Das mudanças anunciadas pelo atual presidente da empresa, Tim Cook, muitas já eram faladas há meses pela internet. Inclusive a maior de todas, a tela mais longa, de 4 polegadas, a primeira a sair do padrão dos outros iPhones. Essa foi a maneira encontrada pela Apple de não perder a corrida para outras empresas que atacam com formatos de até 5,5 polegadas. O diferencial é que o telefone da maçã só cresceu para cima, mantendo a largura do aparelho, considerada confortável para manuseá-lo com uma só mão.
Também confirmando os boatos, o telefone ficou 20% mais leve, graças à espessura 18% menor, o que mereceu elogios do chefe de Marketing da Apple, Phil Schiller. ;É uma joia absoluta. O software e o trabalho de engenharia empregados neste produto são os maiores desafios que nossa equipe já assumiu;, afirmou, durante o lançamento, em San Francisco. O aparelho pesa 112g e é anunciado como o mais fino smartphone do mundo. A cobertura de vidro traseira condenada pelo público também foi substituída por uma mais resistente, de alumínio.
Em resumo, a maioria das novidades são, na verdade, melhorias do modelo anterior. ;A tendência por um bom tempo serão as inovações incrementais. Não se esqueça de que há uma guerra de patentes e um mercado há muito tempo saturado. Não há nesse momento condições para inovações disruptivas. Por que mudar um time que está ganhando?;, avalia Marcelo Zuffo, pesquisador do LSI ; Laboratório de Sistemas Integráveis de Engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Para o especialista, a Apple focou em corrigir críticas feitas aos modelos anteriores, como a lentidão de conexão e de processamento. O novo processador A6 tem quase o dobro da potência do anterior. ;A Apple aprimorou o microprocessador, que é o coração do celular, mas não a memória. Há uma tendência de a memória ser menor, e os arquivos ficarem na nuvem. Assim, os celulares podem ser mais baratos, como deve ser o novo iPhone;, compara Zuffo. Estima-se que cada gigabyte adicional nos aparelhos da Apple custe US$ 2, enquanto ela cobra apenas US$ 25 pelo uso de 90GB da iCloud por um ano.
O serviço da nuvem fica mais acessível com a nova conexão 4G LTE do iPhone 5. O antigo 3G tinha capacidade de download de 10 Mbps, apenas 1/10 do potencial da nova geração. Com ela é possível, por exemplo, baixar arquivos com mais rapidez, ver vídeos em alta resolução em tempo real e acessar sites com um tempo de carregamento muito menor. O serviço já está em uso nos Estados Unidos e na Europa há dois anos, e era esperado no novo iPhone.
O problema é que nada disso estará disponível no Brasil. ;A rede 4G só está prevista para o país a partir de 2013, e só nas cidades da Copa do Mundo. Aqui, o iPhone vai se conectar pela rede 3G mesmo;, explica o professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB) André Noll. ;Não vale a pena. Porque, quando a rede chegar ao Brasil, daqui a um ano, haverá um celular mais moderno com a mesma transmissão;, acredita André.
Os fãs assumidos da Apple, no entanto, defendem o novo aparelho, mas admitem que não tiveram a fome por novidades saciada. ;Realmente, a Apple não surpreendeu. Primeiro, porque vazaram muitas informações, e também porque não teve nenhuma ;próxima grande coisa;, como o Steve Jobs sempre procurava fazer. A gente espera que ela inove, e não foi isso o que aconteceu;, lamenta William Neves, blogueiro do site Apple Addicted.
Desejos
Enquanto os rumores circulavam, o público imaginava tudo o que queria no novo sistema iOS 6, e ainda debatia desejos na internet, como uma assistente pessoal Siri que falasse português. ;Eu queria que ele tivesse mais compartilhamento de widgets, que são as informações rápidas na tela. Também não entendi por que não veio com a tecnologia MSC, que usa o contato do telefone para fazer pagamentos, como o Galaxy e alguns Motorolas;, lista Neves. ;Mas é um aparelho ótimo, não vejo necessidade de a Apple convencer ninguém;, ressalta o blogueiro, que deve trocar seu iPhone 4S pelo novo assim que puder.
Além do design, do processador e da conexão, o iPhone 5 também ostenta outras reformas baseadas no modelo antigo. As câmeras têm os mesmos 1,3MP e 8MP que as do 4S, mas com a função HD na lente frontal, um sistema de foco aprimorado e a função panorâmica. Há ainda ganha a opção de tirar fotos enquanto filma. Já o novo sistema iOS esbanja um aplicativo de mapas e mais funções para a assistente Siri, que agora dá sugestões de passeios e até mesmo posta no Facebook. Os acessórios também ganharam outras formas: o cabo ficou 80% menor, e o fone de ouvido, mais anatômico (veja quadro).
A pré-venda do iPhone5 começa hoje, e o aparelho chega às lojas de alguns países em uma semana. No Brasil, ele deve ser lançado até dezembro, bem a tempo do Natal. O preço varia de US$ 199 a US$ 399, mas ainda não há valores definidos para o país. Como nos Estados Unidos o smartphone não será vendido desbloqueado, os que não quiserem esperar podem procurar o aparelho no Canadá ou na Europa.