A presença do papa na jornada, que deve reunir mais de 2 milhões de pessoas, segundo a organização, tinha sido confirmada pelo Vaticano e pela presidente Dilma Rousseff, que se reuniu com Francisco na quarta-feira. Na ocasião, o pontífice manifestou a vontade de visitar também a cidade de Aparecida, no interior de São Paulo, onde, em 2007, ele participou da elaboração do documento final da Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha. ;Queridos amigos, também eu me ponho a caminho, seguindo os passos do beato João Paulo II e de Bento XVI. Agora, já estamos perto dessa grande peregrinação da Cruz de Cristo;, acrescentou.
Durante a homilia, Francisco pediu aos seguidores que não se permitam perder a alegria, a esperança e a juventude e não esqueçam o significado do sacrifício ; tema afim ao da Semana Santa. Descontraído, ele improvisou em diferentes momentos e citou um ditado que atribuiu à avó. ;Ela dizia que o sudário não tem bolsos;, contou o papa, referindo-se a uma das mais célebres relíquias de Jesus para explicar que os bens materiais acumulados na vida não acompanham os donos pela eternidade.
Ao apontar as ;feridas que infligem a humanidade;, Francisco fez ecoar o discurso de Bento XVI, que já denunciava a ;sujeira; e os ;abusos; da luta pelo poder, inclusive dentro da Igreja. ;Vamos olhar à nossa volta: quantas feridas o mal impõe à humanidade;, lamentou, citando a ganância, a corrupção e a guerra. ;Não devemos nunca ser usados pelo mal;, advertiu o pontífice. Ele confortou os pobres e os doentes e lembrou o dia mundial contra a tuberculose. ;Que a Virgem Dolorosa ampare especialmente quem está passando por situações difíceis;, pediu.
Francisco abençoou os ramos levados pelos fiéis que assistiram à cerimônia e passeou com o papamóvel no meio da multidão, distribuindo beijos e abraços enquanto as pessoas agitavam galhos de oliveiras e palmeiras. O gesto lembra a passagem bíblica do domingo de Ramos, que narra a entrada de Jesus em Jerusalém, cinco dias antes da crucificação.
O Vaticano não divulgou a agenda de compromissos do papa para os próximos dias, mas informou que os ritos da Semana Santa serão seguidos conforme a tradição. Na quinta-feira, porém, o papa quebrará o costume de celebrar a missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, ou na de São João Latrão, em Roma. Francisco visitará um centro de detenção juvenil, onde lavará os pés de 12 detentos, em cerimônia que repete o gesto de Jesus para com os apóstolos, antecedendo a última ceia.