Correio Braziliense
postado em 08/05/2020 18:28
A declaração do governador Ibaneis Rocha sobre um possível adiamento da volta às aulas nas escolas do Distrito Federal dividiu opiniões de pais, alunos e entidades da área. Em coletiva de imprensa na última quinta-feira (7), o chefe do Executivo local afirmou que retornar as atividades neste momento é “bastante arriscado” e que é simpático à ideia de adiar a prorrogação até agosto.
“Eu fiz um pedido a alguns proprietários de escolas particulares para que fizessem uma consulta entre os pais. E a grande maioria tem colocado uma opção de reabertura somente em agosto, o que me agrada muito.”
Em vídeo, o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Álvaro Domingues, afirmou que a entidade não foi consultada em relação ao adiamento e defendeu o retorno “lento e progressivo” das aulas.
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“Estávamos em tratativas com a Secretaria de Educação, com a Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal) e com a Secretaria de Saúde, elaborando um plano de volta às aulas com protocolo de profilaxia e segurança aos alunos e um cronograma de retorno lento e progressivo das diferentes etapas ou faixas etárias. Esse trabalho não condiz com a declaração do governador.”
Ainda segundo Domingues, as escolas particulares são o principal local para difusão de conhecimento sobre medidas preventivas contra o coronavírus. “Não há outra instituição tão preocupada com a segurança dos seus clientes como a escola particular”, afirmou.
O presidente do Sinepe-DF pediu também para que o governo reinicie o diálogo que já estava sendo feito com o setor. “Rogamos ao governador que reflita sobre a consequência dessa declaração para o nosso trabalho, nosso setor econômico e para a vida das nossas famílias e pedimos que, mesmo com toda a preocupação de segurança, possamos fazer um planejamento de retorno, absolutamente necessário para as nossas atividades.”
O Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF), por sua vez, informou ao Correio que é a favor da prorrogação da suspensão das aulas e que as escolas deveriam ser o último setor da economia a retornar.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEE-DF) informou que “o plano de volta às aulas pós covid-19 foi entregue ao governador Ibaneis Rocha, via SEI, no dia 30 de abril” e que “caberá a ele a decisão quanto à retomada das aulas”. Ainda segundo a Secretaria, “a proposta apresentada leva em conta as recomendações das autoridades de saúde, para evitar riscos a estudantes, professores e demais servidores que atuam nas escolas”.
O que dizem pais e estudantes

“Se for feito um revezamento de horário dos alunos, não há motivo para ficar adiando. Assim, a gente vai perder o ano”, completa. Lucas Vinícius concorda. “Acho que tem que voltar logo. Não dá para ter muita atenção às aulas (virtuais).” Ainda segundo o estudante, para evitar o contágio pelo vírus na escola, “é só tomar cuidado”.

Na opinião dele, um dos graves problemas que os estudantes da rede pública enfrentariam se retornassem à escola em maio, como estava previsto no plano elaborado pela SEE-DF, seria a aglomeração no transporte público. “Muitos de nós usam metrô e ônibus, que acabam ficando lotados. Talvez, se o governo disponibilizasse ônibus próprios para buscar os alunos em certos pontos e levá-los para as escolas, poderia até dar certo. Ainda assim fazendo o revezamento de turmas, claro”, sugere.

Relembre
Ainda em vigor, o Decreto n 40.583, de 1º de abril, determinou a suspensão das aulas nas escolas públicas e particulares do Distrito Federal até 31 de maio. Em 22 de abril, no entanto, o governador Ibaneis Rocha solicitou ao secretário de Educação do Distrito Federal, João Pedro Ferraz dos Passos, um plano para a reabertura das escolas da rede pública. Na ocasião, Ibaneis manifestou que a volta às aulas deveria começar pelo ensino médio.
Em 27 de abril, uma série de slides com considerações para a volta às aulas passou a circular nas redes sociais de professores da rede pública. O documento da Secretaria de Educação trazia duas propostas para o retorno dos estudantes, indicando a antecipação do início das aulas do ensino médio para 18 de maio. O restante da rede pública retornaria em 1º de junho, como previsto no decreto do governador.
Na entrevista coletiva de quinta-feira (7), o chefe do Executivo local afirmou que o plano da SEE-DF foi submetido à Secretaria de Saúde e, de acordo com a pasta, não é seguro. Explicou, ainda, que o adiamento do retorno não é uma decisão oficial e será avaliado, mas que ele espera que aconteça.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá
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