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Pais de alunos e sindicatos comentam decreto de aulas presenciais

Para muitos, a decisão é precipitada e coloca em risco a saúde dos estudantes. Outros, entretanto, acreditam que há tempo suficiente para uma organização e retorno seguro

O decreto que permite a volta das aulas presenciais nas instituições de ensino públicas e particulares, anunciado hoje pelo governo do DF, pegou pais e alunos de surpresa. Muitos não achavam que estaria tão próximo, sobretudo quando os casos no DF estão em escala crescente.
 
Shirley Mendes, 41, mãe do estudante do ensino fundamental Rogério Filho, 15, enxerga o retorno às aulas com preocupação. "Acredito que é muito prematuro esse retorno, tendo em vista que a propagação da doença é cada vez maior", explica. 

Ela conta que o filho, que está no 8º ano no Centro de Ensino Fundamental 10 de Taguatinga Sul, reclama de estar sempre em casa e que o confinamento chega a ser frustrante. "As aulas on-line se tornaram repetitivas em conteúdo e sem constância", comenta. 

Mesmo assim, o retorno em agosto é reprovado pela mãe. O medo de Shirley é de que o filho adoeça, mesmo que ela oriente todos os cuidados que devem ser tomados. "Isso não impede que ele adoeça, já que o contato com outras pessoas é maior em sala de aula. Principalmente na rede pública, onde as turmas são lotadas".

Shirley não está sozinha, a Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF) é contra o retorno presencial e alega que identificou impropriedades no decreto que precisam ser retificadas, como, por exemplo, a questão do ensino remoto, que é colocada como opcional para os pais que não querem enviar os filhos para escola, mas não fica claro se é obrigatório para escola oferecer esse ensino. 

Segundo o presidente da entidade, Alexandre Veloso, existe também a preocupação em relação à organização do ensino híbrido. “É preciso manter a qualidade do ensino presencial e remoto, para os que optarem ficar em casa com seus filhos”. Além disso, questiona-se qual a motivação por trás da reabertura das escolas. “Exigimos clareza e transparência nos dados que fundamentam as necessidades governamentais de mandar as crianças para a escola.”

Álvaro Domingues, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), declarou em vídeo que a publicação do decreto permite uma organização e treinamento melhor. “Para receber os nossos estudantes da melhor maneira possível.”

Domingues também comenta sobre a volta das creches, que seja permitida com organização. “Vamos treinar as nossas escolas para dar uma lição de civismo nesse momento tão necessário de luta contra a covid-19”, diz. E reitera que o retorno às aulas é opcional, com possibilidade de ensino híbrido. 

Já entidades como o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) e o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF) divulgaram uma nota conjunta questionando a decisão, já que o Governador decretou estado de calamidade no início da semana. As entidades veem contradição entre as duas medidas. “Achamos que é precipitada a volta neste mês, conforme decreto publicado hoje. Vamos pressionar para tentar reverter a posição do governador. Entraremos com uma mediação, no Ministério Público do Trabalho (MPT)”, declararam por meio de assessoria.
 
 
*Estagiárias sob supervisão de Ana Sá