Os estudantes do nono ano das escolas brasilienses estão entre os mais experimentaram algum tipo de droga ilícita no país. O percentual de jovens com idade entre 13 e15 anos que já usou algum tipo de entorpecente, como maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança- perfume e ecstasy, na capital federal, é quase o dobro da média nacional: 14,1% frente a 7,3%. O DF só perde para Florianópolis (17,5%) e Curitiba (14,4%). Os dados da pesquisa PeNSE 2012, que trata de saúde escolar, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram ainda que o maior percentual foi registrado nas escolas públicas, 15,6%. Nas particulares, foi 9,5%, e não há diferença entre os sexos. Tanto meninos quanto meninas experimentaram algum tipo de droga.
Entre os entorpecentes mais usados na cidade, a maconha é destaque. No total, 5% de estudantes relataram ter usado a droga, o que coloca o DF em quinto lugar no país, com o dobro do índice da média nacional. A psicóloga Mônica Sapperman, orientadora em uma escola local, acredita que o percentual expressivo do uso de entorpecentes pode ser resultado do acompanhamento não eficiente dos pais. ;Parece que em Brasília o acesso a tudo é mais fácil. Os adolescentes estão cada vez mais cedo com menos supervisão, mais informação e pouca orientação sobre como refletir. E, assim, são mais influenciados por grupos;, avalia.
Presidente do Sindicato de Escolas Particulares do DF (Sinepe-DF), a pedagoga Fátima de Mello Franco destaca que nessa faixa etária é preciso fazer um trabalho preventivo intenso. Ela aconselha aos educadores observar se o aluno está com algum comportamento diferente e, imediatamente, chamardm as famílias. ;O acompanhamento deve ser em conjunto. O papel da escola não é só o desenvolvimento da parte cognitiva, mas também da promoção de valores nas crianças e nos jovens;, ressalta.
Outro sinal de preocupação é o uso de álcool e cigarros. No DF, mais de dois em cada 10 estudantes já fumaram e sete já experimentaram algum tipo de bebida alcoólica. Em contrapartida, supera 90% o percentual de estudantes que declararam que a família se importaria muito se soubesse que ele fuma. A preocupação quanto à bebida alcoólica é levemente menor. Os índices tanto nacional quanto local não ultrapassam 90%. A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, Clara Goldman, enfatiza que essa preocupação deve ser permanente, porque também é preciso tratar do que é lícito. ;Sabemos que o envolvimento de jovens e adolescentes com o álcool é cada vez mais precoce, e é preciso ficar em alerta.;
A proporção de brasilienses que iniciou a vida sexual nessa faixa etária é menor que o índice nacional. É de praticamente um em cada quatro, enquanto que considerando os números de todo o país é de quase um em cada três. A quantidade de brasiliense que informou ter dirigido um veículo motorizado também é menor que a média nacional. Foram 20,8% diante 27,1%. A pesquisa ouviu 109.104 alunos do 9; ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas em todo país, a grande maioria (86%) com idade de 13 a 15 anos.