Condutor do painel que reuniu, na terça-feira, 26, cerca de 500 responsáveis pela execução do Pronatec, o diretor de integração das redes de educação profissional e tecnológica do MEC, Marcelo Feres, considera bem-vindas a dúvidas apresentadas. Ele explica que o programa é novo e está em fase de aprimoramento e de expansão. ;Discutir, avaliar e propor melhorias são as metas do painel;, disse.
De acordo com Feres, o programa está presente em cerca de 3,3 mil municípios. Isso significa que as redes envolvidas na oferta de educação profissional chegaram, em dois anos, a mais de 50% das cidades brasileiras. ;Atendemos o público nas diversas realidades do Brasil, mas avançamos com um único Pronatec. É uma conquista;, afirmou.
Evasão ; A evasão escolar, especialmente nos cursos de formação inicial e continuada, com carga horária mínima de 160 horas, está na ordem do dia tanto nas redes públicas federal e estaduais quanto no Sistema S. Gestora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Rejane Leite afirma que o índice de evasão nos cursos ministrados pela entidade chega a 17%, considerado muito alto. Com 568 unidades próprias para oferta de cursos, o Senac pretende matricular 550 mil jovens e adultos no próximo ano nas áreas de gestão e negócios, ambiente e saúde, turismo, hospitalidade e lazer.
Rejane sugere que demandantes de cursos técnicos FIC e de formação inicial e continuada tenham preocupação não apenas com a abertura de vagas, mas com o aproveitamento posterior dos profissionais pelo mercado de trabalho. Segundo ela, muitos municípios pedem cursos, mas não oferecem a infraestrutura necessária. Ela cita como exemplo o curso técnico de enfermagem, um dos mais procurados pelas prefeituras. O Senac providencia a parte teórica, de 1,2 mil horas, mas os alunos não têm onde fazer as 600 horas práticas. ;Sem prática, não existe técnico de enfermagem qualificado;, garante.
Desafio ; Oferecer cursos qualificados de educação profissional a 6,6% de concluintes do ensino médio que não chegam à educação superior é um problema a ser superado. ;O desafio é abrir vagas, preenchê-las e levar boa formação a esses milhares de jovens;, diz Felipe Morgado, gerente de planejamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Em 2012, a entidade registrou 304 mil matrículas em cursos do Pronatec e chegou a 548 mil este ano. A meta para 2014 é alcançar 736,3 mil. O Senai tem unidades em 1.675 municípios.
Outros problemas citados por Morgado são o atendimento pelo Pronatec aos egressos da educação de jovens e adultos e a integração de currículos. ;Precisamos ficar atentos a esse novo público que entra no Pronatec, especialmente para evitar a evasão;, afirmou.
Estados ; Diferente da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do Sistema S, a rede pública de educação profissional nos estados relata dificuldades na execução do Pronatec. O representante dessa rede, Marco Antônio Brandão, diz que 16 estados participam do programa este ano, mas alguns não conseguiram executar uma vaga sequer por falta de pessoal qualificado e de estrutura.
As redes estaduais reivindicam a cobertura de gastos com estágios, que hoje inviabilizam os cursos ministrados. De acordo com Brandão, cursos técnicos em saúde, engenharias e artes não podem ser ofertados sem garantias de estágio, mas os estados não têm como cobrir esses custos.
Defesa ; O Ministério da Defesa revela que, a cada ano, 90 mil jovens que concluem o serviço militar precisam de formação profissional. Para 2014, o órgão espera a abertura de vagas em cursos do Pronatec para 15 mil egressos do Exército, 3 mil da Aeronáutica e a 1,5 mil da Marinha.
Esses números são mínimos diante dos 2 milhões de jovens que ao completar 18 anos apresentam-se anualmente nas juntas do serviço militar. Apenas 90 mil são selecionados.