Correio Braziliense
postado em 25/03/2020 16:05
Milhares de alunos seguem estudando em ‘ambientes virtuais’. No Distrito Federal, as aulas estão suspensas há duas semanas, desde 11 de março. A previsão é de que as escolas e instituições de ensino superior voltem a funcionar presencialmente em 4 de abril. Entretanto, o prazo ainda pode ser estendido pelo governador da unidade federativa, Ibaneis Rocha.
A Universidade de Brasília (UnB) suspendeu o calendário escolar do primeiro semestre de 2020. Enquanto isso, diversas faculdades particulares optam por continuar o período em as atividades on-line.
A opção adotada visa não interromper a aprendizagem e o ritmo acadêmico, enquanto dura a pandemia do novo coronavírus. O tema tem causado polêmica, mas há diversos alunos que garantem que essa é a melhor opção no momento.
Ensino superior
O Centro Universitário Iesb optou por manter as atividades de forma virtual. O professor dos cursos de design gráfico e publicidade e propaganda André Imbroisi conta que as aulas remotas da instituição começaram somente nesta segunda-feira (23), após uma semana de planejamento junto aos professores.
A classe virtual ocorre nos mesmos horários em que as aulas presenciais eram feitas. O aprendizado é por uma plataforma que permite transmissão ao vivo e disponibilização de material. Caso o estudante tenha algum imprevisto e não consiga acessar live no horário agendado, ele pode entrar em um outro momento e assistir o conteúdo gravado.
André garante que o padrão de ensino se mantém o mesmo. “Houve muito planejamento. Pensamos em tudo e na adaptação desse momento. A gente consegue pela ferramenta trazer todo o conteúdo e material para trabalhar com qualidade” afirma.
O professor explica que, com a metodologia adotada, os alunos não perdem o semestre e ainda seguem a recomendação do governo de evitar aglomerações. Além disso, pontua benefícios a saúde mental. “Estamos fazendo algo e sendo produtivos em vez de isolados pensando somente no que é ruim”, justifica.
Graduanda do quarto semestre de biomedicina no Iesb, Isabel Azar, 19 anos, diz não perceber prejuízos com o ensino remoto. "Eu percebo que as aulas estão sendo mais produtivas e diretas. Considerando que estamos vivendo uma pandemia, para não haja interrupção dos estudos, a decisão da faculdade era a única opção", diz.
Segundo Isabel, outro ponto positivo que deve ser levado em consideração é a prevenção ao desemprego dos profissionais. "A educação remota evita que matrículas sejam trancadas ou canceladas. Isso traz possibilidade para que a faculdade mantenha a estrutura e não haja necessidade de demitir professores que vivem dessa renda", explica.
O aluno do terceiro semestre de odontologia, também do Iesb, Diel Carvalho, 29, concorda que manter as aulas de forma on-line é uma decisão correta. "A gente não pode parar. Com as novas tecnologias conseguimos manter o ritmo por enquanto", relata. Para Diel, o aprendizado acaba sendo um pouco prejudicado com a situação. "O curso foi projetado para ser presencial e teve que ser adaptado", explica.
Atividades práticas
A principal perda é em relação às atividades práticas devidas. Entretanto, ao analisar a situação com o contexto de isolamento para prevenir a pandemia do Covid-19, Diel Carvalho se diz satisfeito com o empenho dos professores. "Eles estão mandando bastante conteúdo teórico para a gente. Disponibilizaram livros e artigos. Isso ajuda o aluno a desenvolver a expertises da matéria", afirma. O estudante ressalta que as matérias que precisam ser presenciais foram adiadas e o conteúdo teórico está sendo adiantado, para que assim o semestre não seja perdido.
Saiba Mais
Assim como Diel Carvalho, a aluna do Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos (Uniceplac) Caroline Diniz, 22, faz odontologia. A graduanda do nono período ainda não começou a ter aulas virtuais, mas tem altas expectativas.
O início efetivo das atividades on-line está marcado para esta quarta-feira (25). Ela conta que mantém contato com os professores da instituição desde que as aulas foram suspensas para tirar dúvidas do conteúdo passado anteriormente.
As aulas do Uniceplac serão feitas em plataformas digitais e auxiliadas por aplicativos que permitem a interação do aluno com o educador. “É a melhor alternativa dentro de tudo isso que estamos vivendo. Nos mantemos conectados com os professores e mesmo assim privilegiamos a saúde de todos”, opina Caroline.
As atividades virtuais no LS Educacional estão sendo feitas desde publicação da portaria do MEC. Segundo a aluna Nicolle Cristen Paiva, que está no terceiro semestre de enfermagem, as transmissões ao vivo dos professores ocorrem no horário da aula presencial, além da disponibilização de conteúdo em outras plataformas.
A estudante conta que a faculdade incluiu o colegiado no processo de adaptação e todos estão colaborando da melhor forma possível. Para ela, o desempenho nas matérias teóricas é algo pessoal de cada um. “Se você for um aluno focado vai aprofundar no conteúdo lendo, buscando artigos, cursos on-line, etc”, afirma.
Já as atividades que necessitam de um amparo presencial serão adiadas para quando a normalidade for restabelecida.
Educação básica
No colégio Sigma, as aulas on-line começaram nesta segunda-feira (23). A escola criou um programa para disponibilizar roteiros de estudo para todas as disciplinas, com leitura, indicação de vídeos e/ou podcasts, tarefas e gabaritos. “É mais que uma aula”, garante o professor de redação Eli Carlos Guimarães.
Segundo o professor, em princípio não há prejuízo a aprendizagem, desde que haja uma rotina de estudos efetiva por parte do aluno e suporte da escola. “Temos de entender que a distância física não impede que estudante e professor estejam conectados trabalhando”, pontua.
Arthur Pereira Cardoso faz o terceiro ano do ensino médio no Sigma. Apesar de sentir o impacto da falta do acompanhamento presencial, ele afirma que a metodologia adotada pelo colégio supre parte do que está sendo perdido. “Agora que nós estávamos começando a engrenar nos estudos. Esse ‘recesso forçado’ quebrou um pouco a nossa rotina e manter o ritmo é muito importante”, diz.
Outra vantagem apontada por Arthur é a ocupação da mente durante o isolamento. “O estudo ajuda a aliviar esse tédio que muitas pessoas estão começando a sentir por ficar dentro de casa tanto tempo”, ressalta.
Para o professor Eli, a família tem um papel fundamental nessa nova rotina, no sentido de acompanhar os filhos. “Todos estamos aprendendo: pais, filhos, professores, orientadores educacionais, diretores”, conclui.
*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá.
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