O Centro Educacional (CED) 7 de Ceilândia está realizando a votação para decidir se aceita ou não proposta de intervenção militar na instituição nesta quinta-feira (7). O plebiscito é até às 20h. Essa é a última escola, das quatro escolhidas, que falta aceitar o projeto de gestão compartilhada entre as pastas de Segurança e Educação do Governo do Distrito Federal (GDF). Só vão aderir à parceria os colégios cuja comunidade acadêmica aceite o formato.
O CED 1 da Estrutural, o CED 308 do Recanto das Emas e o CED 3 de Sobradinho já aprovaram o modelo em votação entre alunos, pais, servidores e professores.
A primeira reunião sobre o assunto no CED 7 de Ceilândia ocorreu na terça-feira (5), ocasião em que professores e alunos se mostraram desfavoráveis a ideia, no entanto, os pais aprovaram o projeto. No encontro, a comunidade escolar assistiu a uma apresentação a fim de entender o modelo.
Agora, a comunidade escolar deverá votar oficialmente nesta quinta-feira (7). Poderão votar os alunos maiores de 18 anos, todos os pais ou responsáveis com filhos matriculados na escola (um voto por família), professores e servidores.
Nas redes sociais, a professora de artes Daniela Santos reclamou da forma como o projeto foi apresentado. "Nós não vamos aceitar essa forma arbitrária como foi feita a militarização da escola. Nós não fomos consultados em nenhum momento. Nós não somos contra a educação militar, o que acontece é que não queremos que tomem o nosso espaço da maneira que foi feito. Exigimos respeito e que tudo seja feito de forma clara. Espero que mantenhamos a luta", afirmou.
Caso a escola não aceite a militarização, Mauro Oliveira, assessor especial da Secretaria de Educação (SEEDF), encarregado pelo projeto, informou que há várias escolas que desejam participar da iniciativa. Para aderir ao projeto, os critérios seriam os mesmos que elegeram as quatro escolas iniciais, que levam em conta:
; Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador da qualidade do ensino no Brasil;
; IDH, índice medido anualmente que tem como base indicadores de saúde, educação e renda;
; Mapa da violência local;
; E a estrutura das escolas.
Entenda o projeto
Por determinação do governador do DF, Ibaneis Rocha, quatro escolas da rede pública da capital federal receberão militares. Seriam entre 20 a 25 policiais militares ou bombeiros da reserva ou que tenham restrição médica para estar nas ruas, em cada uma. Eles ficariam responsáveis pela parte burocrática e de segurança, como o controle de entrada e saída, horários, filas e aulas de ética. Os professores continuariam com a parte pedagógica. As novas regras também preveem que os estudantes tenham que usar farda.
O governador disse que, até o fim do ano, pretende reproduzir o modelo em outras 36 instituições de ensino públicas. ;Esse ensino de excelência dado nas escolas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros tem de ser estendido a todas as nossas escolas do DF. Esse, para mim, é um compromisso, pois é o terceiro maior problema que temos no DF, a formação das nossas crianças;, afirmou Ibaneis em janeiro, quando anunciou o projeto na Praça do Buriti.
De acordo com a SEEDF, o custo estimado do convênio será de R$ 200 mil por escola ao ano. A verba viria da Segurança, sem custo para a SEEDF.
O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro/DF) se posicionou contra o projeto. De acordo com representantes do sindicato, se o governo colocar mais recursos financeiros e mais 25 professores e orientadores em qualquer escola, o rendimento dos estudantes melhorará substancialmente. ;Prova disso são os institutos federais. Com menos investimento que as escolas militarizadas, mas com mais recursos que as escolas civis, elas conseguem um rendimento superior. Segundo o Ministério da Educação (MEC), os recursos dos IFs giram em torno de R$ 16 / ano;, diz em nota.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa