Aplicado desde 2011, este ano o Revalida atraiu maior atenção devido à polêmica surgida com a iniciativa do governo federal de autorizar profissionais de outros países a atuarem em regiões onde faltam médicos na rede pública de saúde sem se submeterem à prova. Além disso, o número de candidatos este ano (1.851) foi mais de duas vezes maior do que em 2012, quando 922 pessoas se inscreveram. E o número de cidades onde ocorrem as provas quase dobrou, passando de seis capitais a dez: Brasília (DF); Campo Grande (MS); Curitiba (PR); Fortaleza (CE); Manaus (AM); Porto Alegre (RS); Rio Branco (AC); Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), além de São Paulo (SP), onde foi registrado o maior número de candidatos inscritos (424).
Ansiosos diante da expectativa de ficar das 8h às 13h respondendo às 110 perguntas de múltipla escolha e das 15h às 18h fazendo as cinco questões discursivas, vários candidatos ouvidos pela Agência Brasil comentaram que seria melhor se o exame fosse feito em dois dias.
Já atuando profissionalmente, Martins diz não ter enfrentado grandes dificuldades para colocar em prática, no Brasil, o que aprendeu em Cuba. ;O ensino lá é muito competente. Hoje, com a globalização do conhecimento, o ensino está bastante uniformizado no mundo inteiro. Em Cuba ou aqui, as referências bibliográficas são basicamente as mesmas e, no caso das especialidades, há parâmetros internacionais;, acrescentou Martins, que disse não ver problemas em médicos estrangeiros contratados para atuar em regiões carentes do país por meio do Programa Mais Médicos serem liberados de revalidarem seus diplomas.
;Acho que seria justo e que não haveria problemas em submetê-los à prova, mas é preciso lembrar que eles estão vindo em caráter emergencial. Não que este seja o melhor caminho para resolver o problema da saúde, mas, além de investimentos na infraestrutura e da criação de uma carreira [de Estado] para incentivar os médicos a irem para áreas de difícil acesso, eu acredito que são necessárias medidas emergenciais, pois há pessoas doentes precisando de atenção e é difícil encontrar quem queira ir para onde elas estão;, disse Martins.
;Fui para Cuba atraído pelo reconhecimento mundial da qualidade do sistema de saúde cubano e pela importância que, lá, se dá à atenção primária. Fui indicado por um partido [político], fiz a prova na embaixada cubana e me mudei;, contou Bispo, para quem a polêmica em torno da vinda de médicos estrangeiros e a liberação desses de fazerem o Revalida é fruto de uma ;briga política;.
;Enquanto países europeus como Portugal pedem que os médicos cubanos permaneçam trabalhando por lá, alguns, no Brasil, revidam a essa iniciativa;, argumentou Bispo, que também disse não vêr incoerência alguma entre ter que se submeter ao Revalida para poder exercer a medicina no seu próprio país, enquanto profissionais estrangeiros contratados pelo Programa Mais Médicos são dispensados do exame.
;Uma coisa é a revalidação dos diplomas. Outra é o programa federal. Se o país precisa de médicos, se há lugares onde não há profissionais, eu não vejo nenhuma injustiça nisso. Não creio que seja a solução, mas é uma iniciativa correta, em vista do caráter emergencial. Se formos falar de prova, aqui ninguém que se forma faz um exame para ver se de fato está apto a trabalhar. Ao contrário do que acontece em Cuba, onde todos têm que fazer um exame de ordem", disse Bispo.