De acordo com o professor Luciano Alves, do campus Uruaçu, que coordena o curso, o norte de Goiás e o Vale do São Patrício constituem um polo considerável de produção cerâmica, importante campo de trabalho para jovens e adultos, mas carente de qualificação técnica, além de enfrentar o problema da dispersão dos trabalhadores num grande território. Foi em função desses fatores que o IFG acolheu o pedido da associação e estudou o tipo de curso que seria mais adequado aos trabalhadores com prática no ramo.
Como os candidatos trabalham em indústrias ceramistas distribuídas na parte norte do estado, o campus decidiu oferecer um curso técnico pós-ensino médio na modalidade a distância. A carga horária é de 1,4 mil horas, sendo 60% a distância, 40% presencial e mais um estágio de 120 horas a ser feito na indústria onde o aluno já trabalha.
Durante um ano e meio, o curso aborda 24 disciplinas, entre práticas e teóricas, onde se destaca o estudo da cerâmica tradicional, cerâmica branca (piso e revestimento), vermelha (tijolo, bloco vazado, telha, lajota), cerâmica artística (porcelana), pintura; e conteúdos sobre gestão ambiental, empreendedorismo, administração industrial, venda, ética, cidadania, química aplicada, redação técnica, língua portuguesa. As disciplinas serão concluídas em março de 2015. O estágio será realizado de abril a julho. No período, o estudante será supervisionado na indústria por um professor do campus Uruaçu e por um profissional da empresa.
Avaliação ; Em 2013, a unidade de Uruaçu abriu 80 vagas e recebeu 62 inscrições. Todos os inscritos começaram o curso, mas apenas 25 continuaram a formação. Entre as dificuldades alegadas pelos alunos ao desistir, diz o coordenador, está o cumprimento das tarefas dentro da , apesar de ter um tutor que tira dúvidas, cobra a execução dos trabalhos e ajuda sempre que o aluno precisar. Para o professor, algumas pessoas ainda pensam que a formação a distância é fácil e, ao se deparar com as atividades exigidas, muitas simplesmente desistem.
Mesmo com as desistências, Luciano Alves vê de forma positiva o aproveitamento dos 25 alunos que venceram três semestres e que, certamente, serão certificados. ;Esse grupo tem interesse, enfrenta as dificuldades, pede ajuda aos professores, cumpre as tarefas e tem bom desempenho;, avalia Luciano. A turma que segue no curso é constituída por trabalhadores na faixa de 25 a 50 anos de idade.
Sucesso ; Para o secretário da Associação dos Ceramistas do Norte de Goiás, Joni Lúcio da Costa, a certificação de 25 trabalhadores pelo IFG, prevista para julho de 2015, é um sucesso para a atividade da indústria da região. ;O curso vai permitir que o ceramista saia da situação de oleiro, comece a trabalhar com técnica e caminhe para ser empreendedor, empresário;, disse ele. A formação, explica Joni, integra o planejamento estratégico do arranjo produtivo local (APL), firmado entre a Asceno e as esferas de governo estadual e dos municípios do norte goiano, que tem vigência até 2034.
O secretário da associação estima que as 42 indústrias de cerâmica do norte goiano e do Vale do São Patrício empreguem 1,3 mil trabalhadores. Ele explica que existem empresas grandes, sendo que apenas uma é certificada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), mas que a maioria é de médias e pequenas. Com trabalhadores certificados pelo curso técnico, a expectativa da associação é que esse quadro se modifique. Segundo Joni, há campo de trabalho para técnicos formados e certificados na área. A associação espera que, ao concluir o curso em 2015, o campus Uruaçu abra uma nova turma.