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Estudante do DF ganha concurso de desenho

Amanda Almeida, aluna de escola pública do Distrito Federal, se baseou na crise que assola o país para fazer o desenho. Em 2019, o projeto da estudante disputará premiação internacional

Escolhida entre 100 alunos de escolas de todo o país, a estudante Amanda Almeida, 16 anos, ficou em terceiro lugar na categoria de 13 a 15 anos no Concurso de Cartografia para Crianças. Com o tema Nós amamos mapas, a premiação foi instituída para comemorar o Ano Internacional do Mapa e serve também como homenagem à professora Lívia de Oliveira, pioneira em pesquisas de cartografia escolar no país. Em 2019, o desenho da estudante concorrerá a prêmio internacional, no Japão, além de ser exposto no Colóquio de Cartografia Escolar na Universidade de São Paulo (USP).
O concurso do qual Amanda participou é organizado pela Sociedade Brasileira de Cartografia Geodésia, Fotogrametria e sensoriamento Remoto e Comissão de Cartografia para Crianças e Escolares. Entre os prêmios estão: diploma, medalha, atlas geográfico, livros educacionais, além de um diploma para o professor que coordenou a execução do desenho.

Foram selecionados pelo Conselho Assessor e Comissão Organizadora da disputa as três melhores ilustrações dentro de cada faixa etária, inclusive o de Amanda, que desenvolveu um desenho baseado, de acordo com ela, na corrupção do país.

A estudante do 2; ano do ensino médio do Centro Educacional 310 de Santa Maria (CED 310) revelou ao Eu,Estudante como surgiu a inspiração para o desenho: ;A professora de artes nos passou um trabalho em que tínhamos que desenhar um tema sobre a América Latina. Então, só consegui pensar em assaltos. Assim me baseei na realidade;, lembra. Ela não esperava tirar o terceiro lugar na competição, já que havia muitos concorrentes na disputa. A princípio, Amanda, que demorou uma semana para desenhar, pensou que fosse só mais um trabalho que valeria nota na escola.

Preocupada com a situação do país, a filha de uma confeiteira e de um mecânico sonha com um país com mais igualdade. ;No Brasil, tem muito assalto e as autoridades criam leis desnecessárias que, do meu ponto de vista, é só para tirar dinheiro da população. Um exemplo disso é a proibição do som automotivo, retratado em meu desenho;, afirma.

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A adolescente também quer viver um país melhor, com mais oportunidades de emprego e menos preconceito. ;É preciso investir em hospitais, além de uma melhoria nos lanches das escolas;, adverte. Segundo ela, as pessoas ficam se perguntando para onde vai todo o dinheiro dos impostos, pois pagam e não veem melhoria em nada, fato que também é retratado na ilustração dela.

Além disso, outra preocupação de Amanda é com a saúde. ;No meu desenho, tem uma ilustração do SUS (Sistema Único de Saúde), na qual relato que existem pessoas morrendo em filas, esperando para marcar uma cirurgia ou até mesmo uma consulta e, por causa da demora, acabam falecendo;, diz.

A jovem pretende fazer faculdade de direito e trabalhar na Polícia Civil. ;Eu escolhi essa área porque me identifico mais;, garante. Em 2019, o desenho dela concorrerá ao prêmio internacional Barbara Petchenik de Mapas Infantis, uma premiação oferecida pela International Cartographic Association (Associação Cartográfica Internacional), que ocorrerá em Tóquio. ;Espero que eu possa ganhar, mas, se não for possível, valeu muito meu desenho ter ido para outro país;, finaliza.

Docentes inspiradoras

A professora de geografia Vânia Souza relata a importância de a aluna ganhar a competição. ;Estou muito orgulhosa do trabalho da Amanda, ela foi bastante crítica no que desenvolveu. Os adolescentes de maneira geral, conseguem apresentar uma crítica de forma bem objetiva e interessante;, reconhece.

Rose Martins, que leciona a disciplina de artes, frisa a relevância da liberdade de expressão e criatividade dos alunos dela. ;A gente trabalha muito essas questões em sala de aula. Tentamos empoderá-los para que eles tenham mais autonomia de pensamento e de criação;, salienta.

Além do desenho de Amanda, outros três, do CED 310, serão expostos no Colóquio de Cartografia Escolar na Universidade de São Paulo (USP), previsto para ocorrer no segundo semestre deste ano. São os trabalhos das alunas Rebeca Furtado, Suyane Almeida e Samira Manzan, todas de 15 anos.

*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá