Boa parte dos cartazes é feito pelos manifestantes de forma livre e espontânea ainda durante o período das concentrações das passeatas. Com papel e pincel na mão, eles se divertem criando as frases. Muitos fazem questão de posar para fotos entre os amigos e, dali mesmo, já postam na internet com a tecnologia e velocidade do celular. Outros preferem fazer o seu slogan em casa. Quando helicópteros passam por cima da multidão, muitos exibem as mensagens com o cartaz voltado ao céu, orgulhosamente.
São poucas as faixas que defendem apenas uma categoria específica, como em casos de passeatas organizadas por sindicatos, por exemplo. Mas, como os atos reúnem pessoas de diferentes setores, é possível ver pedidos setorizados. Na última quinta-feira, diante do Congresso, dois homens seguravam uma grande faixa pedindo a desmilitarização da polícia. Eles ficavam de um lado para o outro exibindo o recado, principalmente em frente aos policiais. Porém, a maioria das pessoas portava cartazes contra a PEC 37, o voto secreto, a corrupção e os gastos com a Copa.
;Esse movimento dos cartazes é novo aqui no Brasil. Isso é comum em protestos no mundo afora, principalmente nos Estados Unidos, desde a década de 1960. Aqui, isso criou uma espécie de frisson porque você não é apenas um número na multidão, mas sim uma pessoa que está mostrando a sua mensagem, captada por câmeras e espalhada nas redes sociais;, avalia o cientista político da Universidade de Brasília Leonardo Barreto. Segundo ele, as faixas contribuem para que os cidadãos exponham as suas próprias demandas, tornando o evento heterogêneo. ;Nós vemos todo tipo de reivindicação e isso contribui para que seja um evento sem agenda;, conclui.
Coletânea de cartazes exibidos em estádios ou nas passeatas: criatividade a mil por hora |