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Escolas particulares se preparam para implementar ensino pela internet

A previsão é de que as aulas nesse formato comecem em 6 de abril no Distrito Federal

A transição de aulas presenciais para plataformas on-line não tem sido fácil. Instituições da rede pública e particular têm de usar a criatividade para encontrar meios de adaptar o ensino em meio à quarentena. 
 

 
Na terça-feira (24), o Conselho de Educação do Distrito Federal (CEDF) aprovou uma medida que autoriza o ensino mediado por tecnologia como forma de dar continuidade às atividades escolares. A previsão, segundo a entidade, é de que as aulas nesse formato comecem em 6 de abril.

Em um primeiro momento, 80 mil estudantes do ensino médio terão acesso ao conteúdo que, posteriormente, será estendido aos anos finais e, por fim, aos anos iniciais do ensino fundamental.

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe/DF), Álvaro Domingues, acredita que a maioria das escolas de ensino fudamental e médio da rede particular tenha condições de se adaptar ao modelo. 

Ele explica que, das 180 instituições de ensino filiadas ao Sinepe, cerca de 70 ou 80% já utilizavam plataformas virtuais para auxiliar a aprendizagem dos estudantes. 

“Muitas escolas em Brasília realizavam a aprendizagem mediada por tecnologia antes, enviando pela internet atividades e textos para os alunos”, exemplifica. “O que aconteceu é que a pandemia obrigou as escolas a usarem a modalidade como alternativa, sem retirar a possibilidade de as instituições compensaram as aulas depois”, acrescenta.

De acordo com o parecer do CEDF, caso necessário, o ano letivo nas redes pública e particular pode avançar para o ano civil de 2021.

Domingues reforçou, ainda, que a aprendizagem mediada pela tecnologia não reduzirá os custos das escolas, que precisarão investir na capacitação de professores e no desenvolvimento de metodologias e plataformas.
 
 

Conheça escolas que estão se adaptando ao formato 

Na quinta-feira (26), o Centro Educacional Leonardo Da Vinci promoveu uma aula experimental para testar a eficácia da medida interna que autoriza a cobrança de presença em aulas on-line. 

A direção pedagógica da instituição explica que, ao longo das duas semanas que se seguiram ao decreto do governador que suspendeu as aulas, a escola foi construindo um processo gradual de engajamento dos estudantes.

Eram enviadas atividades pedagógicas para manter a rotina de estudos dos alunos e prepará-los para uma nova fase que possivelmente será necessária para dar continuidade ao ano letivo. 

“Todas essas experiências foram avaliadas pela equipe pedagógica e as percebidas como exitosas”, garante a instituição.
    
Alice Melo, 49, diz que a medida foi como um presente para a sua família. Mãe de Letícia Melo, 12, estudante do 7° ano do ensino fundamental, e Guilherme Melo, 14, aluno do 1° ano do ensino médio, a economista já havia pré-estabelecido uma rotina de estudos para os filhos.

 “Foi ao encontro do que estávamos fazendo dentro de casa. As crianças acordam às 9h e, até as 12h, fazem as tarefas que a escola manda via Google Classroom e também as atividades da escola de inglês”, relata. 
“Caso sobre tempo, elas leem um livro.” 

A rotina ganhará reforço a partir de 1° de abril. “Agora a escola vai administrar isso para nós das 8h às 12h e eles ainda terão a oportunidade de sair da caixinha e trabalhar de forma on-line.”, comemora.

Para Alice, a manutenção de uma rotina é essencial para a saúde mental das crianças. “Se não mantivermos uma rotina escolar, de exercícios, algo ao menos parecido com o que tínhamos antes, as crianças acabam ficando atrofiadas ou até tristes”, afirma. “É difícil para eles construírem sozinhos uma rotina produtiva, onde aprendam coisas novas, então acabam sentindo falta inconscientemente.”

O Google Classroom foi a plataforma escolhida para as aulas a distância. A direção explica que a escolha veio da adaptação prévia de uma ferramenta que já existia na rotina dos estudantes. Essas informações encontram-se no informativo sobre a continuidade da aprendizagem durante a suspensão de aulas, enviado hoje (27) para as famílias, cujo objetivo é  informar à comunidade escolar, de forma embasada e fundamentada, as prioridades da escola durante o período de suspensão de aulas.

Lucas Iwano, 16, é aluno do 2° ano do ensino médio e concorda com a posição adotada pela instituição. “Eu acho que as aulas on-line são muito importantes pra dar um norte àqueles que não sabem administrar seus estudos sozinhos. O mínimo de acesso e contato com o professor já é importante”, avalia. 

Sobre a obrigatoriedade da presença, ele não se incomoda. “O fato de contar presença é para para cobrar disciplina nessas aulas, para evitar que os alunos faltem”, declara.

A medida vem causando polêmica entre pais e alunos, mas a direção da escola se mantém firme na determinação. O PARECER Nº 33/2020-CEDF orienta “o registro da frequência, por meio de relatórios e acompanhamento da evolução nas atividades propostas, compatíveis com os seus objetivos e estimativa de tempo para sua realização”.

O Centro Educacional Leonardo da Vinci organizou o controle de frequência, atendendo à orientação do CEDF, por meio dos registros de acesso à sala de aula virtual, assim como a entrega das atividades propostas.

A Casa Thomas Jefferson foi outra instituição a retomar as aulas por plataformas on-line. A medida foi informada na sexta-feira (27) para os alunos. A partir de 30 de março, as turmas de Brasília contarão com aulas regulares a distância. E assim, aos poucos, os estudantes conseguem ter a sensação de que a rotina se alinha, mesmo durante a quarentena.
 
*Estagiárias sob supervisão de Ana Sá