Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

9 mil disputam cargo na Defensoria do DF

Candidatos fazem prova no feriado de olho em 60 vagas com salário inicial de R$ 5.241

Tiago Alves, policial militar de Goiás, enxergou no certame uma oportunidade de mudar de emprego e se tornar analista jurídico

Sem tempo para almoçar, Tatiana Araújo apelou para o salgadinho


Enquanto milhares de pessoas comemoravam ontem o aniversário de Brasília, outras preferiram abrir mão do feriado para tentar ingressar na carreira pública. Quase nove mil inscritos disputaram um salário inicial de R$ 5.241, nas provas do concurso da Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), aplicadas na capital. O certame abriu 60 vagas de nível superior para o cargo de analista de apoio à assistência jurídica, sendo 15 para convocação imediata e 45 para cadastro de reserva.

As provas foram realizadas no Centro Universitário de Brasília (UniCeub) e na Unieuro, localizada na 916 Norte. Os organizadores da banca, a Fundação Getulio Vargas (FGV), fecharam os portões da Unieuro pontualmente às 13h. A faculdade esperava receber 1.415 inscritos, mas compareceram 1.077. A FGV informou ao Correio que 338 candidatos não estiveram no local da prova. O teste terminou às 18h, mas os candidatos puderam sair com o caderno a partir das 16h45. Cerca de 5 mil inscritos realizam o certame no UniCeub, com tempo para entregar a prova também às 18h.

No teste, foram exigidos conhecimentos em língua portuguesa, organização e princípios institucionais da DPDF, direito constitucional, direito administrativo, processo penal, processo civil, direitos do consumidor e direitos da criança e do adolescente. Para se habilitar à competição, o concurseiro precisava ter graduação em direito.

De acordo com o órgão do GDF, apesar de o Dia de Tiradentes ser uma data incomum para a realização de provas, marcar concursos em feriados não é ilegal, pois não há legislação específica que proíba a prática. A DPDF acrescentou que não recebeu nenhuma reclamação quanto à data por parte dos inscritos.

Mas a candidata Marina Pereira, 32 anos, descorda dessa afirmação. Ela chegou três minutos atrasada no local da prova e não pôde participar do concurso, alegando que o trânsito estava complicado em razão das comemorações do aniversário de Brasília, realizadas na Esplanada dos Ministérios. Ela estudou seis meses para o certame. ;Infelizmente não foi dessa vez. Agora é tentar a próxima oportunidade;, desabafou. A estudante já tem em vista o concurso da Polícia Civil do DF.

A advogada Taise Ribeiro, 26, não se atrasou e chegou 15 minutos antes de o portão fechar. Sua queixa foi direcionada ao conteúdo da prova, receando que a parte específica pode prejudicá-la. ;Achei difícil, mas a concorrência não me assusta;, ressaltou. São 599 candidatos em cada uma das 15 chances disponíveis de provimento imediato. ;Estudei três meses. Se não der nessa vez, arrisco no próximo;, completou. Victor Humberto Alves, 23, veio de Goiânia para fazer a prova e comentou a sua estratégia para ser aprovado. ;Deixei as leis da defensoria para estudar nos últimos dias. Assim, a chance de esquecer é menor;, revelou.

O candidato Tiago Alves, 28, é policial militar do Goiás e resolveu fazer a prova para tentar mudar de profissão. ;Nossa atual condição de trabalho é insalubre. Busco um salário melhor nessa oportunidade;, explicou. Ele estudou para a prova por dois anos, mas acredita que a área jurídica pode ter pesado na hora de preencher o gabarito. A advogada Tatiana Araújo, 30, reclamou do horário de aplicação de prova estipulado pela FGV. ;Não deu tempo nem de almoçar. Vou ter que comprar um salgadinho para enganar a fome;, suspirou.