Uma das principais estatísticas do governo para exibir o sucesso da política econômica da era Lula, a geração de empregos despencou em julho e registrou um saldo positivo de apenas 41.463 postos de trabalho. O mercado esperava, em média, 100 mil vagas. Esse é o pior resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para o mês, desde 2003. Em comparação a junho ; quando foram criadas 123.836 vagas ;, houve retração de 66,6%. O quadro é tão desalentador, que o ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Manoel Dias, abandonou a previsão de que o país fechará o ano com 1,4 milhão de postos criados.
Dias admitiu que a queda na geração de vagas no mercado formal de trabalho preocupa o governo. Para tentar justificar o resultado pífio, ele ressaltou que a criação de emprego está compatível com a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Entretanto, o ministro não explicou as razões para uma desaceleração tão forte. ;Esses dados não são negativos. São melhores do que os de países europeus. Criamos em média 100 mil vagas por mês;, minimizou.
O otimismo de Dias não reflete a dura realidade estampada nos números do Caged. A dimensão do problema é mais perceptível na comparação dos números de julho deste ano com o mesmo período de 2012, quando o saldo ficou positivo em 142.496. Em um ano, a perda de capacidade do setor produtivo em contratar chegou à impressionante marca de 70.9%. No acumulado dos sete primeiros meses de 2013, foram abertos 918.193 empregos com carteira assinada. Isso representa uma queda de 33,5% frente a igual período de 2012, quando foram abertos 1,36 milhão de postos. É o pior resultado desde 2009, quando foram criados apenas 397.936 empregos.
Entre os setores pesquisados, a desaceleração é generalizada. Segmento que mais emprega no país, o de serviços elevou em julho apenas 11.234 o número de trabalhadores. Em junho, o saldo positivo foi de 44.022 postos. A área de educação fechou 8.699 empregos. A indústria têxtil e de vestuário encerrou 699 postos; a de borracha, fumo e couros, outros 2.687 e a de madeira e mobiliários, 882.
Desaceleração
Para a economista do banco Santander Fernanda Consorte, o resultado é ruim e piora quando a sazonalidade da série é excluída. Ela estima que o número de vagas criadas cai para 27 mil, o que sugere uma tendência de queda mais forte nos próximos meses. Conforme Fernanda, esses resultados mostram que a Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está mais alinhada com o Caged. Ela projeta que o indicador do IBGE aumentará até o fim do ano e fechará com taxa de desemprego de até 5,8%. ;Em 2014 a taxa de desocupação chegará a 6,6%;, completou.
O economista-chefe da gestora de recursos Opus, José Márcio Camargo, avaliou como fraco o resultado do Caged. Para ele, o resultado é fruto de um baixo crescimento econômico e a taxa de desemprego deve aumentar nos próximos meses. Conforme Camargo, é muito provável que em agosto o resultado seja ainda pior. ;O mercado de trabalho sinaliza essa desaceleração há algum tempo. A população economicamente ativa cresce menos, mas mesmo assim o desemprego aumenta;, completou.