Por enquanto, os deputados rejeitaram as mudanças feitas pelos senadores, com uma exceção: o plenário manteve apenas o dispositivo do texto do Senado que permite a estados e municípios aplicarem em educação somente as receitas obtidas com os contratos celebrados a partir de 3 de dezembro de 2012. O substitutivo da Câmara, do deputado André Figueiredo (PDT-CE), determinava que a aplicação em educação fosse feita com as receitas conseguidas com os poços cuja comercialidade foi declarada a partir dessa data.
Pela matéria, que segue a sanção presidencial depois que passar no Congresso, 75% dos recursos dos royalties serão destinados à educação e 25% deverão ser aplicados em saúde. O Palácio do Planalto desejava originalmente que 100% da verba fosse investida no ensino.
A protelação da apreciação do projeto ajudou a limpar a derrota iminente do governo no plenário ontem. O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), chegou a criticar, da tribuna, os partidos da base que votaram contra a proposta defendida pelo governo (texto do Senado). ;Não estamos aqui para ser governo só quando há interesse. Tem que ser governo com ônus e bônus. Nós precisamos reestabelecer a coalizão. Temos de proteger a nossa bancada e os partidos fiéis ao governo. Não dá para ser governo de manhã e oposição à noite. Já a oposição está no papel dela;, disparou.
A votação entrou noite adentro porque o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), queria que os deputados apreciassem a matéria vinda do Senado artigo por artigo, pois tinha interesse em alterar, por exemplo, o item que obrigava que 60% da produção de óleo do país dos poços a serem licitados tivesse como destino certo os cofres da União. O requerimento foi derrubado depois de muita discussão pela maioria do plenário, sob os gritos de ;futuro da nação, saúde e educação;. Porém, mais quatro destaques ficaram para votação: três do PMDB e um do PT.
Retrocesso
Figueiredo classificou de retrocesso o texto costurado pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e pelo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), relator da matéria naquela Casa. ;No texto da Câmara, são dois eixos: maior alocação de recursos e mais rapidez na materialidade desses recursos. Todos os que verdadeiramente defendem a educação avaliam que o texto do Senado é um retrocesso em relação ao da Câmara;, resumiu.
;Temos de proteger a nossa bancada e os partidos fiéis ao governo. Não dá para ser governo de manhã e oposição à noite;
José Guimarães, líder do PT na Câmara