Questionada por estudantes, pais, sindicatos, professores e profissionais da educação, a decisão do governador Ibaneis Rocha (MDB) de decretar o retorno às escolas também foi alvo de comentários críticos por parte da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (SPDF).
Em nota assinada pelo presidente da instituição, Dennis Alexander R. Burns, a entidade dá parecer contra a retomada das aulas presenciais. Apesar de reconhecerem que há menor incidência de covid-19 em pacientes de até 19 anos, os médicos ponderam que há, sim, riscos.
“Embora esta faixa não seja a mais afetada, é notável que aproximadamente 6,9% dos casos contabilizados acometeram crianças e adolescentes”, dizem no texto.
Passo precipitado
Além de não recomendar a reabertura das escolas sem uma análise mais cuidadosa, a sociedade analisa que a reabertura de outros estabelecimentos também pode ser perigosa.
[SAIBAMAIS]“Sabemos que muitos brasilienses não respeitam as medidas de isolamento desde que foram implementadas e que nas últimas semanas notou-se aumento da circulação e aglomeração de pessoas”, acrescenta a nota.
“Nessas condições, reabrir todas as atividades até o final de julho ou início de agosto pode ser uma decisão precipitada, devido à situação que nos encontramos tanto a nível distrital como nacional; em especial se tratando de escolas, onde o comportamento é imprevisível e o número de assintomáticos é inestimável, tornando a possibilidade de contágio exponencial”, completa.
O Brasil é a única nação onde o número de mortes por dia está em torno de 1.000 e, frente ao fato de “o isolamento social ser uma das poucas medidas eficazes no combate da propagação da doença”, a SPDF informa a não recomendação do retorno de crianças à escola.
Assim exposto, no cenário atual, a Sociedade de Pediatria do Distrito Federal não recomenda o retorno das crianças à escola.”
Confira a nota da SPDF na íntegra:
“O boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal divulgado em 01/07/2020 informava que até o momento haviam sido notificados 50.676 casos confirmados de Covid-19 (1.458 casos novos em relação ao dia anterior), sendo desses, 35.533 curados e 620 óbitos. Dentre esses, 3.480 eram de pacientes menores de 19 anos de idade, ou seja, a faixa etária pediátrica. Embora esta faixa não seja a mais afetada, é notável que aproximadamente 6,9% dos casos contabilizados acometeram crianças e adolescentes.
O DF já testou 10% da população e atualmente se discute a progressão da flexibilização das medidas de isolamento e reabertura das atividades escolares e econômicas. O DF foi um dos primeiros estados a suspender o funcionamento de escolas e a propor o isolamento social. Tais medidas nos mantiveram em uma situação epidemiológica bastante confortável em comparação às outras unidades da federação.
As escolas estão fechadas desde 12 de março e o comércio desde o dia 19 do mesmo mês. A reabertura parcial do comércio ocorreu em 2 de maio, e desde então notou-se um aumento significativo dos casos. No dia 27 de maio o DF registrou 551 e acumulou 7.761 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus desde o início das notificações. Já no dia 6 de junho, foram notificados 1.642 casos com 15.850 acumulados e daí por diante, houve uma progressão rápida e considerável dos casos confirmados.
Sabemos que muitos brasilienses não respeitam as medidas de isolamento desde que foram implementadas e que nas últimas semanas notou-se aumento da circulação e aglomeração de pessoas. Nessas condições, reabrir todas as atividades até o final de julho ou início de agosto pode ser uma decisão precipitada, devido à situação que nos encontramos tanto a nível distrital como nacional; em especial se tratando de escolas, onde o comportamento é imprevisível e o número de assintomáticos é inestimável, tornando a possibilidade de contágio exponencial. Atualmente, o Brasil é o único país que ainda apresenta média de 1000 mortos por dia, e o isolamento social é ainda, uma das poucas medidas eficazes no combate da propagação da doença.
Assim exposto, no cenário atual, a Sociedade de Pediatria do Distrito Federal não recomenda o retorno das crianças à escola.”