Em entrevista ao Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, na última terça-feira (14), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, pediu para que os governadores e prefeitos de locais onde há poucos ou nenhum caso de coronavírus tenham sensibilidade e retomem as aulas presenciais. “Não tem porque deixar tanto tempo parado. Eu acho um absurdo”, declarou.
“A merenda está à disposição (dos alunos) nas escolas, o dinheiro foi liberado. Logo no começo da crise, também liberamos R$ 500 milhões para reforçar a compra de produtos de higiene para tornar o ambiente o mais esterilizado possível”, justificou. “Então, eu gostaria que as crianças voltassem, principalmente nas cidades pequenas.”
Weintraub também afirmou que o modo como os governadores brasileiros implementaram a quarentena, “sem planejamento”, foi um “crime”. “Acho que houve um descontrole, não houve serenidade”, disse. “Poderíamos ter entrado gradualmente, à medida que fossem aparecendo os casos.”
O ministro comparou o número de óbitos pela crise do coronavírus à quantidade de pessoas que morrem em acidentes de trânsito anualmente. “Provavelmente vão morrer muito menos do que 40 mil brasileiros de coronavírus. Quarenta mil é o número de pessoas que morrem, todos os anos, em acidente de trânsito no Brasil, sendo que as pessoas que pegam coronavírus são mais idosas e, em termos de acidente de carro, a média é próxima aos 30 anos”, afirmou.
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“Então, a partir deste ano, a gente vai proibir a circulação de automóveis e motos ou vamos simplesmente exigir mais cinto de segurança e mais punição para direção imprudente?”, questionou. Ainda segundo Weintraub, no segundo semestre de 2020, “a imensa maioria dos brasileiros vai estar viva e com contas para pagar depois de uma crise monstruosa”.
Enem 2020
O chefe da pasta aproveitou a ocasião para comentar sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). De acordo com o ministro, não há motivos para não realizar a edição de 2020, apesar das ações na Justiça que pedem a suspensão do certame este ano. “Temos todas as condições necessárias para fazer o exame”, garantiu. “Se vocês notarem, ano passado já tentaram impedir que o Enem acontecesse. Agora, estão fazendo isso de novo.”
O chefe da pasta refutou o argumento de que manter o calendário do certame é injusto com os estudantes que não têm acesso à internet em casa. “Nunca foi 100% justo. O objetivo do Enem é selecionar as pessoas mais qualificadas e mais inteligentes. Eventualmente, sim, dinheiro influencia, mas para isso existem as cotas”, afirmou. “É melhor, então, a gente perder o ano inteiro e uma geração de profissionais?”
O cronograma do Enem 2020 foi publicado em 31 de março. Nesta sexta-feira (17), termina o prazo para solicitar a isenção do pagamento da taxa de inscrição. No mesmo período, candidatos que perderam o exame no ano passado podem justificar ausência, se desejarem conseguir isenção novamente este ano.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá