divulgação, a técnica deve ser adaptada

Um aviso na tela do computador chama a atenção e, por um instante, livros, apostilas e exercícios se tornam preocupações secundárias na mente do concurseiro. Não é uma distração qualquer, como informativos de redes sociais ou de e-mail, mas sim algo tão esperado quanto o dia de prova: a publicação do edital. Com a previsão do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de limitar a até 52.585 vagas públicas em 2014, especialistas aconselham que a preparação para quem sonha em se tornar servidor comece antes dessa divulgação.

Foco e paciência são características primordiais na etapa anterior ao lançamento oficial de um concurso. Com um olho nas oportunidades e outro nas disciplinas, a primeira preocupação de quem pretende seguir esse caminho é escolher a área pública mais adequada para o seu perfil. Segundo o autor do livro Eu vou passar em concurso (Editora Elsevier; 160 pág.; R$ 45), Sylvio Motta, após determinar qual o setor de interesse, o próximo passo é analisar os concursos que compõem a área em questão, reconhecer as disciplinas que costumam ser cobradas nas avaliações e reservar tempo para as aulas e o estudo individual dos temas básicos. ;Após identificar os assuntos recorrentes, a pessoa tem de se organizar para montar um quadro de horários no qual, de um lado, estão aquelas matérias que sofrem poucas alterações com o passar dos anos e, do outro, as com maior índice de incidência nas provas;, explica.
Quando o edital se torna público, outras atitudes são necessárias para o bom rendimento do aprendizado: a dica é aumentar a carga horária para se dedicar aos temas ainda não contemplados, além de reservar espaço na agenda para a resolução de exercícios, leitura de jornais e de livros. ;É preciso começar um quadro mais intenso de estudos, com preferência para as matérias específicas;, aconselha Motta.

O especialista destaca que um método de otimizar o tempo é agrupar temas por áreas de conhecimento, como duas matérias de exatas e duas da área jurídica, para trabalhar conceitos em conjunto. ;A ideia é começar com seções de estudo mais curtas e, gradativamente, aumentar o tempo de acordo com a demanda;, detalha.
Além disso, é importante estar preparado e consciente de que pode haver alterações no documento. O coach do IMP Concursos Alessandro Marques esclarece que mudanças fazem parte do processo e que é preciso ser paciente e aprender a lidar com essas situações. ;Caso o edital apareça com algum imprevisto, o prazo entre a divulgação e a prova em si deve ser usado para estudar novas disciplinas;, diz.

De tudo um pouco
Especialistas consideram que o prazo médio para a aprovação é de cerca de um ano e meio, o que não significa que o candidato precisa dar fim à vida social. ;É preciso traçar metas e prazos a serem cumpridos. Às vezes, não é possível se dedicar a todas as matérias, então, é o caso de selecionar os temas mais importantes ou aqueles em que se tem mais dificuldades. Aí entra a questão de planejamento para a vida como um todo;, aconselha o coach Alessandro Marques.
Na hora de avaliar os resultados de toda essa dedicação, o autor do livro Como passei em 15 concursos públicos (Editora Método; 128 páginas; R$ 39), José Roberto Lima, sugere que o concursando tenha paciência para perceber as melhorias. ;O tempo de estudo pode ser curto, mas deve ser de qualidade. Assim como em um exercício físico, não é possível visualizar logo os resultados. Seis meses é o mínimo para se observar avanços no preparo;, compara.

Aprendizado
Rebeca Teles da Costa, 23 anos, percebeu melhorias ao adotar métodos de estudo antes e depois da divulgação dos editais. Ela começou a se dedicar aos concursos públicos em 2008, e, atualmente, tem como foco passar no Banco Central (Bacen). A candidata explica que utilizou a última seleção do órgão como base para os estudos, priorizando inicialmente as matérias básicas. Há cerca de dois meses, quando o edital de 2013 se tornou público, passou a focar os assuntos específicos. ;Montei um cronograma até o dia da prova em que estudo, em média, quatro matérias intercaladas por dia. Gosto de alternar entre assuntos diferentes, pois assim não me canso;, explica Rebeca. ;Hoje em dia, posso dizer que evoluí muito em comparação com as minhas primeiras provas;, completa.

Além de fazer parte do grupo de pessoas que se organizam por etapas, Rebeca se encaixa em outra categoria comum entre concurseiros: aquela que sofre com períodos de frustração e falta de ânimo para continuar. ;Já pensei em desistir devido à exaustão. Muitas vezes, você não fica classificada entre o número de vagas e isso desmotiva a continuar com o esforço;, conta. Para lidar com esses sentimentos, o coach Alessandro Marques é enfático: ;As pessoas precisam entender que não existe fracasso, mas, sim, resultados. O candidato tem o costume de transformar o sentimento em um trauma, e isso não pode acontecer;.