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Ideb 2017 aponta índices satisfatórios apenas no início do fundamental

Publicados hoje, os resultados mostram que o fundamental 2 e o ensino médio atingiram 4,7 e 3,8 pontos, abaixo das projeções. Distrito Federal está entre os oito estados que foram destaque

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O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) divulgou, nesta segunda-feira (3), os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2017. Trata-se do levantamento mais importante de avaliação do ensino fundamental e médio do país. Os dados são calculados por meio do cruzamento das taxas de aprovação ; medidas no Censo Escolar 2017 ; com os desempenhos dos alunos no Saeb 2017, divulgados na última quinta-feira (30). Este leva em conta provas de matemática e língua portuguesa, aplicadas em todo o país.

O Ideb aponta que somente o fundamental 1, que vai do primeiro ao quinto ano, apresenta resultados satisfatórios acima da meta estabelecida pelo governo federal. A média geral das notas obtidas pelo fundamental 1 foi de 5,8 pontos, acima da projeção do governo, de 5,5. Em todos os 26 estados e no Distrito Federal, a média das notas nessa faixa de ensino ; que inclui escolas privadas, estaduais e públicas ; superou o desempenho de 2015.

Os dados do fundamental 2 (do sexto ao nono ano) e do ensino médio demonstram, porém, que o ensino brasileiro continua patinando em termos de qualidade. Eles atingiram 4,7 e 3,8 pontos, respectivamente.

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As projeções eram de 5 pontos para o fundamental 2 e 4,7 para o ensino médio. Os resultados repetem o ano de 2015, quando apenas estudantes do primeiro ao quinto ano superaram as expectativas do governo. Nas escolas municipais, apenas sete estados cumpriram a meta do Ideb para o fundamental 2. No total de escolas das redes públicas, apenas 23,9% dos municípios cumpriram as projeções. Os estados com menor número de municípios cumpridores das projeções foram Pará (1,4%) e Rio de Janeiro (3,3%).

Solução não é reprovar, diz ministro

O ministro da Educação, Rossieli Soares, lamenta os dados apresentados, que classificou como "vergonhosos", mas pontua que a ânsia por reprovação como solução, posta por alguns setores da sociedade, precisa ser relativizada. "Um dos dados mais vergonhosos do MEC são os de reprovação e abandono nos ensinos fundamental e médio. Se a criança não aprende na escola, naquele momento, a chance de não seguir adiante é gigantesca. O fluxo vem da própria aprendizagem", afirma.

Falar de fluxo, para ele, é não perder ninguém ao longo da trajetória escolar. "O Brasil precisa olhar para a aprendizagem dentro da escola. Se não for reprovado, vai ser mais difícil deixar a escola. Ele tem que aprender. A solução não é reprovar, mas combinar a aprendizagem com o fluxo e dar suporte aos estudantes."

O ministro ressaltou que um dos principais desafios da educação do país está na formação dos professores. Em nenhuma das disciplinas e anos, o total dos docentes que atuavam nas escolas tinham licenciatura na área na qual atuava.

Rede pública do Distrito Federal figura entre as melhores

Sem a rede privada, o Ideb do Brasil, nos anos iniciais do fundamental, é 0,3 ponto abaixo da última edição. Apesar disso, o país superou a meta proposta e atingiu 5,5 em 2017. Se postos em perspectiva mais ampla, de 2005 (primeira edição do Ideb) até aqui, os números tiveram aumento de 1,9 ponto.

No ranking do fundamental 1, a rede pública do Distrito Federal fica em 6; lugar no país, com 6 pontos, perdendo apenas para os estados de São Paulo (líder, com 6,5 pontos), Ceará, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. As médias gerais do Distrito Federal, incluindo públicas e particulares, foram de 6,3 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental, 4,9 nos anos finais e 4,1 no ensino médio regular.

No ensino fundamental 2, em três estados houve estabilidade nos resultados e, em apenas um, foi registrada queda na pontuação. Curiosamente, a quantidade de estados que supera resultados nacionais é menor no ensino fundamental 1 em relação ao médio. Do primeiro ao quinto ano, 12 estados não atingiram média superior à do país.

Segundo o Ideb, 71% das escolas da educação básica (131,6 mil) oferecem alguma etapa do ensino fundamental. Destas, 115,4 mil oferecem os anos iniciais. Cerca de 40,7% dos estabelecimentos que oferecem anos iniciais tem 50 alunos e apenas 3,7% têm mais de 500. Há 15,3 milhões de alunos que frequentam os anos iniciais do fundamental. A rede municipal tem 68% do total de matrículas nos anos iniciais. Mais de 83% são de alunos da rede pública.

Ensino médio avançou timidamente e segue abaixo do esperado

Mas é no nível médio onde a qualidade do ensino destoa mais. Nessa faixa do ensino, o país não cumpre as metas desde 2013. A nota padronizada saiu de 4,36 em 2005 para 4,51 em 2017. "Temos um claro desafio de melhora para a aprendizagem dos nossos jovens, mas o ensino médio, em especial, não acompanha a média dos demais e é o que se sai pior", disse o ministro. Em números gerais pelo país, o Ideb do ensino médio avançou 0,1 ponto em 2017, resultado ainda insuficiente e abaixo das metas estipuladas pelo próprio Inep.

"Os dados mostrados põem a urgência de aplicar novos métodos no ensino médio, sair da simples denúncia e partir para a luz da ação", apontou Kátia Smole, secretária de Educação Básica do Ministério da Educação.

Consolidação do Ideb e elaboração da BNCC

Ainda no ensino médio, o Espírito Santo é o estado com o melhor desempenho no país, somando 4,4 pontos. Na rede estadual, o ensino médio avançou apenas em dois estados, Pernambuco e Goiás. O Distrito Federal seguiu a média nacional de aumento de 0,1 ponto. Entre as escolas particulares, o ensino médio do DF figura em 4; lugar, com 6 pontos, atrás apenas de Santa Catarina (6 pontos), Espírito Santo (6,1) e Minas Gerais (líder, com 6,3 pontos).

O ministro acredita que consolidação do Ideb como principal e mais completo índice da educação é fundamental na melhora da educação. ;O MEC tem grande responsabilidade sobre todos os resultados - bons ou ruins. Melhoramos a qualidade dos indicadores e o Ideb é o principal deles. Avançamos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mesmo que ainda estejamos em discussão, mas não dá mais para ficar com um carro desgovernado sem saber onde queremos chegar."

Quanto à BNCC, o ministro disse que tem sido um grande trabalho Brasil afora. "Este é e será um marco importante para a educação do país, porque nela se discute, efetivamente, o regime de colaboração com olhar pedagógico para a reformulação dos currículos. O MEC tem apoiado financeiramente a elaboração. Todos os estados têm participado, há conselhos formados por professores e técnicos para ajudar na produção dos currículos."

Metas para 2021

O Ideb calcula a qualidade do ensino brasileiro em cada ente federado e unidade escolar. Todos têm uma meta a atingir em um levantamento feito a cada dois anos. O indicador é composto pela taxa de rendimento escolar (aprovação) e as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Inep. Publicado bienalmente, o Ideb projetado para 2021 espera que a média nacional alcance 5,2 pontos.

No fundamental 1, a meta é cumprida desde a primeira edição do exame. Para 2015, a meta estipulada era de 5,2 e a etapa alcançou 5,5. No fundamental 2, a meta foi descumprida pela primeira vez em 2013. "Nos afastamos cada vez mais. A meta de 2017 era de 4,7. O Ideb foi de 3,8 ; quase um ponto de diferença. Hoje, a chance de cumprirmos as metas estabelecidas para essa faixa de ensino é nula. Não cumpriremos a meta para 2021 e, arrisco a dizer, nem em uma década", lamentou o ministro. ;Estamos apenas aumentando as desigualdades com esse modelo do ensino médio. Temos que encontrar um modelo que apoie a rede pública, de modo que todos os jovens aprendam", completou.

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