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Plano de volta às aulas da Secretaria de Educação divide opiniões

Ainda sem data de retorno prevista, SEE-DF divulga estratégia para a retomada dos estudos no DF. Entidades de pais e professores afirmam que não foram consultadas

Correio Braziliense
postado em 14/05/2020 22:04
A Secretaria de Estado e Educação do Distrito Federal (SEEDF) divulgou, em formato de podcast, informações sobre o plano de volta às aulas. O retorno ainda não tem data definida, mas as medidas de segurança e o modo como a readaptação da rotina dos quase 1 milhão de alunos das redes pública e particular já foram elaborados. 
 
Plano prevê ensino híbrido de revezamento emergencial
 
Diversos protocolos de saúde e higienização deverão ser seguidos por todos, estudantes, professores, servidores e responsáveis pelos alunos. O plano prevê sistemas, como o ensino híbrido de revezamento emergencial, que consiste em dividir os alunos entre aulas a distância e presenciais. Enquanto metade da turma tem aula a distância em uma semana, na semana seguinte, a outra metade comparece à escola.

O assessor especial da Secretaria de Educação David Nogueira, responsável pela parte pedagógica do plano, explica como será o possível retorno. “Estamos reorganizando o currículo para, assim que voltarmos, estarmos adaptados a novas realidades. Pela frente pedagógica, é possível que, quando retomemos as aulas, não conseguiremos voltar com 100% dos estudantes. Então, será na dinâmica que chamamos de ensino mediado por tecnlogia híbrida, de revezamento emergencial”, pontua. 

“É por isso que estamos fazendo esse trabalho de dividir o currículo aula a aula para que toda a rede ande junta”, completa. Ele ainda explica que grande parte das atividades escolares será a distância. “A secretaria está organizando cursos de formação para que os professores possam entender novas formas de avaliar os estudantes e para que os alunos realizem essas atividades.”

David reforça que, apesar de pronto, o plano não tem data prevista para entrar em atividade. “Pode ser que quando voltarmos, e se voltarmos, a Secretaria de Saúde diga que só pode voltar um determinado número de estudantes. Isso vai depender das diretrizes que serão passadas para nós”, explica.
 
Mesmo com o plano elabora, David Nogueira reforça que não existe previsão de volta as aulas.
 
“É importante reforçar que estamos prontos para todos os cenários, se pudermos voltar todos presencialmente, se tivermos de voltar só uma parte... E, se não pudermos voltar, também estaremos prontos para essa realidade”, afirma. “A questão de quando será definida com o governador com as autoridades de saúde.”

Entre as mudanças previstas pelo plano, está também a higienização mais rigorosa na hora de entrar na escola, desinfecção dos sapatos, mochilas, uso de máscaras e álcool em gel e ainda medição de temperatura. 

O que dizem representantes da comunidade escolar

Alexandre Veloso, presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), alega que a entidade não foi consultada sobre o plano em nenhum momento, mesmo se colocando à disposição. “Quem elaborou esse plano? Quais órgãos? Quais entidades? Teve o Ministério Público, o Sinepe, a Sociedade Brasileira de Pediatria?”, pergunta.
 
Presidente da Aspa-DF diz que não foi consultadoO advogado questiona também sobre a saúde e a higienização dos espaços. “A questão dos alunos com deficiência nos preocupa muito, como eles serão cuidados, se vai existir uma pessoa para acompanhar...” Além disso, ele chama a atenção para o método pedagógico. “A questão do ensino híbrido também nos deixa na dúvida, se é permitido ou não”, admite.

Sobre a validade do ano letivo, ele reflete: “A escola não é só uma fábrica de repetição. A única exceção que eu faço (em relação à suspensão do ano) é ao vestibular, ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Tem escola pública que não ministrou aulas a distância e vai ter uma desvantagem na competição”, alerta.

“Mais do que um plano no papel, ele tem que ter efetividade prática. Nós gostamos de papel aqui no Brasil, mas, na realidade, ninguém faz”, nota. O presidente da Aspa-DF sugere que o plano seja colocado em consulta pública. 

“Falamos muito de democracia, juventude, mas ninguém quer consultar ninguém, as pessoas só querem falar e pronto. É um monólogo. Nós só queremos que a comunicação melhore entre pais, alunos e escola, para que não tenha conflito. A construção, quando é coletiva, é melhor.”

Alberto Ribeiro, 38, diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), diz que não houve tentativa de contato por parte da Secretaria de Educação e que não teve acesso ao plano. “Quando ocorre algo dessa natureza, a Secretaria tende a chamar o sindicato dos professores para conversar e isso ainda não foi feito”, comenta.

Diretor do Sinpro-DF afirma que não teve acesso ao plano“O que temos defendido até o momento é a suspensão total devido à pandemia.” Ele ainda acrescenta que não é o melhor momento para um plano de retorno às aulas. “Não estamos em situação de pensar em retorno neste momento”, defende.

Já Álvaro Domingues, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), auxiliou na elaboração do plano. “Nós achamos que é uma iniciativa necessária de planejamento de retorno às aulas. Esse seria um ensino híbrido de revezamento emergencial”, relata.

“O Sinepe colocou algumas condições para o retorno. Que seja opcional, absolutamente seguro, progressivo e lento. Que seja opcional pars as escolas. E os alunos escolhem se querem voltar ou não, se têm condições para isso.” Sobre as datas de retorno, Álvaro Domingues foi incisivo: “Depende das autoridades sanitárias”. 

Quanto às queixas de pais e professores, o presidente do Sinepe-DF rebate: “Eles foram consultados, mas, como se opõem, eles se evadem de qualquer debate responsável de retorno". Álvaro informa que a Aspa tem assento no Conselho de Educação do Distrito Federal.

Em relação à sugestão de consultoria pública do presidente da Aspa-DF, ele afirma: “Isso não depende de consulta pública. Depende de autoridades sanitárias para indicarem a melhor hora para o retorno”.
 
Presidente do Sinepe-DF reitera a importância do planejamento para o retorno, mesmo sem previsão 
Para Álvaro, o reabertura das escolas deveria ser planejada de acordo com as necessidades de cada setor da rede de ensino do Distrito Federal. “O sistema de ensino é composto por duas redes. A pública tem em torno de 700 escolas e meio milhão de alunos. A rede particular tem 570 escolas e cerca 200 mil alunos matriculados. Somos uma rede menor, temos uma gestão descentralizada e particularizada em cada instituição de ensino", afirma.

“Neste contexto, conseguimos fazer uma gestão muito mais próxima e muito mais provável de um retorno lento e seguro do que uma estrutura grande, como a Secretaria de Educação. Dentro deste contexto, nós defendemos dissociar o retorno de uma rede e de outra”, propõe. 

Confira o podcast disponibilizado pela SEE-DF
 
 
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá  

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  • Foto: Ascom/SEEDF
  • Foto: Arquivo pessoal/Reprodução
  • Foto: Arquivo pessoal/ Reprodução
  • Foto: Sinepe-DF/Divulgação

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