As controvérsias públicas em que o ministro Ricardo Vélez se envolveu, aliadas a uma briga ideológica nas entranhas do Ministério da Educação parecem ter instalado uma confusão sem fim na pasta. Enquanto se discutem questões internas e pessoais, políticas importantes estão paradas. Em outubro, estão previstas as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Esta será a primeira vez que a prova do segundo ano avaliará o que está na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Outros programas que aguardam a sinalização e a atenção do governo é a reforma do ensino médio e o Plano Nacional da Educação (PNE), considerado o carro-chefe da pasta.
[SAIBAMAIS]Nos bastidores, o apoio ao ministro vem estremecendo com uma coleção de crises causadas por ele mesmo, como quando, em uma entrevista, afirmou que a universidade não é para todos. ;As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica;, disse. Pouco tempo depois, o ministro se envolveu em outra polêmica, dessa vez com uma carta enviada às escolas, no fim de fevereiro, pedindo que o slogan de campanha de Bolsonaro fosse lido para as crianças e que elas fossem filmadas cantando o Hino.
Por fim, Vélez recuou e pediu que o ministério retirasse o trecho do slogan e afirmou que ;percebeu o erro; de inserir o mesmo na mensagem. A iniciativa foi criticada por professores e entidades educacionais e a pasta também desistiu de pedir os vídeos, alegando razões técnicas.
O MEC se vê envolto em uma briga ideológica e disputa entre militares e técnicos. Em meio a frequentes reuniões com Bolsonaro, Vélez foi obrigado a demitir auxiliares, após embate com o filósofo Olavo de Carvalho, responsável pela indicação do próprio ministro.