"Elas têm esse nome em homenagem ao seu inventor, o químico suíço Michael Gratzel", esclarece. Segundo Pilar - que coordena um grupo de pesquisa na área -, Gratzel observou como a clorofila das plantas ajudava a converter a luz do sol em energia e desenvolveu um sistema parecido em laboratório, utilizando corantes extraídos de folhas e frutos, nanopartículas semicondutoras de dióxido de titânio e substratos mais baratos como o polímero PET.
"Células solares desse tipo são mais baratas que as comercializadas hoje em dia e podem vir a ser uma opção viável para comunidades de baixa renda", aponta a professora de origem peruana.
A redução do custo de fabricação se deve à substituição de um dos materiais - o silício - por outros, como o dióxido de titânio. "Para obter a mesma eficiência energética, outras substâncias são inseridas na célula e testadas", explica. "Entre elas, os corantes obtidos de plantas do cerrado."
Pilar conta que o projeto iniciado em São Paulo, em parceria com a USP e a Fundação Educacional Inaciana de São Bernardo do Campo, segue obtendo bons resultados.
Por duas vezes ; em 2010 e no final do ano passado ;, a UnB obteve o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). "De nove propostas de pesquisa apresentadas, fomos os únicos contemplados", orgulha-se.
"O setor de fotovoltaicos cresce no mundo inteiro e deve gerar, em dez anos, quase o mesmo número de empregos da indústria automobilística atual", diz Pilar.
"No Brasil, no entanto, grande parte do trabalho concentra-se na produção de bicombustíveis", observa. "É preciso capacitar mais laboratórios e pessoal para trabalhar na produção de energia solar", acredita.
LARGA ESCALA
Para a pesquisadora, o potencial das células solares é tão grande que, entre futuras aplicações, ela cita a cadeia produtiva do petróleo. "O diesel que alimenta os motores de sondas e brocas poderá ser substituído por células solares", afirma.
"Em mar aberto - perfurações offshore -, por que não utilizar a luz do sol para gerar energia?", questiona. "Grandes empresas, como Petrobras e Chevron, estão interessadas em fontes alternativas menos poluentes."
TESTES - Para preparar cada célula, diferentes materiais e procedimentos são utilizados. O estudante Haroldo do Rosário Vieira Júnior, membro do grupo de pesquisa, conta que dezenas de protótipos foram testados até o momento.
"Em média, o preparo de cada um leva três dias", diz. "A corrente elétrica se intensifica ou diminui dependendo de como são feitos", explica o estudante, enquanto mostra um frasco contendo nanotubos de carbono, uma das substâncias usadas para aumentar a eficiência das células solares.
No ano passado, parte dos resultados foram apresentados no Congresso Mundial de Energia Solar, em Cancún, no México. ;No próximo mês, o trabalho vai ser apresentado em um encontro na Escócia;, anima-se Haroldo.
Confira o projeto na íntegra.