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Contra 'catástrofe geracional', secretário da ONU quer reabrir escolas

António Guterres destacou que há mais de 1 bilhão de crianças fora da escola e analisa que, apesar da EAD, muitas não conseguem acompanhar aulas a distância

Correio Braziliense
postado em 04/08/2020 16:26
O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o português António Guterres, fez um apelo em defesa da educação em tempos de pandemia.
 
O secretário geral da ONU, António Guterres “No mês passado, mais de 1 bilhão de estudantes foram afetados pelo fechamento de escolas”, disse. Mesmo antes da pandemia, o mundo estava enfrentando uma crise de aprendizado (com mais de 250 milhões de crianças em idade escolar fora da escola e apenas um quarto das crianças do ensino secundário nos países em desenvolvimento saindo da escola com competências básicas).

“Devemos tomar medidas ousadas agora, para criar sistemas educacionais inclusivos, resilientes e de qualidade, adequados para o futuro”, afirmou no Twitter.

Na rede social, ele também disse que “a covid-19 levou à maior interrupção educacional de todos os tempos”. Para lidar com a questão, o porta-voz das Nações Unidas defende a abertura dos colégios quando isso for possível nas regiões onde a doença não estiver em pico. 
 
Confira tweet e vídeo do porta-voz, em inglês:
 
 

Reabrir escolas deve ser prioridade

“Uma vez que a transmissão local estiver sob controle, levar os alunos de volta às escolas da maneira mais segura possível deve ser uma prioridade”, recomendou. “A consulta a pais, cuidadores, professores e jovens é essencial”, completou.

António Guterres diz em vídeo que a crise sanitária traz uma “oportunidade geracional” para “redesenhar” a área da educação. Ele publicou o vídeo e as mensagens no mesmo dia em que lançou um relatório sobre o tema nesta terça-feira (4/8).
 
Crianças usam desinfetante para as mãos e têm a temperatura medida antes de entrar no jardim de infância, que reabriu em 2 de junho em Chongqing, na China 
 
O documento foi publicado junto a uma nova campanha com parceiros na área da educação e com agências das Nações Unidas, chamada Salve nosso Futuro.

1 bilhão sem estudo

“A educação é a chave para o desenvolvimento pessoal e o futuro das sociedades. Desbloqueia oportunidades e reduz desigualdades. É o alicerce das sociedades informadas e tolerantes e o principal impulsionador do desenvolvimento sustentável”, avalia Guterres.

De acordo com dados da ONU, até a primeira metade de julho, as escolas estavam fechadas em mais de 160 países, impactando mais de 1 bilhão de estudantes e deixando no mínimo 40 milhões de crianças sem acesso à educação pré-escolar, sobrecarregando os pais.


Internet não é suficiente para transmitir aulas a todos

O secretário-geral ressaltou que, apesar da transmissão de aulas por meio do rádio, da televisão e da internet, bem como esforços dos professores e dos pais, muitos alunos continuam sem acesso à educação.

“Alunos com deficiência, aqueles que vivem em comunidades minoritárias ou desfavorecidas, estudantes deslocados e refugiados e os que estão em áreas remotas correm maior risco de serem deixados para trás”, alertou.

“Mesmo para os que têm acesso ao ensino a distância, o sucesso depende das suas condições de vida, incluindo a justa distribuição de tarefas domésticas”, disse. “Agora, enfrentamos uma catástrofe geracional que pode desperdiçar um potencial humano incalculável, minar décadas de progresso e acentuar desigualdades enraizadas”, apontou Guterres.

O documento alerta para os efeitos indiretos da falta de educação: desnutrição infantil, casamento infantil e desigualdade de gênero, entre outros, preocupam a organização.

“Estamos num momento decisivo para as crianças e os jovens de todo o mundo. As decisões que os governos e os parceiros tomarem agora terão um impacto duradouro em centenas de milhões de jovens e nas perspectivas de desenvolvimento dos países nas próximas décadas”, disse António Guterres.
 
 

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