Ingrid Soares
postado em 12/03/2019 19:53
O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, demitiu, na tarde desta terça-feira (12/3), o número dois da pasta, o secretário-executivo Luiz Antonio Tozi. É mais uma das demissões que ocorrem no MEC por conta de disputas internas. Seis funcionários da pasta ligados ao filósofo Olavo de Carvalho foram afastados na semana passada e passaram a criticar Tozi, que tinha perfil técnico.
Em uma postagem no Twitter, Vélez disse que a decisão dá sequência a "mudanças necessárias". Em seguida, agradeceu Tozi pelo trabalho prestado no MEC e anunciou a transferência do cargo para Rubens Barreto da Silva, que foi nomeado recentemente para o cargo de secretário-executivo adjunto, depois que Eduardo Melo foi exonerado.
Na segunda-feira (12/3), Olavo pediu a demissão de Tozi nas redes sociais. Em seu perfil do Facebook escreveu: "O ministro Vélez deu um sinal de compromisso com o projeto que o colocou lá e com a vontade popular ao demitir o coronel Roquetti, mas precisa concluir a limpeza e tirar todo mundo que foi colocado lá pelo Roquetti. Diante de uma operação de infiltração como essa, ninguém pode ser poupado. É preciso mandar todos para a rua, a começar com o tal Tozi, que estava capitaneando a operação com o Roquetti".
[SAIBAMAIS] Roquetti era próximo de Vélez e disputava o poder com os chamados "olavistas". Na segunda-feira (11/3), em edição extra do Diário Oficial da União, seis funcionários do alto escalão do Ministério da Educação foram exonerados: Tiago Tondinelli (chefe de gabinete do ministro da Educação); Eduardo Miranda Freire de Melo (secretário-executivo adjunto da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação); Ricardo Wagner Roquetti (coronel que atuava como diretor de programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação);Claudio Titericz (diretor de programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação); Silvio Grimaldo de Camargo (assessor especial do ministro da Educação) e Tiago Levi Diniz Lima (diretor de Formação Profissional e Inovação da Fundação Joaquim Nabuco).
Memso após se envovlver em uma série de polêmicas, nesta terça-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que Vélez Rodríguez continua à frente da pasta. "Continua. Ele teve um problema com o primeiro homem dele. Mas está resolvido".
Profissionais da área e entidades educacionais têm reclamado que as constantes crises e desavenças, em que o MEC tem se envolvido, prejudicam a rotina diária da pasta e podem travar políticas importantes.
No fim da tarde desta terça-feira (12), o ministro Vélez se pronunciou, no Twitter, após a demissão de Tozi e afirmou que está 100% alinhado com o Planalto e que "agora mais do que nunca focados na real mudança da educação no país...Seguiremos com a Lava-Jato da Educação", concluiu.
Em nota, o MEC afirmou que as movimentações de pessoal e de reorganização administrativa, levadas a efeito nos últimos dias, em nada representam arrefecimento no propósito de combater toda e qualquer forma de corrupção" e que "ademais, envolveram cargos e funções de confiança, de livre provimento e exoneração". A pasta afirmou ainda que "continua firme no propósito de dar prosseguimento aos trabalhos" de "apuração de indícios de irregularidades no âmbito da pasta".
Carta
Uma mensagem enviada, no fim de fevereiro, provocou reações negativas entre educadores, pais e estudantes por pedir que a execução do Hino Nacional fosse filmada e enviada à pasta. Uma carta que citava o slogan de campanha do presidente Jair Bolsonaro, depois adotado pelo governo: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos" também deveria ser lida aos alunos.
Em seguida, pediu-se que os vídeos fossem encaminhados por e-mail ao MEC e à Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República. A carta recomendava ainda que os vídeos tivessem até 25MB acompanhados do nome da escola, número de alunos, de professores e de funcionários.
De acordo com o MEC, após o recebimento das gravações, seria feita uma seleção das imagens com trechos da leitura da carta e da execução do Hino Nacional para eventual uso institucional. A atividade faria parte da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais.
Grande parte da categoria educacional defendeu que o ambiente escolar deve estar imune a qualquer tipo de ingerência político-partidária e que as crianças não devem ser filmadas sem a devida autorização dos responsáveis. A pasta recuou e, alegando razões técnicas e dificuldades de armazenamento de material, enviou uma terceira carta às escolas, pedindo que as outras correspondências fossem desconsideradas.