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Secretaria de Educação vai produzir livros didáticos para escolas do DF

A ideia da pasta é criar material que possa se complementar com plataformas digitais. Entretanto, 15 mil alunos ainda não receberam sequer os livros básicos para o ano

A Secretaria de Educação anunciou, nesta semana, que vai produzir material didático próprio para a rede pública de ensino do Distrito Federal. Serão livros de ciências, português e matemática escritos e revisados por um grupo de 50 professores vinculados à pasta. Eles começarão a se encontrar em março no Centro de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação para a criação do material.

A proposta da Secretaria de Educação é criar um livro que se complemente a plataformas digitais, como um movimento para a ;plena informatização das escolas públicas;. Segundo o secretário de Educação, Rafael Parente, os novos livros didáticos não vão substituir os livros entregues pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
;O livro que vem do FNDE não é o único utilizado nas escolas públicas do DF. Na maioria, as escolas têm outros cadernos e apostilas que tratam de temas mais específicos. Queremos criar e desenvolver, aos poucos, um material didático que seja nosso e se torne o livro principal, norteador da educação pública do DF;, afirma Parente.

Professores da rede pública de ensino do DF que quiserem participar da produção do livro serão submetidos a um processo seletivo. Os trabalhos devem começar em março e a pasta estima que em abril o livro já esteja nas mãos dos alunos. ;Estamos firmando uma parceria para a impressão, diagramação e ilustração dos livros. Acredito que o tempo não é curto para um projeto ainda incipiente, que vai ser aperfeiçoado no decorrer do tempo, em outras edições;, destaca Parente.

Mestre em educação e professor do Departamento de Planejamento da Universidade de Brasília (UnB), Cleyton Hércules Gontijo considera pequeno o tempo para a produção do material, principalmente porque os professores terão de escrever e revisar o conteúdo em horários alternativos, por não serem liberados de sala de aula. ;É uma ideia boa. Toda ação que procura contextualizar a prática de ensino com a realidade do aluno é louvável. Mas é preciso muito cuidado, o tempo para uma produção dessas costuma ser extenso, pelo menos seis meses;, acredita.

Os custos para a produção deste material serão bancados pelo próprio orçamento da Secretaria de Educação, e a pasta tenta conseguir a destinação de emendas parlamentares de deputados distritais para complementar a receita. Segundo a Educação, ainda não há custo previsto para a produção do material, tampouco se sabe a tiragem.

Faltam livros


Mesmo com um projeto de produzir novos materiais didáticos, 15 mil alunos da rede pública de ensino não receberam sequer os livros básicos neste ano. O FNDE, responsável pelo repasse do material, enviou ao DF, em 2019, a quantidade de livros referente à quantidade de alunos matriculados em 2017. Isso acontece porque os dados atualizados do Censo Escolar na época da compra eram de dois anos antes, quando a rede pública tinha menos alunos que hoje.

Na tentativa de resolver o problema, a Secretaria de Educação tenta remanejar livros entre as escolas para que todos os alunos tenham o material em até duas semanas.;Acreditamos que não temos livros suficientes, mesmo entregando o material que tenha sobrado em algumas escolas para as unidades que faltam. Já recorremos ao FNDE para a compra de novo material, mas não temos prazo para a entrega. Infelizmente, prejudica sim a aprendizagem, mas entregamos material complementar para os alunos nessa quarta-feira (ontem) e os professores estão se adequando;, conta Parente.