ALEIXO FURTADO, arquiteto e professor, trabalhou junto com Niemeyer em Brasília:
Um dos mais extraordinários brasileiros de todos os tempos, um gênio absoluto, que deveria ser tombado como patrimônio histórico e cultural da humanidade. Diria, sem medo de errar, que ele é o nosso Beethoven. O maior músico de todos os tempos é alemão e o maior arquiteto de todos os tempos é um brasileiro. Como Beethoven fazia arquitetura, Niemeyer fazia música.
Nos anos 60, estive com Niemeyer trabalhando no desenvolvimento e no detalhamento de projetos concebidos por ele. Ajudei a criar obras como o Palácio do Itamaraty, Teatro Nacional e o Cine Brasília. Foi um aprendizado inesquecível.
MIGUEL ALVES PEREIRA, professor aposentado, foi diretor da Faculdade de Arquitetura da UnB de 1968 a 1976:
Em minha tese de doutorado, realizei uma abordagem que considero ser inédita. Quem estuda Niemeyer geralmente fala de sua obra construída, e eu procurei investigar sua obra escrita. Seus textos são muito bem escritos, assumem um estilo especial, tanto belo e livre quanto didático também. É o arquiteto brasileiro que melhor usa seus escritos para descrever seus projetos. Valorizou imensamente o texto, o dele e o de outros. Nunca foi propriamente teórico nem professor, mas a maneira com que usava o discurso era fascinante. Repetindo determinados paradigmas que montou, criou coisas extraordinárias, que coloco ao nível de uma epistemologia da arquitetura, uma teoria do conhecimento da área.
Seu método de trabalho era começar a desenhar em estudos preliminares e, em seguida, quando encontrava alguma dificuldade, parava tudo para escrever textos explicativos às vezes na própria prancha. Para ele, se o arquiteto não consegue explicar seu projeto, é porque algo está errada. Quando percebe que há alguma coisa de nova, e de relevância explicável, pode avançar no projeto.
Niemeyer lança um paradigma na arquitetura também por afirmar que sem texto não há projeto. Se não é possível explicar seu projeto é porque ele não existe. Niemeyer extrapolou a maneira de pensar dos arquitetos ao adquirir essa visão, que é mais própria dos cientistas, filósofos e artistas pensar assim. Se o fenômeno não foi explicado é porque ainda não existe.
Andou ainda por várias áreas. Sua visão de mundo evidentemente se deu através da política. Entrou para o Partido Comunista de corpo e alma. A percepção política dos fatos conferiu à sua arquitetura uma visão internacional e plural. Inclusive, quando o Partido entrou na legalidade e precisou de uma sede, Luís Carlos Prestes procurou Niemeyer, que se prontificou a ceder a sua própria casa para esse fim.
Sofria intimamente com a coisa de ser comunista e fazer arquitetura para os burgueses. Mas livrava-se do dilema ao entender que a beleza era uma força revolucionária. Ele trabalhava com a beleza e pela beleza. E dizia que os pobres merecem eles também a beleza.
Sempre foi uma referência. Foi ele que criou a experiência revolucionária da Escola de Arquitetura da UnB, mesmo sem nunca ter sido professor por vocação. Foi ele também quem criou o Ceplan vinculado à Escola, desenvolvendo trabalho com professores, que, por conseqüência, traziam junto os alunos para os projetos.
ALBERTO DE FARIA, arquiteto do CEPLAN:
Há dois brasileiros que são reconhecidos em qualquer parte do mundo: Pelé e Niemeyer. Em sua primeira oportunidade, ele criou um ícone, o Palácio Capanema. A partir daí, influenciou toda a produção arquitetônica brasileira. Sua obra tem um lado mais escultórico, onde a beleza também é componente da arquitetura. A beleza, no trabalho de Niemeyer, contribui para a integridade de uma obra.
O Niemeyer foi um exemplo, que continuou produzindo até o final. Seu trabalho permitiu a afirmação brasileira no mundo através da arquitetura.
CLAUDIO OLIVEIRA ARANTES, arquiteto do Ceplan:
Sem dúvida, uma unanimidade internacional, um dos maiores arquitetos da história. Tem uma relação intrínseca com a Universidade de Brasília, já que o campus Darcy Ribeiro foi, em grande medida, condicionado pela participação dele. Até hoje, em qualquer intervenção que realizamos através do Ceplan, é impossível não ter nas criações dele algum ponto de referência. O que restou dele aqui foi o ICC e os prédios iniciais, mas o plano geral do campus que deixou é o que persiste até hoje, e aqui sempre estará. A criação e a estruturação da UnB passaram diretamente por sua prancheta.
CLÁUDIA ESTRELA PORTO, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB:
Niemeyer foi, entre todos os arquitetos brasileiros, sem dúvida, o que mais tem, e por muito tempo terá, repercussão mundial. Fiz pós-doutorado na França, mantenho contato direto com universidades de diferentes continentes e atesto que as pessoas conhecem Brasília nem tanto pelo plano urbanístico de Lúcio Costa, mas muito mais pela arquitetura de Oscar Niemeyer. É incontestavelmente o primeiro dos grandes arquitetos brasileiros. Dias atrás, por exemplo, estive no Palácio do Itamaraty depois de muito tempo e fiquei novamente maravilhada.
Para mim, é um gênio criativo. Há certas obras que não são tão funcionalmente bem resolvidas, mas plasticamente não se pode dizer que ele é menos que um gênio.
SONIA BAO, vice-reitora da Universidade de Brasília
Quando se fala em Niemeyer, imediatamente vemos, na pessoa dele, o projeto de Brasília. Mas, não só isso. Enxergamos ainda a UnB e as obras marcantes que ele deixou no Brasil e no mundo. É fácil reconhecer as características de suas obras porque seus projetos arquitetônicos chamam a atenção por sua grandiosidade. Seus traços são reconhecidos ainda em arquitetos que sofreram a sua influência.
SYLVIA FICHER, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília
Benini ditou o estilo da Roma Barroca deixando sua marca na cidade eterna. Niemeyer não apenas dita o estilo de Brasília como o de seu tempo em todo o mundo. Ele influenciou grandes nomes da arquitetura moderna.
GUILAH NASLAVSKY, professora de Teoria e História da Arquitetura Brasileira da Universidade Federal de Pernambuco
Sem dúvida, o principal expoente da arquitetura brasileira, por sua criatividade e ousadia. Sem ele, a arquitetura do nosso país não teria a importância que conquistou no século XX.
*** ANTONIO CARLOS CABRAL CARPINTEIRO, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB
Apesar de algumas críticas ao trabalho de Niemeyer, não tenho dúvidas sobre sua imensa importância. Incontestavelmente, é o maior arquiteto brasileiro de todos os tempos, tendo consolidado a arquitetura do nosso país como uma das grandes do mundo.