Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Sem surpresas

Apesar de pouco conhecida, a banca que aplicará a prova da PRF não deve trazer questões muito complexas. Concurseiros precisam dominar raciocínio lógico, português e noções de direito

Memorizar as conjunções é um dos desafios do candidato Júlio Mota, 34 anos

O concurso da Polícia Rodoviária Federal oferecerá 216 vagas para agente administrativo em todos os estados. Para o Distrito Federal, estão previstas oito oportunidades. O edital foi divulgado no início da última semana e quem for participar do certame deve ficar atento à banca examinadora responsável por aplicar a prova: será a Fundação Carlos Augusto Bittencourt (Funcab), pouco conhecida dos concurseiros.

Para especialistas em concursos públicos, a Funcab não apresentou questões muito complexas em certames anteriores. Segundo o professor de raciocínio lógico do curso preparatório Grancursos Luis Telles, a organizadora deve cobrar textos curtos e simples no enunciado, sem utilizar notação e simbologia, típicas da disciplina. ;Eles vão dar uma sequência de fatos para que o aluno marque a conclusão correta;, aposta Telles.

Ainda de acordo com o professor, o mais importante para se dar bem na parte de raciocínio lógico é ler com atenção os enunciados, que, em outras bancas, seriam cobrados na forma de simbologia. ;Tabela verdade pode cair em forma de texto. Então, quem pensa que raciocínio lógico está mais próximo de matemática se engana, pois a prova vai exigir muito mais interpretação de texto;, afirma.

Já as questões de língua portuguesa devem cobrar mais gramática. ;Até 80% da parte de português dos certames organizados pela banca focam no conhecimento das funções gramaticais;, afirma o professor Fernando Pestana, autor do livro A gramática para concursos (Ed. Elsevier / R$ 146,90/ 1.112 páginas). De acordo com o especialista, os assuntos que mais aparecem, como sinonímia e coesão referencial e sequencial, exigem bom vocabulário. Outro conteúdo que merece atenção especial é o uso das conjunções, que sempre está presente nos exames da banca. ;Não tem outro jeito, o candidato precisa memorizar um pouco delas a cada dia para acertar todos os itens;, recomenda.

Decorar conjunções será o maior desafio para o administrador Júlio Mota, 34 anos. ;Esse é um assunto que preciso estudar mais, pois tenho um pouco de dificuldade;, conta. Porém, pela formação em área próxima ao cargo concorrido no certame, Júlio terá facilidade para responder questões sobre noções de administração e de direito administrativo. ;Ética e noções de direito constitucional eu também tenho mais tranquilidade, já que aparecem em outros concursos;, afirma.

Foco
Para quem teme que a Funcab aumentará o nível de cobrança no conteúdo de noções de direito, o professor e advogado especialista em concursos públicos Fabio Ximenes afirma que o edital não trouxe nada que chamasse muito a atenção. Segundo ele, o melhor é manter o foco no que já vem sendo cobrado em outras seleções. ;Em direito constitucional, por exemplo, sempre caem itens sobre o artigo quinto da Constituição;, afirma.

Porém, como o cargo oferecido é de agente administrativo, podem ser cobradas questões relativas ao assunto mesmo na parte de direito constitucional. ;O artigo 37, que fala da administração direta e indireta, e até mesmo a parte de segurança pública, que começa no artigo 144, devem aparecer;, comenta Ximenes.

Além disso, o candidato provavelmete não encontrará novidades na prova de direito administrativo. Para Ximenes, o melhor é dar enfoque à Lei n; 8.112 ; que trata do estatuto dos servidores públicos ; aos atos e poderes administrativos e à Lei n; 8.666, de licitações. ;Bancas menos conhecidas, como a Funcab, exigem que o aluno tenha cuidado com o texto e a literalidade da lei, sem cobrar jurisprudência.;

O que diz o edital
Polícia Rodoviária Federal

Vagas: 216 ; oito para o DF
Cargo: agente administrativo (nível médio)
Remuneração: R$ 2.043,17
Inscrições: até 30 de abril
Taxa: R$ 60
Prova: 25 de maio
Edital: www.funcab.org

PASSE BEM / Língua portuguesa
Preserva-se o sentido de: ;Em que pesem essas diferenças, quando falamos em Ética, atribuímos valores, positivos e negativos às condutas.; (parágrafo 3), com a substituição de EM QUE PESEM por:
A) A despeito de
B) A partir de
C) À vista de
D) À luz de
E) Acerca de

Gabarito: A
Comentário: Se, no dia da prova, você tivesse um bom conhecimento de coesão sequencial, mais especificamente dos conectivos (normalmente conjunções/locuções conjuntivas e preposições/locuções prepositivas), certamente acertaria essa questão sem ter de voltar ao texto. Note que a expressão ;em que pesem; tem sentido concessivo, introduz uma ressalva ou uma ideia em oposição a outra dentro do período em que se encontra. Tanto isso é verdade que poderíamos reescrever a frase do enunciado usando outras expressões concessivas, como uma locução prepositiva (apesar de, não obstante, nada obstante, a despeito de, sem embargo de) ou uma conjunção/locução conjuntiva (embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que): ;Apesar dessas diferenças, quando falamos em Ética, atribuímos valores, positivos e negativos às condutas;. Portanto, só poderíamos marcar a letra A, porque a locução prepositiva ;A despeito de; é a única que tem valor concessivo. As demais expressões conectivas têm valor de B) limite espaço-temporal, C) opinião, D) conformidade, opinião, E) assunto.

Comentário do professor Fernando Pestana sobre questão do concurso para perito criminal da Sesp/MT, elaborada pela Funcab