Jornal Correio Braziliense

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Mais da metade dos ingressantes desistem de cursos superiores

Dados são do Censo da Educação Superior 2018, apresentado nesta quinta-feira (19) pelo Ministério da Educação. Oferta de vagas a distância supera a presencial

O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apresentaram, nesta quinta-feira (19), os dados do Censo da Educação Superior 2018, a maior fonte de informação da educação superior no Brasil. O levantamento mostra, entre diversos outros aspectos, que a população de jovens que mais estuda no país tem como perfil predominante as mulheres, brancas e da região Sudeste. Os 25% mais ricos permanecem, em média, 13,2 anos em instituições de ensino, enquanto os 25% mais pobres estuda por menos de 10 anos.

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Para o levantamento, o Inep contabilizou 8,4 milhões de alunos matriculados em instituições de educação superior, dos quais 20% estão em universidades públicas. "Mais da metade dos ingressantes de cursos superiores desistem antes de terminarem a graduação;, afirma o ministro Abraham Weintraub.

Além disso, as matrículas em curso de graduação diminuíram. Nos últimos 10 anos, as matrículas em cursos de graduação estavam crescendo, em média, 3,8% anualmente. Em 2018, o aumento foi de apenas 1,9% - 1,6% na rede pública e 2,1% na rede privada.

Segundo o levantamento, 75% da rede de ensino superior está sob responsabilidade das instituições privadas. "Historicamente, o número de vagas preenchidas é menor que o número de vagas oferecidas. Mesmo na rede pública, não conseguimos preencher o número de vagas", afirmou Carlos Moreno, líder da Diretoria de Estatísticas Educacionais (DEED) do Inep.

Direito é o curso com maior número de matrículas, contabilizando 860 mil em 2018. Pedagogia é a graduação em licenciatura mais procurada, com 747 mil matrículas, quase 600 mil a mais do que a segunda colocada, educação física com formação de professor.


Quem mais estuda

A média nacional de anos de estudo da população entre 18 e 29 anos é de 11,3 anos. As mulheres estudam mais, contabilizando média de 11,6 anos, contra 10,9 anos dos homens. A população branca tem vida escolar mais longa que as demais, com quase 12 anos de estudos. Os alunos do Sudeste são os que permanecem mais tempo estudando, com 11,7 anos em média, seguidos pela região sul e Centro-Oeste.

Na mesma faixa de idade, 21,7% da população frequenta, atualmente, instituições de ensino superior. Quase 40% das pessoas dessa faixa concluiu o ensino médio, mas não frequenta mais nenhum ambiente de ensino.

Carlos Moreno reconhece as dificuldades, mas mostra-se otimista. "Temos um desafio e uma possibilidade de expansão na educação superior no Brasil. Se pensarmos a partir das matrículas do ensino médio, vemos uma tendência de estabilidade até 2015 e depois uma queda, mas a dinâmica demográfica brasileira, hoje, é favorável à educação."


Ensino a distância

A modalidade de ensino a distância (EaD), aposta do governo Jair Bolsonaro, também é tema do censo. A tendência, neste aspecto, é de franco crescimento: o número de vagas pulou de 4,7 milhões, em 2017, para 7,1 milhões em 2018. No ano passado, o número de vagas ofertadas na modalidade a distância superou as presenciais, fato inédito na história do país. Segundo o documento, a modalidade tem, hoje, 1,3 milhão de alunos ingressantes, ao passo que o formato presencial tem 2 milhões de universitários.

Na rede pública, 10,8% dos ingressantes no ensino superior são da modalidade a distância. Na rede privada, o equilíbrio é maior: 45,7% cursam a distância e 54,3% presencialmente. Nas graduações particulares presenciais, a grande maioria (68%) dos matriculados estuda no período noturno. Nas federais, a ordem é inversa: 69% estuda durante o dia.
Celso Niskier, presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), se pronunciou sobre o censo por meio de nota. Confira na íntegra:
"Nós, do setor particular de educação superior ficamos felizes de ver que uma modalidade de ampla aceitação mundial está se expandindo também no Brasil. Entendemos que é uma modalidade que permite a mesma qualidade do presencial.
Esse avanço da EAD vem acontecendo por motivos econômico-financeiros, mas também por uma mudança da sociedade, que passa a aceitar melhor a educação mediada por tecnologia, além do alcance das pequenas e médias cidades que a abertura de polos de EAD abrange.
Entendemos que essa expansão vem em boa hora, apensar de ser insuficiente para atendermos as metas do PNE, mas, ainda assim, é muito positivo, porque é uma realidade do mundo inteiro, que chega forte no Brasil e cai no gosto do estudante brasileiro, que agora passa a ter opções adicionais de estudar usando as possibilidades que a tecnologia permite."

Docentes

O meta 13 do Plano Nacional de Educação (PNE) versa sobre elevar a qualidade da educação a partir da ampliação do número de mestres e doutores dos corpos docentes. A meta era chegar a 75% de professores mestres ou doutores, o que foi alcançado. Segundo o levantamento, 43,3% dos professores do ensino superior tem doutorado e 39% são mestres.


Na rede pública, prevalece o professor que trabalha em regime de tempo integral (86%). Mais de 62% dos alunos em licenciatura estudam em instituições privadas e 71,3% do total são mulheres.