Estudantes, professores e servidores de todos os estados do Brasil promovem ato na manhã desta sexta-feira (12) na Esplanada dos Ministérios. A passeata, cujo teor é por mais empregos e contra os contigenciamentos das universidades públicas e a reforma da Previdência, também faz parte da programação do 57; Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), que ocorre até este domingo (14), na Universidade de Brasília (UnB) e no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.
Segundo a UNE, a manifestação reúne 20 mil pessoas, mas a Polícia Militar não está divulgando a estimativa de público. A concentração do ato começou às 10h e, por volta das 13h, os manifestantes chegaram ao Congresso Nacional, onde se concentram no gramado em frente à Alameda das Bandeiras. Além de membros da UNE, estão na organização militantes da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) e do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), além de outras organizações sindicais e movimentos estudantis.
A sessão da votação da reforma da Previdência retornou ao plenário da Câmara dos Deputados ao final desta manhã. A expectativa do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ) é que o segundo turno termine hoje.
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Durante todo o ato, as seis faixas do Eixo Monumental estiveram fechadas, nos dois sentidos. Os manifestantes começaram a se dispersar por volta de 13h40, quando as vias foram liberadas.
Ingrid de Sá, 24 anos, Vitória Heloísa de Oliveira, 18, e Lais Grazielle, 20, são militantes da organização Afronte. Elas vieram de São José dos Campos, São Paulo, para o Congresso da UNE. ;A gente tem que lutar para derrotar esse governo, que só tem fraude e mentira;, diz Vitória. ;Os estudantes devem se unir, porque somos muitos e podemos derrotar esse governo. Isso que me motiva. Essa galera que quer ; e vai ; mudar o Brasil;, completa.
;A gente constrói a tese ;juventude sem medo;, defendida por varias entidades, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e a Primavera Socialista. Viemos defendê-la no Conune;, explica Ingrid. Para Laís, o ato é uma forma de lutar pela educação, contra a Reforma da Previdência e contra o pacote anticrime. ;É uma união muito grande e importante de estudantes do país inteiro.;
Adriana Stella, 37, veio como um dos representantes da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra). Ela atua como técnica-administrativa na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). ;Nossa federação está na luta contra os cortes e contra a Reforma da Previdência;, afirma.
Professores filiados ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) também estão presentes. É o caso de Caroline Lima, professora de história da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). ;Nós construímos esse ato em defesa da previdência social, da assistência social e a favor da aposentadoria;, diz.
Ellen Luiza Gomes de Aráujo, 54, está no 7; semestre de saúde coletiva na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Ela está em Brasília para participar do Conune e compareceu ao ato no Museu Nacional.
;Vim para protestar contra a reforma e o corte de gastos. Na minha idade, eu sei a importância da educação e não quero que os brasileiros façam como eu fiz ; demorem tanto para entrar em uma universidade.;
Guilherme Boulos, que foi candidato à Presidência nas últimas eleições pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), falou sobre os ataques à educação. ;Nós temos um governo que é contra a educação, não apenas porque faz cortes e ataca a sustentação das universidades públicas e dos institutos federais, mas porque defende uma educação domesticada. O governo não quer que a juventude seja formada para a vida, para a cidadania, com pensamento crítico. Quer uma educação que forme engrenagens para movimentar o mercado de trabalho.;
Boulos exaltou o educador Paulo Freire e a inclusão social na educação. ;Estamos aqui para defender a educação de Paulo Freire, para defender negros e negras na universidade, defender cotas, defender assistência social. Também estamos aqui para dizer que o que se passa dentro da Câmara está sendo visto pela sociedade e quem votou por essa Reforma vai pagar o preço. Temos hoje um canalha, um sem vergonha na Presidência da República, e a casa começou a cair. Eles ainda têm força, mas não a mesma, a popularidade está caindo", disse.
A ex-candidata à Presidência pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) Vera Lúcia afirmou que o ato demonstra a união "de Norte a Sul desse país, onde se juntam estudantes e trabalhadores da cidade e do campo para denunciar o crime que está em percurso no Congresso Nacional (a reforma da Previdência) por um governo reacionário.; Ela continuou: ;esse governo não é nosso. Esse Congresso não é nosso. Se fossem, estaríamos aqui comemorando melhorias para a classe trabalhadora.;
A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) Gleisi Hoffman também discursou aos manifestantes. ;Nós precisamos dos estudantes com sangue nos olhos, com faca nos dentes, com vontade de lutar nas ruas desse país. Não esperem que saia do Congresso qualquer medida a nosso favor;, disse. ;O povo brasileiro ainda vai chorar muito por esse desmonte, mas é nos momentos difíceis, nos momentos de luta, que reunimos forças pra lutar."
Confira cobertura do ato:
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*Estagiárias sob a supervisão de Ana Sá.