Mixurucas e exibidas
Oba! Vem aí um feriadão. São quatro dias de folga. Alguns dão asas aos pés. Caem no mundo. Outros ficam por aqui. Aproveitam o descanso pra sair da rotina. Um cineminha vai bem. Passeio no parque também. Que tal jogar conversa fora com amigos, familiares ou recém-conhecidos? Seja qual for o programa, vale homenagear o período que permite pôr as pernas pro ar.
Use maiúsculas e minúsculas como manda o dicionário. É assim: semana santa, quinta-feira santa, sexta-feira santa, sábado de aleluia escrevem-se com a inicial mixuruca. Páscoa e Sexta-feira da Paixão jogam em outro time. Nomes próprios, grafam-se com a primeira letra pra lá de exibida. Quem pode...pode.
Estragos cipriotas
Quem diria! Ilhazinha despretensiosa do Mediterrâneo causa estragos. De um lado, balança a União Europeia. A crise dos bancos que fazem a festa dos russos endinheirados afeta os países da zona do euro. De outro, agride a língua portuguesa. Repórteres dizem ;o Chipre;, ;do Chipre;, ;no Chifre;. Bobeiam. Chipre rejeita o artigo. Basta Chipre: Sou de Chipre. Moro em Chipre. Quem nasce em Chipre é cipriota.
Como saber?
Chipre? O Chipre? Sergipe? O Sergipe? Goiás? O Goiás? Tocantins? O Tocantins? Valha-nos, Deus! Como sair da enrascada? A resposta está no dicionário. Procure o adjetivo pátrio. Preste atenção à definição. Ela diz ;natural ou originário;de?; Então, nada de artigo. ;Natural ou originário do, da, dos, das?; O artigo pede passagem.
Cipriota é o natural de Chipre. Sergipano, de Sergipe. Goiano, de Goiás. Tocantinense, do Tocantins. Estadunidense, dos Estados Unidos. Bahamense, das Bahamas. Assim, diga de boca cheia, com orgulho sem fim: A crise de Chipre derrubou as bolsas europeias. Sergipe se prepara pra semana santa. Paulo nasceu em Goiás, mas o irmão veio ao mundo no Tocantins. Quero visitar Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Lição de Moacyr Scliar
;Precisamos reconhecer nossas limitações e trabalhar o texto com dedicação, refazendo-o tantas vezes quantas for necessário, porque escrever é, sobretudo, reescrever.;
Três diquinhas
Uma pergunta e uma resposta valem ouro. Ensinam três lições simples, mas capazes de causar boa impressão e garantir pontos em provas, em promoções, em disputas amorosas. Ei-las:
; Que horas são?
; É meio-dia e meia.
Dica 1: Meio-dia se escreve assim ; com hífen. Meia-noite também.
Dica 2: Meia concorda com hora ; meio-dia e meia (hora).
Dica 3: A pergunta usa o verbo no plural (Que horas são?). A resposta, no singular (É meio-dia e meia.). Por quê? O verbo concorda com o numeral: É zero hora. É meio-dia. É uma hora. É meia-noite. São duas horas. São oito horas.
Leitor pergunta
Sou fã do Manhattan Connection. O programa de domingo foi um show. A equipe comemorou duas décadas de sucesso. Retrospectiva, concurso da melhor frase, muitos risos e gargalhadas. Bem-humorado, Lucas soltou esta: ;Fazem 20 anos que estamos no ar;. Pisou a concordância, não?
Clarice Lucas, BH
Pisou. No entusiasmo, ele esqueceu pormenor pra lá de importante. O verbo fazer, na indicação de tempo, é impessoal. Sem sujeito, só se flexiona na terceira pessoa do singular: Faz 20 anos que este programa está no ar. Ontem fez 30 anos que viajei para a Europa. Faz 10 minutos que cheguei aqui.