No DF, o primeiro classificado ; o Galois ; mantinha, até ontem, a 77; posição. Com as mudanças, caiu para 79;. Dependendo da aceitação dos pedidos, a alteração pode ser maior. O Olimpo, primeiro colocado da capital em 2012, é um dos colégios a solicitar revisão do Ministério da Educação (MEC). A escola ficou fora da lista porque o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) alegou que menos de 50% dos alunos matriculados no 3; ano fizeram o Enem em 2012. A direção, no entanto, é enfática ao afirmar que teve 90% de participação.
No ano passado, o Olimpo colocou Brasília no 32; lugar no ranking nacional. Teve média de 675, com 42 alunos participantes. De acordo com sócio-proprietário e diretor de ensino da escola, Rodrigo Bernadelli, em 2012 a expectativa é de que o resultado do pedido saia em breve. ;Tivemos um resultado muito bom anteriormente, mas não gostaria de fazer previsões antes de a nota sair. Estamos confiantes de que nosso pedido seja aceito. O que pode ter ocorrido foi um erro no sistema;, ressaltou. Além do Colégio Objetivo Integrado, as outras duas instituições aceitas são o Colégio Classe A, localizado em Mato Grosso do Sul, com 625,03 pontos; e o Colégio Objetivo Integrado de Mogi das Cruzes (SP), com 675,16.
Conforme nota divulgada pela Daeb, é garantido a todas as unidades de ensino o direito de requerer o reexame do processo de cálculo até 4 de dezembro. ;Todas as escolas que realizarem o procedimento de formalização do requerimento, com informação dos estudantes vinculados, e que tiverem as informações validadas pelo Inep, terão suas notas calculadas e disponibilizadas;, certifica o documento. Os outros 21 casos, incluindo o do Olimpo, continuam em análise. Embora o Inep não fale em prazos, alguns mandados impetrados pelas empresas pedem que o problema seja resolvido em até 48 horas.
Desempenho ruim
As escolas particulares de Brasília tiveram o melhor desempenho da capital. Tiraram notas altas, se comparadas às públicas. No entanto, quando a comparação é com o ranking nacional, a 79; colocação é ruim para unidade da Federação com a maior renda per capita do Brasil. Apesar disso, especialistas do setor não consideram a educação ruim. Eles acreditam que o fato de o Enem, em 2012, não dar acesso à Universidade de Brasília (UnB) pode ter contribuído para o resultado. Por isso, no próximo ano, o cenário deve mudar. A instituição de ensino superior passou a adotar o exame como forma de seleção este ano.
Para o professor do programa de pós-graduação da Universidade Católica de Brasília (UCB) Célio da Cunha, o resultado do ranking é preocupante, mas é preciso ponderar. ;Historicamente, o DF se destacou e teve desempenho acima da média. Nenhuma avaliação é definitiva: ela tem um caráter de diagnóstico. Os dirigentes das escolas particulares e a própria Secretaria de Educação devem fazer reuniões e reflexões, reexaminar currículos e corpo docente para ver o que está acontecendo com o nosso ensino médio;, disse.
De acordo com ele, a adesão da UnB ao Enem pode ser um fator a contribuir para um resultado melhor do DF nos próximos anos. Além disso, ele reconhece que o país vive uma crise no ensino médio. ;Temos um problema curricular enorme, de evasão e repetência, de falta de professores, o que vem sendo objeto de preocupação do Ministério da Educação para tentar melhorar o desempenho;, completou.
Pedido de justiça Estudantes do Colégio Olimpo reagiram diante na ausência do nome da instituição da divulgação dos dados. O sentimento de Gabriela de Almeida Macedo, 18 anos, foi de incredulidade. ;Achei logo que tinha um erro. Não fazia sentido;, afirmou. O assunto repercutiu na escola. Professores entraram nas salas de aula comentando. ;O pessoal do terceiro ano ficou mais sentido;, afirma a jovem. De acordo com ela, o primeiro lugar entre as escolas do DF era motivo de divulgação e parte da propaganda para promover o colégio. Para Gabriela, no entanto, é preocupante o fato de Brasília não ter colégios entre os 60 primeiros do país. Por isso, é importante que o Olimpo tenha o resultado revisto. ;Podemos figurar na lista nacional e representar a cidade;, completa.
A presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Fátima de Mello Franco, acredita que a reivindicação é justa e deve ser analisada com cuidado para que o Enem possa contribuir para a educação brasileira com dados concretos. ;As regras do Inep não são claras. Gostaríamos de ter acesso aos critérios;, reclamou.
[SAIBAMAIS]Para o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa), Luis Claudio Megiorin, o resultado do Enem é um fenômeno socioeconômico a ser avaliado. ;O DF é a unidade da Federação mais privatizada do país, com 40% das unidades de ensino nesse setor. São escolas com mensalidades altas e parece que não vemos o retorno disso;, disse.
Para ele, a alta renda da cidade e o alto nível educacional da capital também deixam dúvidas no ar, em relação ao resultado do exame. ;Nossos professores precisam ser mais valorizados, as salas de aula devem ter menos alunos, as escolas precisam de mais estrutura e pais mais presentes;, enumera. Megiorin defende que Brasília tem potencial para ter unidades entre os primeiros do país.
Sem a redação
O ranking foi elaborado a partir das notas objetivas das provas do Enem, realizadas em 2012 e divulgadas na última terça-feira pelo Inep. A média é calculada a partir do resultado obtido nas quatro áreas do conhecimento abordadas no certame. A nota de redação não foi incluída na média.
Palavra de especialista
Ingresso a universidades
;Uma das explicações para o desempenho das escolas do DF está relacionada à adesão do resultado do exame para o ingresso nas universidades. Os alunos brasilienses não encaravam a prova como algo importante. Acredito que as notas do próximo ano sejam diferentes, pois as instituições de ensino vão passar a focar a educação baseada em uma única avaliação, nesse caso o Enem. Isso ocorreu depois do anúncio de a Universidade de Brasília (UnB) ter colocado o processo como forma de ingresso, o que é um erro porque a projeção que faço para o futuro é a de mais profissionais frustrados com a carreira ao perceberem que nem tudo que almejam pode ser medido por um processo seletivo. A política de ranqueamento do desempenho dos alunos tem a finalidade de avaliar somente um resultado isolado em uma prova. Ele não é capaz de medir o desempenho do aluno como um todo, que inclui não só o ensino acadêmico tradicional, mas também a formação social dos jovens. O comportamento dos pais contribui para esse mercado do ensino que se preocupa apenas em passar o maior número de estudantes no vestibular. A educação é algo de grande magnitude e que ultrapassa qualquer resultado em uma prova, pois esses exames não medem o conhecimento cognitivo do jovem.;
Carlos Augusto Medeiros, doutor em educação e professor colaborador da Universidade de Brasília