A empresa EPRO3D, focada nesse segmento, tem uma mineradora de grande porte como cliente. O diretor de Desenvolvimento, Arley Costa, 29 anos, conta que o empreendimento surgiu simultâneamente à popularização das máquinas de impressão em três dimensões, em 2011. ;A tecnologia é nova. Apesar da divulgação, só começou a ser utilizada nos últimos dois anos;, ressalva Costa.
A EPRO3D tem, atualmente, três máquinas de médio porte que utilizam ABS plástico (o mesmo dos painéis de carro), material de alta resistência, para a produção das peças. ;As maquetes podem cair no chão e não quebram. Além disso, colocamos cor;, conta Costa. O diretor explica que, no início, usavam impressoras 3D pessoais, vendidas hoje por R$ 6 mil, mas trocaram à medida que a empresa cresceu.
Os softwares para a modelagem dos projetos ficam a gosto do freguês: SmartPlant, Autocad, Micro Stage... A empresa oferece ainda simulação 4D, que inclui a linha do tempo do projeto a ser implantado. O responsável pela obra poderá visualizar em que etapa será feita a fundação do prédio, por exemplo.
Apesar da evolução das impressoras 3D, simular um distribuidor de polpa de minério, com 5cm de altura (o real chega a ter 5m), pode levar até seis horas de impressão. No entanto, o dono da empresa garante que vale a pena, porque a máquina é fundamental para os projetos. ;É aí que entramos em cena;, afirma Costa. A EPRO3D tem sete profissionais, entre projetistas sêniors e engenheiros mecânicos, civis e elétricos. Ela não atende só a alta indústria ; é possível prototipar uma casa, por exemplo, e simular uma reforma.
Pitacos
Na verdade, por meio da impressão 3D, é possível prototipar uma infinidade de objetos. Partindo disso, e pensando em canalizar as ideias que surgem de mentes inventivas por aí, surgiu o site Estilo Vivo (estilovivo.com.br), comunidade criativa de produtos. Um deles, por exemplo, é uma caneca com USB, que mantém o café quentinho ao ser plugada no computador. O projeto está em fase de design.
O Estilo Vivo entrou no ar em outubro do ano passado e está em fase beta. Atualmente, são mais de 600 usuários, 10 mil visitas diárias e 210 projetos cadastrados. Walter Rodrigues Júnior, 38, cofundador do portal, conta que o projeto foi baseado no site norte-americano Quirky (www.quirky.com), feito para criar produtos para a comunidade. ;A página é uma adaptação para o mercado brasileiro; há muitos problemas que são só nossos. Ele coloca as impressoras 3D a serviço dos consumidores;, ressalta. Segundo ele, a ideia de um plugue sextavado e uma extensão elétrica modular são alguns dos exemplos de impasses enfrentados somente pelo Brasil, após o novo padrão de tomadas adotado.
No site americano, os comentários ficam só na aprovação ou na desaprovação dos produtos. Mas os brasileiros dão pitaco nas invenções. ;No Brasil, as pessoas gostam de ser técnico de futebol e também engenheiro de produtos;, brinca Júnior. Outro ponto que difere do Quirky é que o Estilo Vivo premia os usuários antes mesmo do lançamento das criações. O melhor ganha R$ 3 mil e o inventor ganha R$ 500.
Walter explica que a indústria gasta bastante dinheiro com máquinas para produzir modelos de novas peças e de produtos. Com as impressoras 3D, é possível fazer protótipos e verificar o que realmente é válido ou não para a produção em larga escala. ;A tecnologia está sendo usada, de fato, não por hobby, mas para criar produtos diferenciados;, destaca. A Estilo Vivo deve fazer, primeiramente, os modelos de testes de cada ideia aprovada, mas por integrar um grupo grande de soluções de impressão 3D, a comunidade consegue entregar o produto pronto, com circuitos elétricos e acabamento de qualidade.