Ainda durante o ensino médio, o jovem Henrique Baron decidiu fazer o curso técnico de automação industrial, em Caxias do Sul (RS), e concluiu que a qualificação foi fundamental para abrir as portas do mercado de trabalho. A opinião de Baron é compartilhada por grande parte dos entrevistados que fizeram parte de um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), encomendado ao Ibope. De acordo com o estudo divulgado hoje (25), 90% dos entrevistados acreditam que pessoas com formação em curso técnico têm mais oportunidades no mercado de trabalho. A pesquisa ouviu 2 mil pessoas a partir de 16 anos em 143 municípios.
Dos entrevistados, 53% apontaram o ingresso mais rápido no mercado de trabalho como uma das três principais razões para fazer um curso profissional. Em relação aos salários, 82% concordam total ou parcialmente que os profissionais com certificado de qualificação profissional têm salários maiores do que aqueles que não têm um diploma.
A melhor remuneração também foi citada por Henrique Baron que, aos 16 anos, decidiu seguir os passos do avô e do pai, que cursaram o ensino técnico. ;Percebi que o curso me colocou no mercado de trabalho de forma mais privilegiada. A qualificação é um grande pré-requisito para conseguir um emprego. E a remuneração é maior, também;, relatou Baron.
Hoje, com 20 anos, o jovem ingressou no ensino superior no curso de engenharia mecânica e relata que o ingresso no mercado de trabalho proporcionado pelo ensino técnico se traduz em benefícios na continuidade dos estudos. ;Ao chegar no ensino superior, quem tem curso técnico já vem com um conhecimento prático e, então, tem mais facilidade ao longo do curso. E também começa a vida profissional mais cedo. O tempo de experiência maior é algo que conta muito no momento de buscar emprego;, explicou.
Apesar de as pessoas ouvidas na pesquisa acreditarem na educação profissional como um caminho para um futuro melhor, ainda é baixo o número dos que buscam esse tipo de qualificação. De acordo com a pesquisa, apenas um em cada quatro brasileiros já frequentou ou frequenta algum curso de educação profissional. A falta de tempo para estudar é o principal motivo apontado pelos entrevistados (40%), seguido da falta de recursos para pagar os cursos (26%) e a falta de interesse (22%).
O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Luchesi, apontou iniciativas para superar os entraves apontados pelos pesquisados. ;Um dos objetivos do Senai é cada vez mais avançar em cursos semipresenciais, que daria uma capacidade de abrangência maior de educação profissional. Cada vez menos se vai ter a percepção de falta de recursos porque muito cursos são gratuitos, como os do Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego];, disse
Entre os jovens de 16 a 24 anos, a pesquisa aponta que a maioria está no ensino superior (18%), seguido do ensino médio (15%) e do ensino fundamental (5%). O ensino profissional é opção de apenas 3% deles, mesmo percentual dos que fazem ensino médio vinculado ao técnico.
;Historicamente, a educação profissional não foi prioridade na educação do país e agora isso está mudando. Nossa lógica era voltada para a universidade, mas 80% dos jovens que saem da escola não vão para a universidade e eles precisam de uma oportunidade para ingressar no mercado de trabalho;, disse Rafael Luchesi.
A maior parcela dos que cursaram ou cursam o ensino profissionalizante estudaram em entidades do Sistema S, 37% estudaram na rede privada e 20%, na rede pública. A expansão do ensino técnico é uma das prioridades do governo federal que criou, em 2011, o Pronatec. As entidades do Sistema S são as principais parceiras do governo no Pronatec.