Recado:
;Quem apostou na morte do livro morreu antes.; Zuenir Ventura
Nós queremos
O Brasil parou. Mais de 30 categorias de servidores públicos bateram pé e cruzaram os braços. Entre elas, a Polícia Federal, a Receita, as universidades. Todos querem revisão de salário. Brasília virou palco das reivindicações. Na Esplanada dos Ministérios, os funcionários fazem passeatas, exibem faixas e anunciam aos quatro ventos o que esperam do governo.
Para serem ouvidos nos gabinetes, recorrem a alto-falante. Ninguém sabe se Dilma & cia. põem tampão nos ouvidos. Quem não põe reclama do barulho e da monotonia. A música ;Índia da pele morena / sua boca pequena que eu quero beijar; não dá folga. No meio do tumulto, pintou uma dúvida. Qual o plural de alto-falante? É alto-falantes.
Alto e bom som
Olho vivo! Os grevistas proclamam alto e bom som que não voltam ao trabalho de mãos vazias. Viu? A expressão é alto e bom som. Com ela, o ;em; (em alto e bom som) não tem vez. Xô! Xô! Xô!
Por falar em greve;
Sabia? Greve se chama greve por influência do francês. Os trabalhadores parisienses costumavam se reunir na Place de Gr;ve. Ali faziam de tudo. Protestavam. Apresentavam reivindicações. Os desempregados exibiam os braços cruzados. Em 1803, a praça mudou de nome. Virou Place d;Hôtel-de-Ville. Não deu outra. O substantivo próprio virou comum. E se mantém até hoje.
A hora da verdade
Ufa! O julgamento do mensalão se aproxima da fase mais emocionante. Depois do festival de acusações e defesas, chegou a hora das sentenças. São 38. Os mensaleiros tremem nas bases. O veredicto não tem meio-termo. É condenação ou absolvição. Enquanto a decisão não vem, vale repetir que uma letra faz a diferença. Muitos trocam o l pelo r. Em vez de absolver, escrevem absorver.
Nada feito. A duplinha tem a mesma origem. Vem do latim. Mas não se conhece nem de elevador. Absolver, de absolvere, quer dizer perdoar, remir, inocentar. Absorver, de absorbere, significa consumir, sorver, recolher em si. O dono do r tem família interessante. Entre seus membros, sobressaem absorto e absorvente.
Alemanha
Que canseira! Há cinco anos, a União Europeia vê despencar o PIB, a produção e os empregos. As teorias conhecidas mostram-se impotentes para dar resposta eficaz ao problema. A crescente deterioração do quadro não acende luz no fim do túnel. A Alemanha, que vem sustentando o bloco, anunciou: ;Sou resistente, mas não super-resistente;.
Ops! Por que super-resistente se escreve assim, com hífen? Porque o prefixo super é maria vai com as outras. Exige o tracinho em duas ocasiões. Uma: quando seguido de h (super-homem, super-herói, super-história). A outra: quando duas letras iguais se encontram (super-região, super-rico, super-racional).
Do mesmo time
A regra do super vale para boa parte dos prefixos. Veja: mini-história, anti-histeria, extra-humano, semi-hospitalar, pseudo-herói, extra-habitual, contra-ataque, sub-bloco, micro-ondas, semi-irregular, hiper-rico, inter-racial.
No mais, é tudo colado. Assim: supermercado, minicarro, minissaia, internacional, semicírculo, antigripal, pseudomédico, extraconjugal, hipersaudável, microestrutura.
Moral da história: No emprego do hífen, os iguais se rejeitam. Xô! Os diferentes se atraem. Vêm!
Leitor pergunta
Na frase: ;Informamos que foram encaminhadas 360 manifestações;, como fica a escrita por extenso do numeral? Emprego-o no masculino ou no feminino ao me referir às manifestações?
Evelyne, lugar incerto
O numeral concorda com o nome a que se refere: dois livros, duas mesas, trezentas e sessenta manifestações, um milhão de vezes, dois milhões de crianças, dois milhares de declarações.