Jornal Correio Braziliense

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Aulas presenciais mediadas por tecnologia aproximam alunos

Centro Nacional de Mídias da Educação (CNME) deve ser implementado em 500 escolas até 2018. Mediação tecnológica permite que os estudantes interajam com professores e colegas de outros estados

A aplicação de aulas presenciais mediadas a distância é a nova proposta do Ministério da Educação (MEC), em parceria com a TV Escola e a Fundação Roberto Marinho. O Centro Nacional de Mídias da Educação (CNME) já foi implementado em 150 escolas públicas de ensino médio em 17 estados brasileiros e no Distrito Federal, beneficiando mais de 10 mil alunos.

Os estudantes das escolas participantes do projeto assistem às aulas diárias sobre temas como tecnologias e mundo do trabalho, ministradas por professores capacitados pelo MEC e pela Fundação Roberto Marinho, lecionadas do estúdio do CNME, atualmente instalado em Manaus, simultaneamente com alunos do Brasil inteiro. A aula permite que os estudantes interajam com professores e jovens de outros estados.

Iniciativa democratiza conhecimento, diz MEC

Diretora de apoio às redes de educação básica do MEC, Renilda Peres de Lima explica que o Centro Nacional de Mídias visa trabalhar a parte diversificada do currículo, com matérias eletivas que tragam conteúdos que atuam de forma interdisciplinar. ;É importante destacar que o centro de mídias não é educação a distância e, sim, uma educação presencial mediada por tecnologia. É uma ferramenta importante para a complementação da base curricular comum.;

Segundo Renilda, o principal objetivo da iniciativa é disseminar e democratizar o conhecimento, já que o projeto conta com professores de regiões diferentes e alunos de várias comunidades brasileiras interagindo em uma aprendizagem interativa. ;Graças a essa iniciativa, os alunos do país inteiro conseguem ao vivo, em tempo real, interagir e conhecer realidades diferentes de outras comunidades.; Outro ponto importante destacado pela diretora é a proposta de diminuição as barreiras, seja cultural, social, econômica ou geográfica.

Interação

Aluna da Escola Estadual Raymundo Sá, que fica em Autazes (AM), Samyra Nascimento da Costa, 17 anos, está concluindo o 3; ano do ensino médio e sonha em cursar odontologia na faculdade e conta que a inovação, além de mudar seu conceito de sala de aula, a ajudou a escolher a profissão que quer para o futuro. ;Quando tivemos a primeira aula, foi totalmente diferente e melhor do que pensei. Foi divertido e pudemos interagir com pessoas de outros estados.;


Para a jovem, que trabalha durante a manhã, estuda no turno da tarde e, à noite, frequenta as aulas do CNME. Ela admite que a rotina é cansativa, mas, por ser um projeto inovador, ela se sente motivada a frequentar mais a escola. ;Eu gosto mais da daqui. Temos a oportunidade de conhecer coisas novas e isso aqui é o futuro. Ter acesso a essa diversidade toda é muito interessante, porque a cada pergunta, se a gente responde uma coisa, eles já pensam de uma outra forma então é um aprendendo com o outro;, acrescenta Samyra.

Para Vilma Guimarães, Gerente Geral de Educação da Fundação Roberto Marinho e responsável pela formação dos professores, o CNME é uma revolução no sistema educacional e cultural brasileiro, já que, pela primeira vez, docentes e discente de todo o Brasil podem ter a oportunidade de se reconhecerem brasileiros sendo amazonense, pernambucano, baiano ou paulista. ;Essa é uma política que aproxima as culturas, seja ela educacional ou regional. Temos aqui 14 professores de vários lugares diferentes que deixaram suas salas de aula e suas casas, mas todo dia ele deixa de falar para uma turma de 30 alunos e passa a falar para centenas de estudantes do Brasil.;

Expectativa é de que projeto chegue a 500 escolas

Em uma experiência semelhante à vivida pelos alunos do CNME, o ministro da Educação, Rossieli Soares, em uma visita à Escola Estadual Orígenes Lessa, em Diadema (SP), falou com a imprensa. Soares reafirmou que a ferramenta serve como complemento para a educação básica e não veio para substituir o professor e a escola.

O ministro disse, ainda, que a expectativa é de que no próximo ano o projeto chegue em 500 escolas por todo o Brasil. ;No entanto, as adesões dependem dos estados e das escolas. Mas, além disso, oferecemos a possibilidade do aluno acessar aos vídeos das aulas de qualquer lugar acessando nosso aplicativo gratuitamente com internet patrocinada, graças à uma parceria com as operadoras;, acrescentou.

O orçamento inicial destinado ao Centro Nacional de Mídias da Educação, segundo Rossieli Soares, foi de R$20 milhões. Para o próximo ano, estão previstos cerca de R$ 40 milhões e o MEC trabalha com a possibilidade de transferir o estúdio do CNME para Brasília.


* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

** A repórter viajou a convite do Ministério da Educação e da Fundação Roberto Marinho