Jornal Correio Braziliense

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4º encontro de edtechs Brasília discute inovações na educação brasileira

50 startups de educação se encontraram para debater formas de inovar no ensino nas escolas

Representantes de cerca de 50 startups de educação (as chamadas edtechs) e de instituições de ensino participaram, na manhã desta terça-feira, do 4; Edtech Meetup Brasília, na Casa Thomas Jefferson, na L2 Norte. O evento, organizado pela empresa Estudologia, discutiu o tema "inovação nas escolas". As startups apresentaram projetos em áreas, como personalização de ensino, gameficação, plataforma multilaterais, escolas on-line, educação empreendedoras, plataformas EAD e muito mais. Nos estandes, os representantes das edtechs tiveram oportunidade de apresentar seus projetos.

O encontro teve como palestrantes dois expoentes em inovação educacional no Brasil: Luciano Meira, professor de psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Felipe Anghinoni, fundador da escola de atividades criativas Perestroika. Luciano abordou em sua fala técnicas de inovação no ensino. ;A transformação da educação é um movimento da sociedade. Enquanto não fizermos isso, teremos apenas experimentos e isso não causará transformação em rede, não na velocidade e volume que é preciso;, explica. O professor disse que, para isso acontecer, é necessário que as escolas tenham líderes para coordenar essas transformações. ;Grupos ou pessoas que energizem essa conversão. Para isso, é necessário que os gestores das redes de ensino permitam a iniciativa;, alertou.

De acordo com o professor da UFPE, o modelo atual de aula não é ideal, pois não consegue ser eficiente, já que não há aprendizado real. ;Atualmente, 70% dos cursos profissionais são apresentação de conteúdo, não tem a parte prática no currículo, o que é impensável em se tratando de capacitação.; Para o professor, as escolas precisam começar a repensar os métodos de exposição de ensino. ;Um exemplo eficaz é uma escola pública dos Estados Unidos, em San Jose, na Califórnia. Lá, 99% dos alunos de baixa renda ingressam em universidades de ponta da região;, ressalta Luciano. O palestrante explica que a instituição não tem aulas tradicionais. Foi criado um sistema em que o aluno notifica o monitor sobre o conteúdo em que tem dificuldade. Ele vai para uma sessão de exercícios presencial apenas daquele tópico.

O docente mostrou, entretanto, que a realidade brasileira é diferente. As escolas públicas, por exemplo, não têm recurso para implementar esse tipo de sistema. ;Mesmo sem dinheiro para comprar computadores, os estudantes brasileiros usam smartphones. O celular pode ser usado para inovações em sala de aula, mas vai demandar logística e esforço para funcionar corretamente;, ressalta. Como o smartphone é de uso pessoal, a escola não precisa investir dinheiro, mas a solução vai exigir a presença de especialistas em smartphones e aplicativos de mensagem. Além disso, será necessário um profissional que possa fazer a ponte entre a inovação e a proposta pedagógica da escola. O professor Luciano Meira também ressalta que o governo não deve focar em melhoria no índice de pesquisas. ;O propósito da educação não pode ser nunca a melhoria de números, mas da qualidade de vida das pessoas, do aprendizado.;

O termo edtech é o acrônimo de education %2b technology (educação tecnologia), startups que tratam de educação, mais especificamente. A organizadora do evento e integrante da edtech Estudologia, Nathalia Kelday, lembrou como esse tipo de encontro surgiu: ;Tenho uma startup e convidei duas edtechs amigas para ensinar o que eu tinha aprendido durante a capacitação. Como estava tudo organizado, resolvi mostrar isso para fora e, quando notei, 30 pessoas estavam no grupo de WhatsApp;, explica Nathalia. ;Acabamos chamando a atenção de um coordenador de curso do Centro Universtiário Iesb, que nos ajudou. O primeiro encontro ocorreu com a participação de 10 edtechs.; A partir daí, o movimento começou a ganhar força. Na segunda edição, 22 empresas participaram.


Nathalia Kelday revela que, em Brasília, como ocorre muitos concursos, as edtechs acabam sendo ligadas a essa área, como é o caso das empresas Rota dos Concursos e Mapa da Prova. ;Além desse segmento, tem algumas ligadas à tecnologia que desenvolveram soluções para as instituições de ensino.; A empresária cita que algumas startups têm crescimento rápido, como foi o caso das empresas Colméia e a Go Educa, mas que nem todas têm essa sorte. ;A taxa de mortalidade de startups, em geral, é alta. Entretanto, as sobreviventes ficam entre as maiores empresas, com grandes lucros;, assegura.

O que é uma startup?

As startups são empresas que possibilitam produção de difusão de produtos em larga escala de uma forma diferente do método tradicional. ;Imagine uma padaria, para aumentar o alcance de vendas é preciso criar outras unidades. Uma startup tem uma grande cobertura com apenas uma sede porque ela cria um sistema que possibilita esse cenário;, explica a organizadora do evento.

*Estagiária sob a supervisão da editora Ana Sá