Jornal Correio Braziliense

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Dicas de português

Recado
;Ler ficção cria bons estudantes, melhora a capacidade de relacionamento e ativa os lugares certos do cérebro.;
Revista Veja


Contagem regressiva
A Copa verde-amarela bate à porta. Olho no calendário. Contagem de tempo futuro se escreve sem h: Estamos a um mês da Copa. Findo o espetáculo da bola, virão as eleições. Daqui a menos de cinco meses, será o show da urnas. Que venha!


Olho no retrovisor
Se falamos com o olho no retrovisor, a novela muda de enredo. Tempo passado pesa. Pede o h: Dilma se tornou presidente há quase quatro anos. Neymar fez as malas, bateu asas e voou pra Espanha há um tempinho. O Brasil sediou outra Copa há 64 anos. Deu chororô geral.


O tal do através

Marina Moura escreve: ;Meu falecido sogro, que era excelente jornalista, condenava o uso do através de quando o termo podia ser substituído por pelo, pela, por meio de. Eu também sou jornalista e vejo os colegas de profissão usando o tal do através sem ligar pras restrições. Sempre evitei o uso, mas me parece, me corrija se eu estiver errada, que hoje temos uma licença da língua para essa questão. O que você pensa a respeito?;

Antes, através de mantinha íntima relação com a família ; atravessar: Vejo o jardim através da janela. (Meu olhar atravessa o vidro e vê o jardim.) Mas as coisas mudaram. Os dicionários modernos abonaram o emprego do trissílabo com outras acepções. Eu continuo fiel à etimologia. Você também. Quem mudou de lado não perde mais pontos.


Vamos lá?
;Ela chega em todos os lugares;, diz a propaganda. E completa: ;Na sua casa, na sua mão e em mais de 5.400 municípios;. Reparou no descuido? A caminhada é longa. Pra chegar lá, a preposição a pede passagem. Afinal, a gente chega a algum lugar: Chega a São Paulo. Chega ao Rio. Chega ao trabalho. Chega a todos os lugares ; a sua casa, a sua mão e a mais de 5.400 municípios.


Ops!
Chega a sua casa? Chega à sua casa? Com crase ou sem crase? Faça a sua aposta:

a. com crase

b. sem crase

Escolheu a? Acertou. Preferiu b? Acertou. Antes de pronome possessivo, o artigo é facultativo. Podemos dizer seu chefe ou o seu chefe. Ora, o acentinho indica o casamento de dois aa ; o artigo e a preposição. Sem o artigo, o agudo não tem vez. Com o artigo, ganha banda de música e tapete vermelho. No caso, é acertar ou acertar: Dirigiu-se à minha cidade. Dirigiu-se a minha cidade. Chegou à sua escola. Chegou a sua escola. O cão é fiel à sua dona. O cão é fiel a sua dona.


Nem sempre
Há exceção? Claro que sim. A exceção confirma a regra. Existem casos em que o artigo se impõe. É quando o pronome aparece sozinho, sem o substantivo. Compare: Foi à (a) minha cidade, não à sua.

Na dúvida, banquemos o São Tomé. Vamos ao troca-troca ; substituir o nome feminino pelo masculino (não precisa ser sinônimo). Se aparecer ao, sinal de artigo (à). Se a, sinal de preposição pura (a): Foi a (ao) meu país, não ao seu.


Leitor pergunta
Use o cinto de segurança no banco detrás? Ou banco de trás?

Ana Maria, Brasília

Use, Ana Maria, o cinto de segurança no banco da frente e no banco de trás. Se houvesse banco dos lados, usaríamos cinto de segurança. Proteger-se é questão de civilidade. Pega bem como dar bom-dia ao entrar no elevador ou pedir licença ao interromper alguém.

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No muro frontal do colégio CEF 24 de Ceilândia, há a seguinte frase: ;Não importa os motivos da guerra, paz é mais importante que todos êles;. Que tal?

Francisco Ferreira de Matos F;, Ceilândia

A frase deu uma pisada na concordância e outra na grafia:

1. O sujeito de importa é motivos da guerra. Posta na ordem direta, a oração deixa claro quem é quem. Veja: Os motivos da guerra não importam.

2. Em tempos idos e vividos, eles exibia acento diferencial. Não exibe mais. Hoje, o português só tem dois chapeuzinhos diferenciais. Um: pôde, passado do verbo poder (hoje ele pode, ontem não pôde). O outro: o verbo pôr (vou pôr o livro na estante).

A bela mensagem ganhará nota 10 quando estiver escrita assim: Não importam os motivos da guerra, paz é mais importante que todos eles.