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Laços de ternura

Uma égua que puxava carroça nas ruas de Brasília, agora, vive em uma escola cercada de carinho

Passear a cavalo, acariciá-lo, escovar a crina, alimentá-lo com frutas e feno... Falando assim, parece até um sonho de cavaleiro, não é? Acontece que ninguém precisa ser príncipe ou membro de cavalaria para fazer tudo isso. No Centro de Educação Natural e Integral (Ceni), crianças praticam a equoterapia, método em que interagem com um equino para desenvolver a mente, a saúde e a relação com as pessoas. No total, 25 crianças brincam, dão comida e galopam na Garota, uma égua que chegou até a escola de forma muito especial.

Garota não tinha nome. Era apenas uma besta de carga que apanhava bastante do próprio dono. Chegou ao Ceni bem magrinha, cheia de marcas e carregando pesadíssimos materiais de construção. Ao ver aquela situação, a professora Rita Gomes ficou pasma e deu um jeito naquilo.

; Rita perguntou ao carroceiro quanto cobrava por aquela égua, e acredite, ela pagou o preço de um cavalo de raça, disse Clemes Menegassi, diretora da escola. Quando Garota passou a viver na escola ; , há mais ou menos 17 anos ; não demorou muito para que todos ganhassem simpatia por ela.

A diretora disse que a égua é dócil, muito respeitadora. E é por isso que as crianças se sentem tão seguras na equoterapia. No início, sempre tem muita tensão. João Antônio Leiva, de 1 ano e 6 meses, mal conseguia dizer algumas palavras, mas chorava aos berros quando via o animal. Hoje em dia, veja só, monta como se fosse profissional! Outras crianças também compartilham dessa alegria.

; Adoro montar na Garota, diz Maria Luiza de Abreu, 6 anos, que apesar da aproximação com ela, ainda tem medo de alimentá-la. Mas tem gente que até se arrisca em umas aventuras, como Higor Figueiredo, que com apenas 6 anos afirma fazer manobras perigosas no animal. ; Posso fazer ela correr e até saltar, assegura o menino.

Até os menos corajosos dão um jeitinho de se envolver com Garota. Lucas Maciel, 9 anos, não brinca muito com a égua, mas desenvolve um projeto de pesquisa em que estuda o comportamento do animal.

; Pesquisei o nome científico dela, os sons que ela faz, e agora estou fazendo entrevistas para saber de quais cuidados ela precisa e quanto gastam com tudo, explica.

Aliás, quem conhece bem essa menina é Jardel Reis, que trabalha na escola e cuida dos animais que lá vivem. O caseiro garante que ela é tratada como uma princesa:

; Em dias de terapia, ela toma banho, é escovada, celada e levada até os alunos. Em geral, come milho, ração e feno. É danada, muito esperta. Só falta falar.